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A cada 1 de Janeiro lembro-me de António Costa.
No dia 1 de Janeiro, em Portugal, não se publicam jornais.
Ninguém me tira da cabeça que foi essa a razão principal para que a única visita de António Costa a José Sócrates, quando este estava preso, a tal visita em que António Costa foi dizer que cada um tem direito à sua verdade, foi feita num dia 31 de Dezembro.
António Costa, bem dentro de 2011, isto é, já com as coisas bem claras sobre as consequências das políticas adoptadas por José Sócrates, continuava a dizer que Sócrates era um grande líder e um grande primeiro ministro (poupo-vos à intervenção deprimente de Costa no Congresso que elegeu de novo Sócrates secretário-geral do PS, com 93,3% dos votos, em que explicitamente reafirma o seu orgulho na forma como Sócrates exercia o seu cargo de primeiro ministro há seis anos dias antes do pedido de ajuda, mas para que ninguém tenha dúvidas, fica aqui uma pequena declaração desses tempos).
Ainda assim, quando Sócrates é preso, António Costa deixa correr o tempo, e escolhe o dia 31 de Dezembro para o visitar na cadeia, provavelmente por não se publicarem jornais no dia seguinte e desconhecendo que visitar os presos não é nenhuma declaração de apoio às actividades do preso, é apenas uma obra de misericórdia, cuja obrigação de cumprimento é evidentemente maior para os amigos do preso.
Por tudo isto, a cada 1 de Janeiro lembro-me de António Costa e do que verdadeiramente representa e é: um homem que não tem amigos e para quem o poder não é um instrumento para servir as pessoas comuns, mas um fim em si mesmo, para o serviço dos que escolhemos.
Por maioria de razão, num Janeiro em que há eleições, essa lembrança de António Costa lembra-me também que tenho uma opção simples, embora de alcance limitado.
Marcelo é o pântano de que se alimenta António Costa e votar em Marcelo é dizer claramente que se está confortável neste pântano.
Todas as outras nove opções - seis outros candidatos, voto nulo, voto branco, abstenção - querem dizer que não se está confortável com este pântano que resulta da forma como as instituições e a política fazem o seu caminho.
Por mim, voto Tiago Mayan para desagrafar Portugal, não quero saber o que diz o candidato nem o que tem feito, nem se é bom ou mau, quero apenas que seja bem claro o significado do meu voto: cada voto em Tiago Mayan será lido como um voto numa sociedade mais liberal, e não propriamente como um desejo de que Tiago Mayan seja Presidente da República, o que todos sabemos que não vai acontecer.
Que Marcelo será o próximo presidente não há qualquer dúvida.
E cada voto em Marcelo é uma declaração de conforto com o pântano em que estamos, tudo o resto é irrelevante.
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