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A discussão dos 25'os

por João-Afonso Machado, em 21.11.24

REVOLUÇÃO.JPG

Um oficial de alta patente, cuja identidade não revelo, contou-me um dia (sem pedir segredo) que nas vésperas do 25 de Novembro almoçara, num conhecido restaurante de Famalicão, com um grupo de civis nortenhos para preparar a defesa do que todos julgavam então iminente: uma iniciativa militar da Esquerda, talvez a guerra civil. Demos por assente que os ditos civis eram, todos eles, membros do "tenebroso" ELP, ou do MDLP de Spínola (que depois até foi marechal...).

Muito mais recentemente, confrontei o Gen. Pezarat Correia com este facto. E sempre sem revelar em público a identidade do oficial, forneci a Pezarat todos os dados curriculares que lhe deram a garantia de que eu sabia do que falava. Pezarat entupiu: na sua viciada comunicação nesse ciclo de conferências, concluía afirmando que o ELP tinha sido a derradeira manifestação terrorista em Portugal. Omitiu, pois, as FP/25; e não queria que se soubesse que a ala moderada do MFA (a do Grupo dos 9) dera a mão aos tais "terroristas" para vencer a Esquerda revolucionária.

Acresce, o oficial cujo nome não revelo, foi um eanista de alma e coração com quem discuti até á exaustão, eu um sá-carneirista convicto.

Ou seja, o 25 de Novembro limpou o 25 de Abril de todas as impurezas marxistas-leninistas e assegurou, entre muito mais, a efectividade da nossa liberdade e do direito a escolhermos livremente. Sem o 25 de Novembro, quiçá tivessemos de esperar pelo Muro de Berlim, para que cá a ditadura caísse também.

Agora (anteontem) o BE surgiu a anunciar, heroica e patrioticamente, na evocação dessa data - a única em que houve efectivamente combate entre militares, os Comandos e a PM do Major Tomé!!! - será representado apenas por um deputado, e só mesmo para deixar claro que discorda da comemoração...

O nédio Vasco Lourenço regrediu aos tempos do "Melena y Pá" para também se manifestar contra - porque, diz ele, quem festeja o 25 de Novembro são aqueles que o MFA queria pôr de lado. E oculta, assim, todas as manobras com os civis da Direita, bem explicáveis pelo facto de na outra margem do Tejo fervilharem os operários com as suas "boas mãos" armadas com as célebres G3 roubadas.

Tudo para dizer que falta ainda um "25". De que mês não sei; mas o que nos devolva a liberdade subtraída pelos wokes, a ditadura do "politicamente correcto", o modo habilidoso de acabar com a nossa cultura mesmo depois da ditadura do proletariado falir. Queremos poder continuar a gostar de caça, toiros, pesca, cavalos, corridas de galgos e quejandos; e não queremos esta opressão das palavras bem medidas sob pena de sermos acusados de homófobos, xenófobos, anti-ambientalistas, de sermos vítimas dessa nova fobia urbana e das manobras experimentalistas com que a Esquerda vai dando cabo da cidadania.


12 comentários

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De cela.e.sela a 21.11.2024 às 15:36

«na segunda impressão do Palito Metrico Generosos Leitores, posto quejos cobres que Vossas Mercês tão liberalmente desembolsaram na compra do Palito Metrico, foram distillados por taes alambiques, que ainda me não benzi com um real, comtudo sempre me confesso agradecido á boa intenção, com que me applicaram aquelle sufragio.
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De O apartidário a 21.11.2024 às 16:34

Do discurso de Spinola(o tal da maioria silenciosa)em 10 de Setembro de 1974,eis aqui:
 " A maioria silenciosa do Povo Português terá,pois,de despertar e de se defender activamente dos totalitarismos e extremismos que se degladiam na sombra,servindo-se das técnicas bem conhecidas de manipulação de massas para conduzir e condicionar a emotividade e o comportamento de um povo perplexo e confuso por meio século de obscurantismo político.Mas a consentir-se um clima anárquico de reivindicação incontrolada,em nítida ultrapassagem das responsabilidades aos diversos níveis e em clara usurpação de direitos alheios,o País mergulhará no caos económico e social,que só a sectores minoritários poderão aproveitar.
É chegado o momento do País acordar para a realidade que somos,para o que queremos ser e para o futuro de anarquia a que nos querem conduzir certos inspiradores políticos."
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De O apartidário a 21.11.2024 às 16:51

Não sei se conhece este livro (25 de Novembro-Anatomia de um Golpe) 


https://tradestories.pt/eu-ando-ler-livraria-alfarrabista/livro/25-novembro-anatomia-de-um-golpe
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De João-Afonso Machado a 21.11.2024 às 17:19

Conheço. Tem pontos de vista muito de levar em conta.
Obrigado.
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De O apartidário a 21.11.2024 às 19:40

Sugiro ainda o seguinte video,com análise pertinente à discussão sobre o 25 de Novembro e às reacções de partidos e comentadores (no caso num dos canais de tv)


https://youtu.be/O2ofmMqPp_U?si=3K72yLr1w7eRl2Qb
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De Silva a 21.11.2024 às 17:02

"...o 25 de Novembro limpou o 25 de Abril de todas as impurezas marxistas-leninistas"


Falso.
Aliás, é preciso estar completamente maluco para acreditar numa parolice dessas.
Já no 11 de Março, os comunas sabotaram a economia que ainda hoje sofremos as consequências disso.
Hoje o marxismo-leninismo está completamente "aggiornado" no PS e noutros partidos: está infiltrado na comunicação social, nas universidades, na função pública, nas próprias empresas com as agendas da Igualdade, etc.

Combater estas aberrações exige sobretudo vontade/coragem política e começa-se pela rápida implementação de reformas estruturais, a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seguindo-se outras reformas estruturais.



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De Bic Laranja a 21.11.2024 às 18:25

Bom ponto. Também quero continuar a gostar de caça e pesca, cavalos e corridas de toiros (ou só toiradas) &c. Gostar e desfrutar sem ser proscrito nem ostracizado (os estrangeirados dizem cancelado). Mas o 25 que falta já não é para mim. A mocidade que o faça, se ainda sobra alguma nessa massa tenra que é a «joventude».
Cumpts.


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De an a 21.11.2024 às 22:55


Sim, ainda falta um 25 que simplesmente coloque a cara dos candidatos no boletim de voto.

No outro 25 de Abril um comandante de tropas leais ao Governo de então comunicava, via rárdio, aos seus superiores que estava numa determinada zona de Lisboa rodeado de populares que fetejavam com as suas tropas a libertação e não sabia o que fazer. 
É ténue a posição política de uma magote de militares, civis ou deputados de um partido. Os partidos usam e abusam do colectivo, pois concorrem declarando-se de direita ou esquerda e depois, impunemente, incontroladamente, em magote, legislam sem respeitar compromissos assumidos perante os (ingénuos) eleitores.

Falta um outro fundamental 25, em que a sociedade civil reclame o direito de escolher, ou rejeitar, nominalmente o seu Deputado. Sem isso os políticos nunca serão nominalmente responsabilizados e sancionados pelos seus actos políticos. 
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De Francisco Almeida a 22.11.2024 às 14:30

Pessoalmente conheci diversos 25 de Novembro, ou melhor, diversas narrativas do truncado ao errado, ao que teria sido o 25 de Novembro mas, Deus me valha, faltava-me o 25 de Novembro de Famalicão.
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De João-Afonso Machado a 22.11.2024 às 15:02

É para que veja. Pensa que tudo se passa em Lisboa, mas de Rio Maior para cima é  que é. 
Não se preocupe a Reconquista é cíclica e histórica. 
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De Francisco Almeida a 22.11.2024 às 16:02

Não falo habitualmente dessas coisas mas a guerra civil de que se admitia a possibilidade em Famalicão esteve muito mais próxima do que se pensa e foi calado pelas várias narrativas do 25 de Abril. Com um vocabulário "aggiornato" eu fui um operacional de "low level" mas "multitasking". Tinha itinerários estudados de fuga de Lisboa quando esta caísse para a esquerda militar; controlava uma pequena rede de informação sobre actividades extraordinárias de cooperativas agrícolas da Reforma Agrária e mantinha contactos com um pequeno grupo de voluntários que ajudei a formar em Rio Maior.
Por isso o 25 de Novembro para mim teve três momentos. .
- Um primeiro de surpresa quando soube das operações militares em Lisboa, sem que antes os cabecilhas militares da Artilharia de Montemor se tivessem reunido com dirigentes das cooperativas, muito menos que a maquinaria agrícola destas estivesse a bloquear os cruzamentos. Isto é, que o PCP não desencadeara nem apoiara o que estava a decorrer.
- Um segundo, de ainda maior surpresa, quando soube que os Comandos estavam a dominar a situação e que nem os fuzileiros tinham saído nem sequer completado a ligação com o Ralis, E que nem a Artilharia de Queluz, entre outros dominados pela esquerda militar. tinham iniciado qualquer acitividade.
- Um terceiro, de mal contida raiva, quando ouvi Melo Antunes na televisão a declarar que o PCP era necessário à democracia portuguesa e a prometer severa punição a quem agisse sobre comunistas ou sedes do partido e do MDP-CDE.
Por acaso terá posteriormente perguntado ao seu conhecido de alta patente, porque é que o coronel Jaime Neves, em vez da mais do que merecida homenagem pública e, talvez mesmo a promoção por distinção ao generalato, pediu a imediata passagem à reserva e "desapareceu" para Trás-os-Montes?
Também não sei responder mas, se calhar, ressalvadas as diferenças e distâncias, não fui o único a sentir-se traído e enganado.
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De João-Afonso Machado a 22.11.2024 às 18:08

Julgo que assim lhe proporcionei duas coisas - 1.a  o exultante momento das suas memórias; 2.a a demonstração de como é possível  perceber tão nada do que foi dito sobre o 25. Nov.
Que no caso, e em suma, foi: houve civis nortenhos envolvidos e em contacto com militares do sul (Canto e Castro e os prtensos bombistas, talvez recorde. Pezarat em conferência a que assisti tentou branquear o assunto, mais tarde. Idem, hoje, com o BE e Vasco Lourenço. 


Diga-me sinceramente: é assim tão dificil de compreender?

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