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Sou um defensor da democracia mas, no caso, Português é a causa directa e concreta dos nossos males: conseguimos aliar um Estado demasiado grande, ineficiente e castrador do progresso ( legitimado pela maioria), com um processo democrático inquinado, em que as maiorias exploram as minorias ( o que é ilegítimo). Pior é que entrámos num ciclo vicioso, em que as correcções necessárias não se vão fazer, até á autofagia, ou quase, da nossa sociedade.
Temos um país incapaz de crescimento económico por deliberada e amplamente consensual escolha de um Estado director e interventor ( embora pouco regulador no que importa) e uma economia pouco livre. Essa maquina gigantesca, ainda por cima ineficiente, esmaga ainda mais a economia com a carga fiscal e a burocracia. Por esses motivos afasta-mo-nos, em vez de convergirmos, com a nossa grande referencia, os países da Comunidade Europeia ( antes os ricos, agora quase todos).
Queremos ser iguais outros mas cada vez estamos mais diferentes. Como tivemos um crescimento, mesmo que modesto ( cerca de 10% em 22 anos), é apesar de tudo possível dizer estarmos melhor do que antes, que estamos no caminho certo, que, á nossa maneira, vamos indo, que devagar se vai ao longe. No nosso caso, devagar caminhamos para um desastre. O modelo que estamos a prosseguir não é pura e simplesmente sustentável a prazo e não há sinais de vontade de o corrigir.
O processo pré democrático de uma sociedade ultrapassar situações insustentáveis passa por revoluções. Com a democracia liberal, a revolução foi substituída por evolução e escolhas diferentes. Aconteceu assim na Escandinávia, em que, para manter apoios sociais e bons níveis de vida, na década de 80 e 90 se passaram a abraçar políticas liberais, pelos partidos ditos de esquerda. Aconteceu assim no Reino Unido, em que na década de 70 e 80, se conseguiu estancar uma decadência evidente, com a introdução das sempre impopulares políticas económicas liberais, sobretudo quando vem da dita direita. Apenas na Europa do Sul, a realidade continua cristalizada com base em preconceitos arraigados, que impedem o progresso pleno e aumentam o atraso relativo aos Países mais ricos. Parecendo-me um enorme desperdício, não deixa de o ser de forma legitima, uma escolha, para mim errada, da ampla maioria da sociedade, que não dá mostras de querer reformar o que quer que seja. Da conjugação da falta de criação de riqueza e da manutenção dos direitos adquiridos, dos pequenos privilégios que quase todos temos, entramos num rumo insustentável: a exploração das minorias pelas maiorias, o que para além de ilegítimo, não é possível, com pujança, a prazo.
Com a democracia Portuguesa, não haverá nem revolução nem evolução: haverá emigração que, se não for estancada, implicará um pais totalmente igualitário ( o sonho de alguns), mas em que os direitos adquiridos de hoje não poderão ser garantidos a ninguém. Simplesmente viveremos pior do que hoje.
O bloco central, o PS e o PSD, são amplamente maioritários, porque assentam a sua base de apoio no fortíssimo amor pelo Estado provedor dos Portugueses (responsável pelo fraco crescimento) e na satisfação de alguns grupos de interesse ( responsáveis por um desequilíbrio que esmaga a classe media). Sem criação de riqueza, para que uns possam progredir e viver menos mal, cabe aos outros ficarem mais pobres. Enquanto sociedade, avançamos para o Pais do salário mínimo, a realidade actual para cerca de 2/3 da população laboral.
Já sabemos que existem 3 pilares para ganhar as eleições: os votos de pensionistas, de trabalhadores que ganham o salário mínimo e os funcionários públicos. Os 3 grupos demográficos que mais crescem em Portugal.
Mantendo o Estado director e provedor e não tocando nos pilares eleitorais, nada muda, nada se transforma, apenas se mantêm as fracas benesses dos votantes vitoriosos, esmaga-se continuamente todos os outros, já que deixou de existir o recurso ao endividamento externo. Redistribuição sem criação de riqueza, sai cara a quem tem que a pagar.
Infelizmente para quem está contente ou conformado, as fronteiras estão abertas e os mercados de trabalho da comunidade Europeia são de acesso livre. Quem está mal, pode mudar-se, emigrando. É o que está a acontecer, iniciando-se um ciclo vicioso que autossustenta a emigração o que, a medio prazo, poderá fazer implodir todo o sistema e aproximar Portugal de um pais tendencialmente de trabalhadores indiferenciados. Não era por capricho que os países comunistas mantinham as suas fronteiras fechadas.
Dirão os mais optimistas que, apesar de uma emigração nos últimos anos superior á da década de 60, ( desde 2011, mais de 1.000.000 de emigrantes, dos quais mais de 400.000 permanentes) se notam indícios de que o fenómeno está a regredir desde o pico atingido em 2014, em que registámos a emigração de mais de 134 mil Portugueses. Dirão outros que, mesmo recentemente, nos anos covid, a emigração é superior a 60.000 ( 25.000 permanente), uma franja importante dos jovens que chegam anualmente ao mercado de trabalho. Desejo que os primeiros tenham razão, mas acredito que a procissão ainda vai no adro, como dizem os outros.
Com o garrote no rendimento das classes medias, com a aproximação do salário mínimo ao salário médio, são os mais bem preparados que hoje emigram: são os que têm mais a ganhar com a mudança. Uma tendência que representa uma viragem para um pais cada vez mais de indiferenciados e cada vez menos com trabalhadores capazes de pagar mais impostos e criar riqueza para todos.
Para além da emigração tradicional, existe ainda um movimento, progressivamente mais importante, de Portugueses que residem fisicamente em Portugal e trabalham em home office para o mundo escolhendo pagar os seus impostos nos Países de rendimento, nalguns casos com fiscalidades muito mais atraentes.
Quantos mais trabalhadores diferenciados saírem, mais insuportável se torna o fardo dos impostos que terão que subir para quem fique. Com maior carga fiscal, os trabalhadores diferenciados, tendem naturalmente a ter maior premência e interesse em emigrar. O que por sua vez, vai alimentar o ciclo , maior emigração, maiores impostos, maior emigração, maiores impostos. Para não mencionar que maior carga fiscal é um enorme incentivo a fenómenos de evasão fiscal, mesmo com a excelente maquina montada pela autoridade tributaria, o mais eficiente serviço publico Português.
Se os mais bem qualificados emigrarem, quem fica? Uma percentagem cada vez maior de pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores com salários mínimos. Quem vai pagar impostos? Como fazer redistribuição? Como aumentar o rendimento per capita, cada vez com uma maior percentagem de trabalhadores indiferenciados? Como impedir que sejam os mais pobres ( toda a população) a pagar pela maquina do Estado? Como poderemos ter um nível de vida superior ao actual ou mesmo manter o que temos, nomeadamente o nível de pensões prometidas?
Vivemos em democracia, vivemos realmente ao ritmo e vontade da maioria. Os partidos radicais, o PCP, o Bloco, o PAN e o Chega, acrescentam folclore á vida política, mas não são responsáveis pela situação ou pela tendência que se desenha. O PS e o PSD, limitam-se a seguir, com convicção, a vontade expressa dos seus fieis. Os Portugueses ditos moderados, são os responsáveis por tudo aquilo que temos de bom, mas também de mau.
Não escolhemos ( por convicções) apenas a pobreza colectiva, a incapacidade de criar riqueza. Violámos o pacto geracional e os direitos liberdades e garantias de cada individuo, forçando muitos a emigrar. O que atingirá como um violento boomerang os inocentes, os com convicções erradas e aqueles que votaram com a sua carteira e falsos preconceitos, mas se esqueceram de fechar fronteiras. Pouco falta para sermos todos caranguejos.
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