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Tropecei recentemente num gráfico simples na Wikipedia que me parece muito revelador das tendências partidárias politicas na Europa.
As ultimas décadas demonstram de forma clara que as coisas não estão a correr bem na Europa, nem para as populações nem para as esquerdas e direitas clássicas.
Em 30 anos, os socialistas/sociais democratas e os conservadores europeus, não param de perder expressão. Em 1979, representavam 70% do eleitorado, em 2019, perto de 45%. Ainda são os grupos mais importantes. Mas a tendência de queda é clara. Os dois blocos inquestionavelmente maioritários no passado, entre si, não garantem hoje uma maioria.
Não parece que a ideologia seja o principal motivo de tamanha alteração no quadro político. Com exceção dos liberais, são partidos de causas ( como os verdes) ou radicais ( sobretudo nacionalistas) que têm vindo a crescer. Não temos novas ideologias que ganharam espaço. Temos o protesto com os resultados reais sentidos pelos cidadãos a ter consequências.
O descontentamento das populações parece ser a principal razão para um afastamento das duas famílias politicas que têm sido o poder alternativo nos países Europeus. E por isso, os principais responsáveis pelo Estado de coisas actual são, com naturalidade, também os grandes perdedores.
Outras tendências parecem claras:
1) A esquerda está agonizante. Num mundo que parece começar a entender que os países não são de esquerda porque são pobres, mas são pobres porque são de esquerda. Também as novas causas fraturantes distintivas ( é difícil continuar a apostar contra a economia de mercado), não parecem funcionar. Os mais revoltados foram para a direita, enquanto a esquerda radical definha. As 3 forças de esquerda, incluindo radicais e os Verdes ( progressistas), representam pouco mais de 1/3 do eleitorado, quando em 1989 eram maioritários;
2) Os liberais crescem, mas parecem estar condenados a serem uma força de segunda grandeza. A insistência num Estado mais contido e mais liberdade individual, em oposição ao defendido por todos os outros partidos, não aparenta colher uma adesão significativa. A sua oportunidade de influencia surgirá da necessidade de proceder a coligações num espectro político cada vez mais fraturado;
3) A direita radical, ganha expressão e afirma-se, sem uma ideologia estruturada. Muito diferenciados entre si, os partidos defendem um conjunto de economia de mercado, Estado poderoso, Nacionalismo e causas normalmente em oposição ás proposta de esquerda dos últimos anos. A fragilidade ideológica, torna estes partidos particularmente vulneráveis á transferência de votos para novas propostas politicas. Enquanto "grupo", parecem ter ainda espaço de crescimento. Não virámos á direita. Virámos para o radicalismo.
4) A era de maiorias parlamentares parece ter passado. Numa fragmentação cada vez mais evidente, entrámos na era das coligações. Ou dos impasses.
5) A narrativa de esquerda continua dominante. Os radicais de esquerda, são "ala esquerda", os de direita, são "extrema direita".
6) A direita clássica perde neste período, quase 40% da sua expressão. Valor próximo do sofrido pelos socialistas/sociais democratas. A sua maior vantagem, neste novo mundo, aparenta ser a sua maior facilidade de estabelecer coligações. Desde alianças com os sociais democratas, como acontece na Alemanha, até a partidos radicais de direita. Nada de diferente acontecendo, a sua perda de peso vai continuar, até por assumir o fardo do poder.
Muito já mudou, mas não parece razoável pensar que não vai mudar mais. Só para onde realmente vamos continua a ser a incognita.
1. “Para onde vamos?”, pergunta Miguel Roque Martins, ao apresentar estes dados.
2. Vamos para um outro “modelo de compreensão e descrição da realidade” que nos cerca (dos fenómenos do mundo e da Natureza). Por efeito dos avanços científicos e hermenêuticos, entretanto acumulados.
3...
3. É essa mudança, no modo como a espécie Humana passou a perceber e compreender aquilo que a rodeia (ambiente/natureza/mundo), que explica os dados deste Post.
4. Passámos de um “Modelo binário, inversamente opositivo, e isomorficamente simétrico” (esquerda/direita, sim/não, certo/errado, certeza/incerteza, simples/complexo, bem/mal, preto/branco, simples/complexo, positivismo/fenomenologia, etc.) ... para um «Modelo ternário».
5...5. Há muito enunciado por pessoas como Hugues de Saint-Victor (1141), C.S.Peirce (1901) ou K. Gödel (1931); e corroborado com o actual “modelo padrão” na Física, ou os actuais avanços na matemática, ou as actuais críticas ao Darwinismo pela biologia. Temos até, hoje, novas definições científicas de “Vida”, “Matéria”, “Inteligência”, “Ser-humano”, e “Social”.
6. É toda uma nova concepção, no modo como se devem gerir as relações entre as Pessoas e programar a Sociedade.
7. As convicções antigas (baseadas nesse «modelo binário, inversamente opositivo, simetricamente inverso») acreditaram que a “competição” e a “assimetria” eram o motor do Desenvolvimento e da Prosperidade. Agora, essa convicção ideológica (quase religiosa) deixa de ser preponderante, para um cada vez maior número de líderes qualificados e poderosos.
8. É natural que, há medida que a nova geração imbuída desta nova mentalidade vá tomando o poder, se vão gradualmente desmoronando uma Política, uma Moral e uma Ética baseadas no «antigo modelo».
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