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Éramos muitos lá em casa e, portanto, havia muitas situações em que jogávamos o que quer que fosse.
E todos sabíamos que havia duas coisas absolutamente inaceitáveis para o meu pai: 1) acusar outro jogador qualquer de fazer batota (não só a batota era inaceitável, como não se joga com quem se admita que é capaz de fazer batota); 2) não se discutiam as decisões dos árbitros, nos jogos em que havia alguém encarregado de fazer de árbitro.
A explicação do meu pai era simples, e sempre a mesma: quem não confia no árbitro, não entra no jogo.
Lembrei-me disto a propósito de um indivíduo que, a pretexto de um caso de polícia, contactou não sei quantos ministros.
Um porque queria falar com a PSP, outro porque queria falar com a PJ, outro por causa de informação classificada, enfim, uma roda-viva.
Imaginemos que estou num edifício, que tem segurança 24 horas por dia, e me convenço de que está a acontecer qualquer coisa que justifica que se chame a polícia.
Eu, como a generalidade das pessoas, diria ao segurança para ligar para a esquadra mais próxima a pedir que a polícia viesse o mais rapidamente possível, visto que a minha preocupação seria ter a polícia a tratar do assunto no mais curto espaço de tempo, para prevenir consequências das acções em curso.
Aparentemente, outras pessoas funcionam de forma diferente: ligam ao ministro que tutela a polícia, para que esse ministro me ponha em contacto com o chefe máximo da polícia, de maneira a que o chefe máximo da polícia garanta que, o mais rapidamente possível, a polícia se encarrega do assunto.
Se excluirmos a hipótese de alguém ser completamente estúpido e estar convencido de que ligar a um ministro, para assegurar o contacto com o chefe máximo da polícia, que desencadeará a acção dos polícias mais próximos é mais rápido que ligar directamente para a esquadra mais próxima, sobra uma explicação racional para este caminho alternativo: garantir um tratamento privilegiado ao meu problema.
E isto diz muito mais sobre o que pensa o ministro Galamba do Estado e do seu funcionamento, que as não sei quantas horas de inquirições: Galamba acha que problemas comezinhos de polícia precisam do reforço da autoridade do governo para serem atendidos pela polícia, dito de outra forma, Galamba está convencido que é mais útil usar o seu estatuto para resolver os seus problemas que colocar-se em pé de igualdade com as pessoas comuns, confiando na relação do Estado com as pessoas comuns.
Por isso não entende que é o reforço da confiança das pessoas no Estado que é mais importante, e não as narrativas que, em cada momento, parecem servir melhor a sua prática política.
Nisso, infelizmente, não me parece que tenha grande divergência com António Costa.
Podemos ter a certeza: neste caso da TAP, dos respectivos antecedentes e das devidas sequelas, há, entre os seus intervenientes, um ou vários malfeitores. O problema consiste em saber se são todos ou só alguns.
Podemos ter outra certeza: há, neste processo, um ou vários mentirosos. Falta saber se são todos ou só alguns.
É ainda certo que há alguém a preparar um roubo, a cometer uma fraude, a obter algo indevidamente, a tentar assassinar politicamente alguém, a liquidar um adversário e a destruir quem sabe segredos. Só não sabemos se é só um, se são vários ou se são todos os intervenientes.
Sabemos também que estão envolvidos titulares de cargos políticos, altos funcionários do Estado e altíssimos responsáveis da Administração Pública, universo este que pode incluir um Primeiro ministro, vários ministros e ex-ministros, diversos secretários de Estado e ex-secretários de Estado, chefes de gabinete, adjuntos, assessores, auditores jurídicos e administradores de empresas públicas. Uma vez mais, não sabemos se todos ou só alguns têm culpas e responsabilidades.
É seguro que algo está em causa, mais importante do que um computador, dois socos, três bofetadas e uma ameaça de agressão" --- António Barreto
alguns ou todos se portaram mal, abusaram de poder e de funções, mentiram, esconderam, ameaçaram, agrediram, roubaram, destruíram, quebraram, negaram, tentaram liquidar, apagaram documentos, “limparam” telemóveis e computadores, sonegaram provas, esconderam fontes e acusaram falsamente outras pessoas. Todos? Só alguns? Quem?
Raramente, nestas décadas que levamos de democracia, se atingiu um ponto tão baixo de miséria moral, de atentado político, de vilania, de imoralidade e de sem vergonha! Há gente que, por bem menos, reside actualmente na Penitenciária, em Custoias ou em Pêro Pinheiro. Raramente como agora a Justiça portuguesa esteve tanto em causa. Raramente como agora o Estado de Direito esteve tão ameaçado.
Na mafia, nos gangues de Nova Iorque, entre oligarcas de Moscovo, nas redes de tráfico de droga, no mercado do sexo e de trabalhadores clandestinos, nos serviços de imigrantes, no comércio de armamento, nos arranha-céus de magnates do petróleo ou nos resorts dos bilionários dos metais raros, há procedimentos parecidos com aqueles que se adivinham neste processo. Com a diferença de montantes e de pessoas envolvidas, com certeza. Mas com uma similitude moral indiscutível.--A:Barreto
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