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A carpinteiragem partidária

por João-Afonso Machado, em 07.10.25

Li há pouco uma curiosa rúbrica no JN, segundo a qual, em uma parte generosa dos concelhos interiores, às eleições autárquicas se apresentam listas únicas, vale dizer uma candidatura apenas. Uma só lista de um só partido ou de independentes. Havia um mapa esclarecedor contendo as freguesias, e mesmo os concelhos, onde tal se verificava.

E havia também comentários, nos quais sobressaía o de "especialistas" (o termo é do jornal), segundo os quais, essa realidade constituía "pregos na democracia" (suponho que esta já seja uma expressão dos ditos "especialistas", sobretudo em cangalheirice)...

Ora por aqui se lê o alcance dos partidocratas. Dos poucochinhos das paróquias.

Falei no Interior. Necessariamente em freguesias de uma centena - vá lá: duas - de eleitores. Não preciso falar no carácter personalizado das eleições em espaços assim reduzidos de gente. As pessoas conhecem-se e gostam de quem lá está, na Junta da freguesia ou até no concelho. Haverá discordantes, mas em número tal que não arriscam perder tempo. E é só.

Se são desta ou daquela cor, se vai ganhar o partido A ou o B, se os candidatos concorrem por conta própria, não sei, nem procurei saber. O que me deixou em transe foram os "especialistas".

Serão estes os que querem o País - quase escrevia: a Nação - eternamente dividida em facções partidárias. Para que servem (na sua perspectiva), os velhos residuais das freguesias do Interior? Para guerrearem entre si. O partido fornece aventais e esferográficas e agradece.

É uma litigância que só tem uma conclusão, senão um objectivo: pôr cobro à sã solidariedade dos sobreviventes de um Portugal interior por quem nada faz. E que nada se faça (conforme esses carpinteiros), senão manter a partidocracia. Não estamos aqui para outra coisa - uma freguesia partidariamente dividida a meio sempre trará alguns dividendos...


27 comentários

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De Silva a 07.10.2025 às 19:19

Uma das reformas estruturais que defendo para o país é a extinção da Juntas de Freguesia.
Mandar para casa os mais de 3000 presidentes de junta de freguesia.
Chegam os mais de 300 Presidentes de Câmaras.


Seria importante que os eleitores não votassem no PS.
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De Anónimo a 08.10.2025 às 02:06

Ok, o PS fica de fora.
Então qual o partido maravilha que promove essa reforma?


Ninguém os tem no sitio, não é? Tal como tu não sabem nada de nada, só que não se vote PS. É o que se chama zurrar.
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De Silva a 08.10.2025 às 13:08

Se não há vontade/coragem política para implementar reformas estruturais, existe o aumento da pressão financeira que irá orientar as medidas no sentido correcto nem que seja num cernelhamento intensamente suave.
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De Nelson Goncalves a 08.10.2025 às 06:11

E partir os munícipios de forma a serem mais pequenos. Mas no interior e boa parte do Alentejo, não sei se seria uma boa ideia. Teríamos muitos municípios com muito pouca gente.
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De Anónimo a 08.10.2025 às 10:41


Uma das reformas estruturais que defendo para o país é a extinção da Juntas de Freguesia.


Concordo, mas seria preciso também criar novas autarquias locais de dmensão superior à dos concelhos, uma vez que à maior parte destes falta capacidade técnica para levar a cabo muitas das suas tarefas.
Seria preciso aglomerar os atuais concelhos em conjuntos de meia dúzia deles (mais ou menos) e chamar à autarquias resutantes "departamentos" ou coisa do género.
Creio que o governo de Passos Coelho (ou outro, já não me recordo) tentou uma reforma dessas, mas não pegou.
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De Francisco Tavares de Almeida a 08.10.2025 às 14:03

São opiniões como a sua que me tiram toda a esperança. No ensino vingou a tese francesa (napoleónica) de que um ministério é que sabe que disciplinas é que se vão estudar e por que livros, ao contrário da boa tradição anglo-americana em que há umas disciplinas obrigatórias e um número mínimo entre várias à escolha permitindo aos alunos adaptarem-se às suas capacidades e preferências. Na administração vingou a mesma tese napoleónica com a imposição dos distritos. Hoje foram abolidos estes mas a ideia em nada mudou. Todos querem enquadrar os municípios em unidades maiores e apenas divergem na escolha destas. 
Ora o município, o concelho. é a trave mestra da administração portuguesa desde a fundação. Pode evidentemente associar-se para ganhar dimensão mas com geometrias variáveis, sem o espartilhar em Comissões Coordenadoras Regionais, seja qual for o nome que adoptem. Uma associação de municípios para gerir uma região turística pode não corresponder a outra para gerir uma rede de distribuição eléctrica; ou para assegurar a estradas de ligação ou empresas de transporte regional, ou para gerir unidades de saúde, etc.. 
Isso seria descentralizar. Enquanto o que hoje se faz e se advoga, são extensões da primeira grande descentralização e que consistiu em mudar algumas secretárias do Terreiro do Paço para as Avenidas Novas.
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De Anónimo a 08.10.2025 às 14:57

Inteiramente de acordo 
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De lucklucky a 08.10.2025 às 23:25

Precisamente Francisco. 
Vou mis longe se uma parte geográfica se quer unir ou se quer separar deve poder fazê-lo.
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De Manuel da Rocha a 07.10.2025 às 20:00

A aldeia, onde o meu avô nasceu, chegou a ter 1260 eleitores (nos anos 80). 
Nas últimas eleições, eram 143 eleitores, 29 votaram. Havia 2 listas, de candidatos: PSD e Guarda Saudável. PSD teve 21 votos, GS 5 votos e 3 nulos. Para esta, vão fazer uma reunião, na tarde de sábado, em que só há 1 lista de candidatos, sem partido. É que, nos cadernos eleitorais, sobram 122 eleitores e, a maioria nem lá vive. 
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De João-Afonso Machado a 07.10.2025 às 20:52

Note que nada tenhoa opor a diversidade de listas em autarquias pequenas. Em minha opinião elas só servirão para criar fossos - mas isso é uma opinião, apenas.
O sentido do post é contra os "letrados" que se opõem à falta de vida partidária nas freguesias pouco povoadas, assim aperecendo saber mais do que quem lá vive é lá, eleitoralmente, é soberano.
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De Silva a 08.10.2025 às 09:35

É a consequência directa do aumento do salário mínimo anualmente que vigora desde o 27 de Maio de 1974 (3300 escudos) até hoje.
Despovoamento do interior, incêndios, aumento da pressão no litoral com a chegada das pessoas do interior com a maior concorrência para empregos, casas, diminuição da diversificação da produção agrícola, etc.
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De Anónimo a 08.10.2025 às 10:45


nos cadernos eleitorais, sobram 122 eleitores e, a maioria nem lá vive


É por isso que a abstenção é grande - porque muitas pessoas estão recenseadas em sítios onde na realidade não moram.
As pessoas emigram, outras migram dentro do país, mas mantêm o seu cartão de cidadão na aldeia de onde são originários, portanto oficialmente residem lá e devem lá votar, mas na verdade estão alhures.
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De lucklucky a 08.10.2025 às 23:30

"a maioria nem lá vive"


O maior problema das eleições autárquicas é a falta de democracia para os cidadãos que têm propriedades em vários concelhos.


Mas claro ninguém vê os jornalistas todos a levantar este problema.


"No taxation without representation" não foi?
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De Anónimo a 07.10.2025 às 20:13

A hipótese de só um candidato a  concorrer ser um "prego" democrático é de antologia      
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De Anónimo a 08.10.2025 às 05:03

A regressada Mariana manifestou-se escandalizada ao saber que terá de pagar, ela e acompanhantes, os custos do regresso.


Estou certo que todos os portugueses de bem estarão igualmente revoltados.


Porque carga de água não esmifra o governo dinheiros públicos neste tipo de turismo revolucionário ?


Não é para isso que os portugueses os pagam ? 


Não é para isso que a nação se levanta todos os dias e vai vergar as costas a trabalhar ?
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De FD a 08.10.2025 às 17:36

Devia ter vindo a pé ou melhor de bicicleta acompanhada da Greta..........
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De Marques Aarão a 08.10.2025 às 08:12

Não se pode retirar importância ao cartão partidário para arranjar empregos inúteis e bem pagos.  
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De PNFrerreira a 08.10.2025 às 08:50

Meu caro, na minha opinião, é tudo uma questão linguística. Trata-se de um "prego" porque o JN é um periódico do Porto. Tivessem sido especialistas do DN, seria um "bitoque" na democracia. 
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De Anónimo a 08.10.2025 às 11:12

Bem visto. Nunca me tinha lembrado de olhar as coisas desse ângulo. Está com imensa piada 😅  


Se fosse de Mirandela...


Se fosse da Bairrada...


Se fosse da Madeira...




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De cela.e.sela a 08.10.2025 às 09:31

Jorge de Sena:
«As mulheres são visceralmente burras. 
Os homens são espiritualmente sacanas
Os velhos são cronicamente surdos. 
As crianças são intemporalmente parvas
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De Henrique a 08.10.2025 às 10:17

Que pessimismo.
Não se aproveita ninguém?
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De Anónimo a 08.10.2025 às 10:44

Algumas freguesias não serão muito diferentes da gestão de condomínio, ninguém quer entregar a terceiros, mas também a pasta calha sempre ao mesmo... 
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De Pedro a 08.10.2025 às 16:07

Muitos jornalistas moram na bolha das cidades e não conhecem as realidades das pequenas aldeias. Muitas vezes aldeias envelhecidas e sem ninguém para se chegar a frente. Concordo que deveria haver uma reforma eleitoral ao nível do poder local. Uma delas poderia ser de agrupar freguesias por departamentos e já se poupava muito dinheiro. Outra poderia ser os vereadores das câmaras municipais serem nomeados pelas assembleias municipais. Será algo que deveria ser discutido.
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De Anónimo a 08.10.2025 às 18:39

Mais tarde ou mais cedo haverá garantidamente uma reforma eleitoral.


Mas também garantidamente, o corte em gordura, ineficiências, etc., redundará em mais gente, mais assessores e toda a espécie de redundâncias que nunca pararam de crescer, pelo menos desde que acabaram as Cortes.


Não vai mudar.


O lado positivo é o emprego que gera, empregando uma data de gente que de outro modo pesaria na Segurança Social.
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De anónimo a 08.10.2025 às 18:48

Se calhar a lei Sharia um dia destes resolve isso tudo, como aconteceu noutras geografias. Perguntem aos suecos ou aos francêses, ou aos inglêses, por exemplo.
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De Anónimo a 09.10.2025 às 04:08

Não tenho nada contra leis ou costumes de outras latitudes, a menos que nos tentem colonizar.


Não creio que alguma vez aconteça.


Ainda tenho presente as avassaladoras imagens de Fátima e das multidões que acorreram á última visita Papal.


Não acontecerá.




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