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O meu post anterior, repetindo uma ideia, que não é minha, mas que carrego comigo há mais de trinta anos - mudar a capital de Portugal para Castelo Branco - teve muito mais reacções do que esperaria, umas a dizer que não pode ser porque faz muito calor em Castelo Branco, outras a dizer que Coimbra é a capital de Portugal e fantasias que tais, outras centradas na afirmação de que a minha terra é que é, umas vezes com argumentos, outras vezes nem isso, e ainda uma ou outra reacção sobre o fundo da questão: a capitalidade prejudica Lisboa, pode ser usada para contrariar tendências que não são favoráveis à gestão do território e é uma decisão estritamente política.
Primeiro ponto: mudar a capital é, antes de mais, uma questão simbólica, e os países foram encontrando soluções que pareciam boas e equilibradas em cada momento. Dessas soluções constam a criação de capitais novas praticamente do nada (Madrid, por exemplo), constam a sua localização em cidades intermédias, diferentes dos centros económicos, sociais, culturais do país ou mesmo soluções menos usuais, como a dos Países Baixos, que têm uma capital política e outra capital administrativa.
Por mim, se quiserem continuar a ter Lisboa como capital política, não é o que defenderia, mas enfim, não é o essencial, o que me interessa é a capital administrativa.
Segundo ponto: as minhas razões para escolher Castelo Branco são bastante simples: está mais ou menos a meio do país no sentido Norte/ Sul (Guarda fica a uma hora mais de Faro que Castelo Branco, só para responder à hipótese da Guarda), está desequilibrada para o interior, o que me parece melhor para atingir os objectivos que se pretendem, que é levar emprego para onde faz falta, e tem boas condições fisiográficas para a sua expansão urbana (o que não acontece, por exemplo, nem com a Guarda, nem com a Covilhã, nem com Abrantes).
Ou seja, é uma solução simples, baseada em razões de paisagem simples, daí que não me interesse nada a discussão sobre se é melhor esta ou aquela localização.
Também não percebo o argumento da mudança de capital, versus o argumento da descentralização: Lisboa é capital há um ror de anos e não há descentralização nenhuma de jeito, mais, quando a Administração Pública decide lançar um programa de estágios - estágios são oportunidades de formação para pessoas, não são mecanismos de resolução das dificuldades de contratação de pessoas - são criadas mais oportunidades para as pessoas de Lisboa que no resto de todo o país, no seu conjunto, e isso, aparentemente, não escadaliza quase ninguém.
Para mim, parece-me claro que mudar a capital para fora de Lisboa facilita a tomada de decisões relacionadas com a descentralização, não se lhes opõe.
Vejamos, a bazuca tinha lá pelo meio uns valentes milhões para a descarbonificação.
Havia duas opções muito claras (uma manifestamente mais fácil, a outra mais complexa): usar o dinheiro para gerir a sério o problema dos fogos e a utilização do solo como sumidouro de carbono, ou usar o dinheiro para transportes públicos nas grandes cidades (sobretudo Lisboa, e um bocadinho no resto para não ser demasiado acintoso).
Estas duas opções têm efeitos diferentes no país, independentemente da bondade intrínseca de cada uma das soluções, matéria que nem chegou a ser discutida: no primeiro caso leva economia para a parte do país que não tem gente, não tem economia, não tem dinamismo social, no segundo caso acentua a tendência de concentrar economia onde há gente, oportunidades, criação de riqueza, libertação de meios de investimento.
Se a capital não fosse Lisboa, a mim parecer-me-ia mais fácil forçar a discussão das vantagens e desvantagens de cada opção, assim, continuamos sempre na mesma lógica: Lisboa é que tem gente, portanto temos de dar resposta às pessoas, logo investimos o dinheiro de todos (note-se que não estou a falar do dinheiro dos lisboetas, esse acho muito bem que seja gasto em transportes públicos) a resolver os problemas das pessoas, e portanto fazemos residências para estudantes, transportes públicos, escolas, etc., tudo em Lisboa.
Por cada um desses investimentos, aumenta a macrocefalia do país porque a cada um desses investimentos há um reforço da diferença económica de Lisboa em relação ao resto do país, como se uma espécie de buraco negro atraísse todos os recursos, a começar pelo capital humano, para Lisboa.
Se me disserem que não se podem deslocar as cadeias para longe das pessoas, por razões sociais relacionadas com a visitação e a reintegração dos presos, de acordo, é uma argumento que percebo, mas qual é o problema de pôr a Presidência da República em Castelo Branco?
Ou a Assembleia da República?
Ou os estágios da Administração Pública?
Devemos pôr o dinheiro dos contribuintes a resolver o problema da escassez de habitação nas grandes cidades, ou devemos reservá-lo, pelo menos em parte, para a criação de emprego nas cidades em que a habitação não é um problema de maior?
Esta é a discussão a fazer, o resto, se faz calor em Castelo Branco, ou se Abrantes está mais perto do centro geométrico do país, ou se a Guarda tem mais estradas a passar por lá, e coisas que tais, não tem interesse nenhum.
Do que tenho a certeza é que se a capital fosse em Castelo Branco, a ligação ferroviária entre as linhas da Beira Baixa e da Beira Alta seria levada muito mais a sério, com benefícios para todos, incluindo os lisboetas.
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