Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A devassa, legítima prerrogativa da Justiça

por João Távora, em 07.03.25

Acho que já aqui o disse, mas não faz mal repetir-me: a política está uma coisa cada vez mais desagradável de seguir. É verdade que esteve bastante mais feia no período do PREC, mas a emergência que então se vivia, obrigava-nos a seguir os acontecimentos, mesmo que por vezes assustados. Hoje, a concorrência desenfreada dos inúmeros canais de notícias a transmitir “conteúdos” baratos em directo, ou seja, comentários repetitivos e previsíveis sobre o escândalo do momento, causa-me um enorme enfado. O problema é que o modelo de negócio das notícias capturou para a mesma lógica os partidos políticos, que de forma mais ou menos histriónica ou populista, num círculo vicioso, vão alimentando este circo infernal. Para mais, as pessoas mais interessantes de ouvir, que não gostam de insultos e berrarias, vão-se retirando desta ribalta contaminada – como os melhores na política.

Para um país cada vez mais disfuncional como o nosso, carente de tantas profundas reformas e de soluções de longo prazo (experimente-se andar de comboio, acorrer a uma urgência de hospital, ou a tantos outros serviços públicos) o fenómeno é dramático. A agressividade tóxica que vem invadindo o debate público, tornou-se numa cortina de fumo. Se por um lado isso aliena muitos dos protagonistas dedicados nesse jogo fatal, indiferentes às soluções quase sempre complexas, unicamente centrados em desqualificar o adversário, pelo outro afasta aqueles poucos que desinteressadamente resistem preocupados com a coisa pública.

Para todos esses, interessará saber que sucesso lhes reserva este estado de coisas, na sua luta quotidiana, pelo seu emprego, pelo seu negócio ou empresa, pela educação e saúde dos seus filhos e mais velhos. Esse mundo de fora da bolha não quer ser incomodado com intrigas, politiquices estéreis e escândalos insondáveis. Nada disso nos fala de soluções, de alternativas, de futuro. Nem da demografia, nem da sustentabilidade do país que ambicionávamos.

Se, sobre os comportamentos e opções da vida privada do primeiro-ministro recai suspeita de alguma ilegalidade, que o Ministério Público investigue tudo até ao osso. A devassa é uma legítima prerrogativa da Justiça.    


6 comentários

Sem imagem de perfil

De cela.e.sela a 07.03.2025 às 15:43

como disse Manuel Brito Camacho:
«a MERDA é a mesma, só mudaram as MOSCAS».
ou
«quanto mais mexe, mais fede»


o PM fez em meses o que o PS não fez em anos: está na altura de lhe entregar a governação.
o jornalismo continua no cano de esgoto e sente-se bem
Imagem de perfil

De O apartidário a 11.03.2025 às 09:30

E eis mais um exemplo de como os média desinformam(exemplo de ontem na questão do choque entre navios na costa de Inglaterra) :

O 'Solong', de pavilhão português, mas operado por uma empresa alemã, e o petroleiro 'Stena Immaculate' "sofreram estragos importantes depois da colisão e do incêndio que se seguiu", acrescentou a empresa alemã.(no sapo actualidade)
Mas reparem nos titulos dessa notícia nos média em geral :
Navio Português chocou com petroleiro(o qual, já agora,está ao serviço de empresa americana mas não é americano) ...
Estão a ver ou não.?
Sem imagem de perfil

De Silva a 07.03.2025 às 16:11

Quando não há vontade/coragem política de implementar as reformas estruturais (na tourada é a pega de caras) a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seguindo-se outras reformas estruturais, só nos resta o aumento da pressão financeira de modo a orientar as medidas (na tourada é pega de cernelha) no sentido correcto.


O futuro aumento das despesas militares em toda a Europa irá obrigar ou a mais carga fiscal ou a cortes em vários outros sectores nomeadamente educação, saúde, segurança social, protecção civil, administração pública, fundações, associações, institutos, observatórios, câmaras municipais, juntas de freguesia, etc.
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 07.03.2025 às 17:17

; O funcionário que, no exercício das suas funções ou por causa delas, por si, (...) solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimonial, que não lhe seja devida, é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias.
Que vantagem recebeu como PM?
Ver tráfico de influencia, 335 do C.P.. Ou acha que é de um dia para o outro que esta criminalidade se dá...?

A empresa é capa.
O PM anda na política há mais tempo que este blog....
Sem imagem de perfil

De aleit a 07.03.2025 às 23:29


Talvez tenha identificado mal o "PM", ou o seu "saber" descambou!
Se se refere com "PM" ao Primeiro Ministro "Montenegro", ou outro qualquer, equivocou-se, é que o Dr. Montenegro não é funcionário Público nem qualquer outro PM.
 
Sem imagem de perfil

De anónimo a 07.03.2025 às 18:39


Sim, "A agressividade tóxica" entre partidos e apoiantes que esta partidocracia implantou vai para meio século. 
No Reino Unido os parlamenteres, MPs, (deputados uninominalmente eleitos) permanecem, removem e elegem um PMs numa semana.  
Em Portugal o PM está associado aos seus, por ele escolhidos, deputados. Óbviamente meses de restrições governativas e mais eleições, para no fim voltarem ao poder político sempre os mesmos partidos, a governar, com os sempre mesmos interesses partidários. Partidocracia.

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Anónimo

    Muito bem!

  • JPT

    Consultando o portal base.gov percebe-se que o Sr....

  • cela.e.sela

    «As costas da Mina e a da Guiné foram desde o sécu...

  • Valadares

    Siga prà marinha.Muito bem.

  • Anónimo

    Muito bem, nada a apontar


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2025
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2024
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2023
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2022
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2021
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2020
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2019
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2018
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2017
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2016
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2015
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2014
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2013
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2012
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2011
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2010
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2009
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2008
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2007
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D
    248. 2006
    249. J
    250. F
    251. M
    252. A
    253. M
    254. J
    255. J
    256. A
    257. S
    258. O
    259. N
    260. D