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Tem vindo a ser insistentemente difundida a tese de que António Costa tinha deixado claro, ainda antes das eleições, que a actual solução governativa era uma possibilidade e que desde o primeiro momento das eleições trabalhou para construir esta solução governativa.
O próprio tem insistido nessa tese, o que se compreende: aplicar uma solução apresentada a votos ou aproveitar os votos para apresentar uma solução não é a mesma coisa, não porque existam diferenças de legitimidade formal, mas porque existem diferenças de legitimidade moral e política.
Saltemos por cima da discussão sobre se assim foi ou não e tomemos como boa esta tese.
Se assim foi, como explicar as reuniões de 9 de Outubro do ano passado e as declarações subsequentes de Costa: "Reunião com a coligação "foi bastante inconclusiva" e não houve nenhuma proposta" (vale a pena ir ler as notícias desse dia, onde a ideia é ainda mais clara: Costa estava totalmente aberto a fazer acordos com a PAF, o problema era que não lhe eram apresentadas propostas sérias).
Se, como o próprio agora diz, era claramente inaceitável negar os resultados eleitorais, que rejeitavam liminarmente qualquer acordo com os partidos do governo anterior, o que estava Costa a fazer, aceitando as reuniões do dia 9 e posteriores e proclamando que não se chegava a acordo porque a coligação mais votada se recusava a fazer propostas sérias?
Estava a aplicar o seu método habitual: tomar uma decisão e depois dizer o que for preciso, incluindo simular negociações institucionais e formais, para responsabilizar os seus adversários pelos aspectos negativos das suas opções.
Que Costa funcione assim não me incomoda especialmente, sei que não se pode esperar das pessoas mais do que podem dar.
Mas que todas estas mistificações, completamente inaceitáveis entre pessoas de bem, porque implicam o penhor da palavra dada, sejam recebidas, analisadas, avaliadas com meridiana mansidão, como se dar formalmente a palavra sabendo não a pretender cumprir fosse uma mera traquinice de habilidoso, francamente, isso sim, parece-me um claro sinal de degradação social, com o alto patrocínio de uma imprensa viciada em pequenos truques e absolutamente insensível aos valores que tornam saudável o debate no espaço público.
É verdadeiramente deprimente.
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