Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Éramos muitos lá em casa e, portanto, havia muitas situações em que jogávamos o que quer que fosse.
E todos sabíamos que havia duas coisas absolutamente inaceitáveis para o meu pai: 1) acusar outro jogador qualquer de fazer batota (não só a batota era inaceitável, como não se joga com quem se admita que é capaz de fazer batota); 2) não se discutiam as decisões dos árbitros, nos jogos em que havia alguém encarregado de fazer de árbitro.
A explicação do meu pai era simples, e sempre a mesma: quem não confia no árbitro, não entra no jogo.
Lembrei-me disto a propósito de um indivíduo que, a pretexto de um caso de polícia, contactou não sei quantos ministros.
Um porque queria falar com a PSP, outro porque queria falar com a PJ, outro por causa de informação classificada, enfim, uma roda-viva.
Imaginemos que estou num edifício, que tem segurança 24 horas por dia, e me convenço de que está a acontecer qualquer coisa que justifica que se chame a polícia.
Eu, como a generalidade das pessoas, diria ao segurança para ligar para a esquadra mais próxima a pedir que a polícia viesse o mais rapidamente possível, visto que a minha preocupação seria ter a polícia a tratar do assunto no mais curto espaço de tempo, para prevenir consequências das acções em curso.
Aparentemente, outras pessoas funcionam de forma diferente: ligam ao ministro que tutela a polícia, para que esse ministro me ponha em contacto com o chefe máximo da polícia, de maneira a que o chefe máximo da polícia garanta que, o mais rapidamente possível, a polícia se encarrega do assunto.
Se excluirmos a hipótese de alguém ser completamente estúpido e estar convencido de que ligar a um ministro, para assegurar o contacto com o chefe máximo da polícia, que desencadeará a acção dos polícias mais próximos é mais rápido que ligar directamente para a esquadra mais próxima, sobra uma explicação racional para este caminho alternativo: garantir um tratamento privilegiado ao meu problema.
E isto diz muito mais sobre o que pensa o ministro Galamba do Estado e do seu funcionamento, que as não sei quantas horas de inquirições: Galamba acha que problemas comezinhos de polícia precisam do reforço da autoridade do governo para serem atendidos pela polícia, dito de outra forma, Galamba está convencido que é mais útil usar o seu estatuto para resolver os seus problemas que colocar-se em pé de igualdade com as pessoas comuns, confiando na relação do Estado com as pessoas comuns.
Por isso não entende que é o reforço da confiança das pessoas no Estado que é mais importante, e não as narrativas que, em cada momento, parecem servir melhor a sua prática política.
Nisso, infelizmente, não me parece que tenha grande divergência com António Costa.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Diz-se por aí que em Belém a sopa dos pobres dá "b...
Se o outro conseguir formar governo (mas ainda vai...
Faltou acrescentar que não está só no jogo do "val...
Ó Balio, deixe-se de tretas! Pensa que engana quem...
Estranho, estranho, é que esse princípio iluminist...