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A desilusão com a democracia

por henrique pereira dos santos, em 13.03.25

"Até quando teremos de suportar esta mediocridade?" pergunta João Miguel Tavares, cansado de toda a gente a quem recentemente os processos democráticos entregaram o poder em Portugal.

Não me interessa discutir se Montenegro é só esquemas, como alega João Miguel Tavares, o que me interessa é que, tenha cada um de nós a opinião que tiver, as acções ilegais são resolvidas pela polícia e o sistema de justiça, as acções não ilegais só têm uma maneira de ser resolvida, através das eleições.

A Democracia não é útil como processo de escolha dos melhores (nem as empresas empregam processos democráticos de escolha, nem os clubes de futebol fazem referendos para saber se contratam ou despedem alguém), a democracia serve para remover do poder aqueles a que, justa ou injustamente, o eleitorado quer retirar o poder, sem que para isso se tenha de recorrer à violência (a substituição de Passos Coelho, mesmo ganhando as eleições, por António Costa, é um bom exemplo de como os processos democráticos podem dar resultados sociais muito piores do que os que resultariam da avaliação racional do melhor para o país).

Nas actuais circunstâncias, podem-se escrever grandes tiradas sobre o que deveria ser o mundo ideal, ou pode-se olhar para as circunstâncias concretas das próximas eleições e avaliar qual é o melhor destino a dar ao voto que temos na mão (incluindo os que acham que se o voto é arma do voto, votando o povo, fica desarmado. O que é parcialmente verdade, até à eleição seguinte, o povo está desarmado).

Para além das escolhas de nicho (as pessoas que votam PAN porque querem pagar menos IVA nas consultas do veterinário, por exemplo), as próximas eleições servem para escolher um governo da AD ou do PS. Ou a AD tem um voto a mais que o PS, e governa, ou não tem, e governa o PS.

Quem quer um governo do PS, seja porque razão for, vota no PS, quem quer um governo da AD, ache ou não que Montenegro é só esquemas, vota na AD.

Sobra a enorme massa de eleitores que não querem um governo nem de um, nem de outro, sabendo, no entanto, que o governo será de um ou de outro (há os que acreditam, como disse André Ventura, que o Chega vai ganhar as próximas eleições, mas mesmo reconhecendo que isso não é impossível, parece-me suficientemente improvável que haja muita gente a acreditar nisso e as que acreditam têm o seu voto definido, tal como os que querem um IVA mais baixo nas consultas do veterinário).

Para essa grande massa de eleitores a pergunta central não é sobre quem querem no governo, é sobre quem não querem no governo, ou, usando o critério de João Miguel Tavares, quem nos deixa mais longe de ter de suportar esta mediocridade.

Estes, os que não querem nada do que vêem, mas querem ainda menos alguns que outros, há três votos úteis (úteis no sentido em que os votos são úteis para quem os recebe, não para quem vota).

Na AD, os que preferem um governo da AD a um governo do PS, na Iniciativa Liberal os que para além de preferirem um governo da AD a um do PS, acreditam que a AD vai ter mais um voto que o PS e preferem reforçar um parceiro potencial da AD.

Tudo o resto, que é como quem diz, os que acham pior ter um governo da AD a ter um governo do PS (o que inclui o voto no Chega que é, indirectamente, um voto a favor de um governo do PS), podem votar onde quiserem que o resultado prático é ter um governo do PS.

É poucochinho e era melhor que as alternativas fossem mais e melhores que esta melancolia?

Sim, é, mas o facto é que a escolha é entre achar-se que com um governo AD (no que se inclui um governo AD mais IL) estamos um bocadinho mais perto de suportar menos a mediocridade e achar-se que é com um governo do PS que o fardo de suportar esta mediocridade é menor.


36 comentários

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De Manuel Dias a 16.03.2025 às 11:43

Ou aceitamos um conjunto de pessoas diferentes, que nos representam(AR), uns  e que nos governam, outros, e  que podemos escrutinar e sempre alterar(democracia);  ou então aceitamos  outro conjunto de cidadãos,  que não admitem o escrutínio e que não podemos mudar(ditaduras e autocracias). Quem pensa que há a perfeição política, quando a sociedade é constituída por cidadãos, com opinião, interesses e educação, que não habilitações literárias, tão diferentes?
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De ANTI_MENTIRAS a 16.03.2025 às 20:45

Uma desilusão a censura deste blogue, ao publicarem apenas os comentários que lhes interessam politicamente e ocultarem os outros ao estilo do antigo lápis azul!
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De Anónimo a 17.03.2025 às 15:42

O lápis, agora, é vermelho-rosa.
Repara: 

“Quando os negócios mancham a política”: “El País” analisa caso Montenegro

Directamente do vermelho-rosa de Espanha.
O El País faria melhor se fosse investigar o vigarista/putanheiro do Juan Carlos e analisar muito bem a dimensão dos cornos da Sofia e, ainda a influência de ambos no habitat do lince ibérico.
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De Pedro Ferreira a 17.03.2025 às 10:10

bem a ginastica mental que este pessoal anti-chega disfarçado faz para tentar lutar contra o partido... um voto no chega, é dar um governo ao ps... quando um voto no chega é apenas mais um voto num partido de direita que elege deputados em todos os distritos exceto em bragança...
Então existir uma maioria de direita... chega e psd (se considerarmos o psd um partido de direito o que não é)... é deixar o ps governar... ha ha ha
Basta o psd e o chega com maioria no parlamento não permitirem um governo do ps governar... e fica um partido de direita psd ou chega a governar em minoria ou em coligação :)
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De Anónimo a 18.03.2025 às 03:00

Andam todos baralhados. Um voto no Chega é um voto no PS. Sugiro, pois, que os eleitores do PS votem no Chega para favorecer o próprio PS. E o Chega deve aliar-se ao PSD, que não é um partido de direita, para inviabilizar um possível governo do PS, que irá ganhar eleições à custa dos votos no Chega. 
Aconselho vivamente que recorram aos prestigiados serviços da Spinumviva, para a apoio logístico, e ao Montenegro, para remendar qualquer passo em falso. Mas não façam avenças. Saem caro. 
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De Anónimo a 17.03.2025 às 15:05

O eleitorado do chega é um excelente referencial do nível de retardamento acentuado que por cá anda. 

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