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"Uma das suas fontes de rendimento em 2021 foi uma empresa de consultoria que criou em janeiro desse ano, com a mulher, Carla Neto Montenegro, e os dois filhos, dando como sede a nova casa da família. A Spinumviva, Lda, é uma consultora “de gestão e exploração agrícola, turística e empresarial”, que inclui no seu objeto de atividade a “orientação e assistência operacional às empresas ou a organismos (inclui públicos) em matérias muito diversas, tais como planeamento, organização, controlo, informação e gestão”, entre outros serviços.
O político teve 62,5% das quotas da Spinumviva até desistir delas e do cargo de gerência, que partilhava com a esposa em junho de 2022, após ter sido eleito presidente do PSD. A empresa faturou €68.000 em serviços prestados durante o seu primeiro ano, de acordo com o relatório e contas que apresentou. Há um ano Carla Montenegro passou a assumir 72,5% das quotas e a função de sócia-gerente".
Esta citação é de uma notícia do Expresso, de Maio de 2023, reforço, Maio de 2023. Na altura o foco da intriga era identificado no título da notícia: "Montenegro não declarou valor de casa com seis pisos", e o jornalista que escrevia a peça era Micael Pereira.
Nada na peça parecia ser relevante, pura coscuvilhice embrulhada numa suposta procura de transparência e legítimo escrutínio jornalístico.
Claro que o assunto foi cavalgado por adversários políticos de Montenegro (e os moralistas habituais nestas coisas, que alimentam o populismo), culminando numa denúncia anónima que obrigou o Ministério Público a investigar o assunto (já não era uma questão de declaração no tribunal constitucional, mas sim de favorecimento no licenciamento e na atribuição de um benefício fiscal), mas a origem é uma opção jornalística evidente, a de contrabandear coscuvilhice como jornalismo.
Sem surpresa, no dia 2 de Dezembro de 2024 (um ano e meio depois), depois de muita acusação infundada com base na opção jornalística citada, o Observador (como outros jornais), lá aparece com a notícia de que o inquérito tinha sido arquivado e não se viam sinais de qualquer irregularidade (nem mesmo na disparidade entre os gastos com a casa e os rendimentos de Montenegro, que a notícia citada inicialmente referia como sendo de cerca de 200 mil euros anuais, ou seja, 14 mil euros mensais, 14 meses, um bom rendimento, mesmo descontado as pesadas cargas fiscais que existem em Portugal para este tipo de rendimentos).
O Expresso, e o mesmo jornalista, voltou mais recentemente à carga, apesar de estar fartinho de saber da empresa da família Montenegro, como se demonstra pela citação que fiz da notícia de 2023.
A técnica jornalística é a mesma, contrabandear coscuvilhice como escrutínio jornalístico (como se demonstra pela frase com que abre a peça citada "A relação entre o grupo Solverde e Luís Montenegro é antiga e ainda não terminou", insinuando que Montenegro continua a manter relações profissionais com a Solverde).
Os jornalistas argumentam que é assunto com muito interesse porque a concessão do casino está a acabar e vai ter de ser decidida, portanto esta relação que se mantém (de acordo com o boato que os jornalistas promovem) revela um conflito de interesses que justifica toda a devassa subsequente.
A peça do jornal é toda sustentada numa característica transversal a quase todo o jornalismo actual e que consiste em fazer perguntas sem interesse nenhum, em tom de suspeita (por exemplo, o Observador, para noticiar que Montenegro respondeu às perguntas dos partidos, lista uma série de coisas que não se sabe, destacando a momentosa questão de não se saber quem foram os clientes responsáveis por 16% da facturação da empresa, sem que, naturalmente, os jornalistas do Observador se sintam obrigados a justificar qual é a relevância dessa informação).
Claro que os adversários políticos de Montenegro cavalgam as oportunidades criadas pela comunicação social, e o Partido Socialista decide fazer uma comissão de inquérito para poder ter acesso à documentação de uma empresa privada, sem que consiga explicar que indícios tem de que Montenegro mente, criando dúvidas razoáveis da prática de ilícitos que justifiquem uma devassa proto-judicial a terceiros.
É a coligação entre agentes políticos populistas (quer nos partidos, quer no comentariado) e uma comunicação social que desistiu de responder aos seus leitores e prefere falar em circuito fechado dentro de bolhas sociais completamente imunes à realidade, que irá ser referendada nas próximas eleições legislativas antecipadas.
Se Montenegro ganhar as eleições, é claríssimo que grande parte dos eleitores não atribuem ao jornalismo mais credibilidade que o Bloco de Esquerda atribui ao Chega, porque nenhum primeiro ministro acusado na imprensa (directa ou insidiosamente) como tem sido Montenegro poderia ganhar eleições, se a imprensa tivesse uma credibilidade sólida.
E imprensa sem credibilidade faz tanta falta como uma viola num enterro, como a falência de tantos jornais de facção demonstra, com especial destaque para o jornal que se apresentava como "a verdade a que temos direito".
P.S. Pedro Nuno Santos terá mentido de forma evidente na entrevista que deu ontem. As notícias não são de que mentiu, mas sim de que é acusado de mentir, escusando-se os senhores jornalistas a fazer o necessário escrutínio e apresentar aos seus leitores as suas conclusões. Depois queixem-se da crise da imprensa
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