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André Ventura, no seu estilo elegante e rigoroso, resolveu, a propósito dos cem anos de Mário Soares, repetir baboseiras que há anos uma parte da sociedade diz sobre Mário Soares e o processo de descolonização.
O que disse é duplamente injusto porque está a aplicar a um tempo passado pontos de vista do presente (nisso se aproximando da lógica woke) e a concentrar em Mário Soares aquilo que foi uma opção colectiva: a de sacrificar a liberdade de guineenses, angolanos e moçambicanos à defesa da liberdade de portugueses.
Quanto às circunstâncias, o Estado português negociou numa posição de especial fraqueza porque as suas forças armadas se recusavam a combater o assalto dos países pelos movimentos de servidão (seria a altura de começar a chamar os bois pelos nomes, quer a história desses partidos e a forma como trataram a dissidência antes de 1974, quer o que fizeram depois, deveria impedir-nos de lhes chamar movimentos de libertação) que tomaram o poder pelas armas, sendo os supostos processos negociais com o Estado português meros formalismos.
Quanto à substância, o facto é que o problema maior não é o que é habitualmente é referido, a expulsão racista de milhares de pessoas, mas a entrega do poder a governos ilegítimos que usaram a força para subjugar os seus cidadãos.
Os retornados, mal ou bem, adaptaram-se, tiveram a sua liberdade garantida, foi-lhes permitido refazer a sua vida, nada disso justifica a injustiça que muitos sofreram (muitos apenas pelo crime de serem brancos), mas o facto é que essa injustiça foi um momento, muito doloroso para muitos, é certo, mas um momento.
Para os povos da Guiné, Angola e Moçambique a nossa dívida é muito maior: se os portugueses conseguiram impor a liberdade e a democracia aos partidos irmãos dos movimentos de servidão que pretendiam, em Portugal, impor regimes semelhantes aos que foram impostos nesses países, foi porque os portugueses não quiseram empenhar-se e gastar recursos a defender a liberdade na Guiné, Angola e Moçambique.
O que se passa hoje em Moçambique é o resultado, também, da nossa cobardia em 1974.
Essa é uma dívida pós-colonial que talvez devêssemos tentar começar a pagar não continuando a transigir, quer com a mitologia que os movimentos de servidão têm usado para se apresentar como exercendo um poder legítimo, quer com as práticas desses governos ilegítimos.
E já vamos tarde.
« Jean-Pierre Lacroix agradeceu “a generosa contribuição de Portugal com as tropas das forças especiais fortaleceu a capacidade de manutenção da paz da ONU para proteger as comunidades mais vulneráveis" e pelo seu significativo apoio às Operações de Paz das Nações Unidas e pelo serviço e sacrifício dos seus agentes militares e policiais destacados em todo o mundo sob a bandeira da ONU “sendo o país que mais agentes tem na Missão Multidimensional Integrada na República Centro-Africana, tendo também efetivos na Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul, na Missão Multidimensional Integrada no Mali e na Missão de Verificação da ONU na Colômbia. Lacroix reitera que a ONU agradece o serviço e o sacrifício das portuguesas e portugueses que servem em contextos perigosos e difíceis, longe dos seus entes queridos: “as tropas portuguesas têm demonstrado um elevado nível de profissionalismo e de dedicação e estamos profundamente gratos pelo seu contínuo serviço.”
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