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O prémio Gulbenkian para a humanidade foi hoje anunciado e Greta Thundberg ganhou um milhão de euros.
Não me interesse muito discutir a atribuição do prémio a Greta porque, tal como o prémio foi concebido, dificilmente ela não seria uma das fortes candidatas para o ganhar.
Conheço razoavelmente bem o prémio na medida em que tive de olhar para a possibilidade de apresentar alguma nomeação.
Conheço razoavelmente bem alguns membros do júri, a começar pelo presidente do comité de especialistas que fez a primeira selecção e que, nessa qualidade integrou também o grande júri que sugeriu três potenciais vencedores ao Conselho de Administração da Gulbenkian, Miguel Araújo, com quem tenho muitas divergências e por quem tenho o maior respeito e de quem sou amigo pessoal (já antes de o ser tinha o maior respeito pelo pai que foi meu professor. Respeito que aliás mantenho, ao fim destes anos todos).
Acho absurdo que num comité de especialistas nesta matéria tenha lugar Viriato Soromenho Marques mas enfim, não é o júri que me interessa aqui discutir.
O que me interessa aqui é que a Gulbenkian poderia ter pegado nos cinco milhões (e uns trocos para o funcionamento da coisa) que vai gastar em cinco prémios nos próximos cinco anos e ter feito uma discussão séria sobre qual seria a melhor forma de os aplicar em benefício da humanidade.
Eu estou convencido, mas posso estar completamente errado, claro, que cinco milhões em cinco anos, aplicados em pequenos e médios projectos enraizados na sociedade e com trabalho concreto e real no terreno, eram bem mais úteis à humanidade que entregar um milhão a uma pessoa ou organização, sem programa de aplicação definido.
Greta parece que vai repassar o milhão de euros para terceiros, de acordo com o que diz. Nesse caso mais valia a Gulbenkian ter criado um sistema competitivo de selecção para alavancar actividades, organizações e pessoas que saudavelmente competiriam entre si pelo acesso a esses recursos.
Claro que esta solução tinha um problema: a Gulbenkian não poderia apresentar o prémio como um dos maiores do mundo na área das alterações climáticas, nem beneficiar da notoriedade mundial que lhe traz o facto de premiar Greta com um milhão de euros.
Parece-me, que a questão central é esta: a Gulbenkian terá reparado que não há prémio Nobel para o ambiente e as alterações climáticas e terá visto aí uma grande oportunidade para ganhar notoriedade, ocupando esse espaço vazio, tanto mais que com a ingratidão dos néscios, a Gulbenkian não só se desfez da sua carteira de activos relacionado com o petróleo, como a sua actual Presidente fala dessa história como uma nódoa que é preciso fazer desaparecer rapidamente.
Tenho poucas dúvidas de que o mais natural é que os próximos prémios acabem divididos por mais de um vencedor, pelo menos em algumas edições porque entregar um milhão de euros assim, como um prémio para a humanidade, é bastante contraditório com um prémio individual de desempenho, como são os prémios Nobel.
O que espero, ardentemente espero, é que a minha visão desencantada deste prémio - não, não é por ter sido atribuído a Greta, sou bastante céptico em relação à sua real importância, a prazo, mas consigo compreender as razões dos que acham que eu não tenho razão e, desse ponto de vista, acho esta atribuição normal - como sendo sobretudo uma operação de comunicação da Gulbenkian esteja errada e, na verdade, parte desses recursos acabem a ser aplicados em coisas úteis para a humanidade.
Infelizmente a história da aplicação de recursos públicos ou filantrópicos nas áreas do ambiente em Portugal, em especial da gestão da biodiversidade, não me deixa grandes esperanças, mas há sempre alturas em que a história não se repete.
E até pode ser que criar um prémio Nobel para o ambiente e as alterações climáticas tenha sido uma boa ideia e eu esteja enganado sobre o que isso representa, e que, afinal, tenha muito mais importância que a que tem o prémio Nobel da paz para a paz no mundo.
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