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Imigração e segurança

por João Távora, em 31.01.25

As sociedades ocidentais foram sujeitas à mais extraordinária de todas as experiências. As necessidades de mão-de-obra barata são reais. Mas tentou-se satisfazê-las abolindo as fronteiras. Nações antigas viram-se sob a ameaça de serem reduzidas a uma espécie de aeroportos internacionais, por onde as pessoas passassem sem nada mais terem em comum do que o acatamento de certas regras. Mas o fundamento das democracias liberais ou do Estado social não é simplesmente a obediência à lei, mas a comunhão de valores a que chamamos “nação”. As nações não são dados naturais: são o resultado da história, de séculos de conflito e compromisso. Na sua origem, não está qualquer homogeneidade, mas uma pluralidade que, sem desaparecer, chegou a um sentimento de solidariedade e destino comum que faz pessoas muito diferentes identificarem-se entre si. É a nação que explica que possamos ser diversos sem cairmos sempre em guerras civis. É um património que subjaz a quase tudo o que é precioso no Ocidente: a liberdade, a igualdade, a coesão social, o pluralismo. É a isso que chamamos “segurança”, que não é apenas a contenção da criminalidade, mas o sentimento de estarmos em casa.

Nada disto tem a ver com a cor da pele, dos olhos ou dos cabelos ou com origens geográficas, nem com todas as religiões ou ideologias. É uma questão de valores comuns. O problema das migrações descontroladas não é só a chegada de pessoas que não partilham tais valores, mas a proposta woke, que pareceu dominar os regimes ocidentais, de que não deveríamos pedir nem esperar adesão ou sequer respeito por esses valores. Foi o projecto woke, inspirado pelo ódio da extrema-esquerda ao Ocidente, que acima de tudo criou insegurança. O resto são tremendas dificuldades logísticas, que agravaram a falta de habitação e o colapso dos serviços públicos. O caos migratório não é compatível com qualquer integração. Através da imigração nestas condições, aquilo que a oligarquia fez foi reconstituir a massa de trabalhadores pobres e pouco qualificados que antigamente dava muito jeito à burguesia para arranjar criadas e moços de fretes. Em Lisboa, segundo os jornais, haverá em breve novos bairros de barracas para substituir os que foram eliminados há vinte anos. É isto o “progresso”?

Ler Rui Ramos no Observador na integra aqui

Domingo

por João Távora, em 26.01.25

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Já que muitos empreenderam narrar os factos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram os que, desde o início, foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também eu resolvi, depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde as origens, escrevê-las para ti, ilustre Teófilo, para que tenhas conhecimento seguro do que te foi ensinado. Naquele tempo, Jesus voltou da Galileia, com a força do Espírito, e a sua fama propagou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e era elogiado por todos. Foi então a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».

Palavra da salvação.

Virados para a parede

por João Távora, em 24.01.25

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Enganam-se os simpatizantes do Chega que reclamam para si o feito do discurso da imigração descontrolada estar a alcançar o espaço político do centro-esquerda. Na realidade julgo que a estratégia histriónica de André Ventura foi contraproducente. As causas políticas e as grandes reformas alcançam-se na conquista do centro político, não há outra forma. (Foi isso que fez Salazar nos anos 30 e 40 quando para a recuperação de Portugal tinha do seu lado a imensa maioria dos portugueses - o centro político - acossados pela decadência e repressão da esquerda republicana.)

O facto é confirmado hoje com a surpreendente entrevista de Pedo Nuno Santos ao Expresso, que, com um contorcionismo surpreendente, admitiu ter sido um erro a política socialista da “Manifestação de Interesse”, que sinalizava para o exterior um país de fronteiras escancaradas, impreparado para os fluxos de imigrantes que se verificaram. A adopção dum discurso anti-imigração alarve por André Ventura, só serviu para protelar uma abordagem séria deste complexo problema que nos anos da geringonça se avolumou em Portugal, sem que a trágica experiência de outros países europeus nos tenha servido de alguma coisa. O resultado do discurso de tasca foi o acantonamento dos socialistas no outro extremo, e constituiu por demasiado tempo uma dificuldade da direita moderada pegar no assunto sem ser imediatamente ostracizada pela comunicação social há muito capturada pelo “progressismo” populista. Durante demasiado tempo, enquanto os problemas causados por uma “entrada intensa de trabalhadores estrangeiros num país impreparado para o fenómeno em matérias como o SNS, a educação ou a habitação”, (para citar Pedro Nuno Santos) foi impossível um debate racional e consequentes medidas preventivas.

Na suspeita de que a emancipação da liderança socialista em relação aos “encostados à parede”, o bloco da esquerda radical, já não chega a tempo de emendar a mão, deixa-lhes livre o terreno para surfar o seu catecismo Woke. Vamos ver qual será o posicionamento do PS nas eleições autárquicas, onde a realidade da rua e a proximidade com os eleitores, dispensa demasiados preconceitos ideológicos. Para já a boa notícia é que os socialistas parecem já não querer estar virados para a parede. A política não se faz assim, e falta agora o Ventura perceber isso.

Domingo

por João Távora, em 19.01.25

Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria, a outro a mensagem da ciência, segundo o mesmo Espírito. É um só e o mesmo Espírito que dá a um o dom da fé, a outro o poder de curar; a um dá o poder de fazer milagres, a outro o de falar em nome de Deus; a um dá o discernimento dos espíritos, a outro o de falar diversas línguas, a outro o dom de as interpretar. Mas é um só e o mesmo Espírito que faz tudo isto, distribuindo os dons a cada um conforme Lhe agrada.

Palavra do Senhor.

Cristina, não vás levar a mal…

por João Távora, em 16.01.25

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Podemos debater a importância da aparência de um candidato a um cargo político? É evitável que o eleitor estabeleça juízos com base no aspecto físico de um candidato? Não será a elegibilidade, popularidade de um candidato dependente do cruzamento de diferentes factores, para além da eloquência, inteligência, assertividade e empatia? A beleza não conta? Todos sabemos que sim.

De pouco nos serve menosprezar a natureza humana, e o eleitor ainda não responde aos estímulos como um algoritmo gerado pelos critérios equidistantes e racionais (?) da bolha duma redacção de jornal. Evidentemente que, na hora de adesão a um determinado candidato, se a ideologia – o modo como vê o mundo - com que ele se reveste para cativar um determinado segmento de eleitorado é relevante, muitos outros factores serão marcantes.

Como acontece numa carreira profissional, o que contribui para o sucesso, não é só a acuidade técnica ou grau de inteligência, o triunfo de um político depende do entrecruzar de muitos factores de carácter. Se o grau de combatividade e a resistência à frustração podem mitigar algumas falhas, a capacidade de liderança, de convencer os outros, desde logo os seus confrades, da bondade dos seus métodos e razões; a empatia, capacidade de cativá-los, para lá de questões objectivas – a aptidão empática também é um dado objetivo – será um factor determinante no sucesso dessa empreitada. Se tudo isto é importante no jogo da vida profissional, os defeitos físicos são determinantes nesse concurso. Evidentemente que no fim das contas, o “bom aspecto” também contribui para o sucesso: isso facilita as relações, abre portas e pontes, promove a boa vontade. Evidentemente, que num microcosmo de uma empresa ou instituição, as “falhas físicas” com mais ou menos esforço do individuo são superáveis, pela gestão das suas relações e persistência do seu redobrado esforço de afirmação interpessoal. O ser humano, mediante os seus handicaps “constrói-se” quase sempre dotado de habilidades que compensam e superam as suas deficiências. Como bem sabemos, uma pessoa muito estrábica, muito baixa, ou demasiado gorda, só para dar alguns exemplos, não está condenada ao fracasso profissional ou sentimental.

Mas estou convencido que na disputa política as coisas não se jogam exatamente assim. O desafio da afirmação pessoal no espaço público torna-se exponencialmente ampliado. Que qualidades são necessárias para compensar uma baixa estatura de um candidato presidencial, o estrabismo exagerado dum aspirante a presidente da Câmara, ou a obesidade duma candidata a primeira-ministra?

De nada serve fazer-se tabu dos defeitos físicos de um líder político porque na sua profissão eles serão sempre exageradamente exibidos pelas circunstâncias e natureza do “negócio” eleitoral. Essas imperfeições, se demasiadamente marcadas, na impossibilidade de uma relação pessoal com os interlocutores, ampliarão sempre a má vontade de quem não esteja convencido das virtudes do personagem.

É da natureza humana. E a democracia... 

Domingo

por João Távora, em 12.01.25

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Palavra do Senhor.

Chefe de Estado

por João Távora, em 10.01.25

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Desconfio que por detrás da grande adesão popular à candidatura de Gouveia e Melo revelada pelas sondagens, está um sentimento de orfandade de muitos portugueses do seu  Rei, pátria em figura humana, reserva moral de um povo inconscientemente à procura de um sentido superior de existência, acima da mesquinhez das inevitáveis bravatas entre facções e disputas entre partidos e grupos de interesses.

Parece-me que a figura de Gouveia e Melo, por enquanto em silêncio – e muito por causa disso - em certa medida corresponde a esse imaginário, o de um Chefe de Estado, sóbrio, austero e patriota – em tudo diferente ao actual incumbente. Mas o Almirante não tem a legitimidade de um rei, e em breve ver-se-á obrigado a despir a garbosa farda e descer ao ringue para enfrentar os outros candidatos para uma luta intestina, a esgrimir golpes baixos, às vezes na lama.

Se a república nos provou alguma coisa é que os portugueses aguentam tudo, até terem o Rato Mickey como Chefe de Estado se a tal forem obrigados.

Domingo

Epifania do Senhor

por João Távora, em 05.01.25

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Palavra da salvação.

Imagem: Adoração dos Reis Magos - Albrecht Dürer, 1504

Percepções

por João Távora, em 04.01.25

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A propósito da polémica gerada à volta da rusga na Rua do Benformoso, a esquerda em peso, na sua tradicional rejeição da burguesa autoridade policial, veio berrar contra o perigo das políticas condicionadas por “percepções”. Como se não fosse a função principal dos políticos gerir e cuidar das percepções geradas pela realidade que cada um experimenta. De resto uma percepção não é errada em si e é bom que cada um leve a sério as suas. A esquerda é aliás mestre no aproveitamento de percepções, ao acicatar a inveja contra o empreendedor capitalista, jogando com a percepção de que a riqueza é um bem estanque, que quando um empresário capitalista enriquece, o faz à conta das pessoas que empobrecem, como se a riqueza circulasse no mundo em circuito fechado em vasos comunicantes. O que a realidade analisada com cuidado nos mostra é que um empreendedor, ao criar um produto novo com interesse para o consumidor, (tomemos como exemplo a lâmpada eléctrica, ou a gravação sonora para consumo de Thomas Edisson) vai gerar uma riqueza que doutra forma não existiria, já para não falar do emprego que cria e dos impostos que gera, para usufruto do tão amado Estado.

Evidentemente que a percepção de insegurança é um problema que terá de ser aplacado pelo poder político, de pouco valem as estatísticas nacionais, no caso concreto de uma rua ou bairro onde de facto os moradores, vizinhança ou passantes se sentem inseguros, perante um panorama de consumo ou tráfico de droga. De resto, de pouco serve a comparação da realidade de Lisboa ou Porto com a realidade de uma grande metrópole sul-americana, a um munícipe que tenha sido assaltado na Meia Laranja ou que tenha receio de circular à noite numa rua dos subúrbios de Lisboa.

Nunca a longevidade, as condições sanitárias e os recursos de saúde foram tão democráticos como nos dias de hoje, mas convenhamos que é importante aplacar a percepção de insegurança de um utente na perspectiva de se confrontar com a necessidade de acorrer à urgência de um hospital. Os políticos no poder e na oposição sabem bem disso, que é pelas percepções que ele se conquista e perde. A estatística de pouco vale em confronto com as percepções; como sabemos, a Estatística é a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um.

Bom Ano Novo a todos os leitores do Corta-fitas

Domingo

por João Távora, em 29.12.24

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Palavra da salvação.

Natal, Natal!

por João Távora, em 25.12.24

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

Palavra da salvação.

Sandro Botticelli - 1500

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A propósito do rasgar de vestes e vozearia indignada por conta da rusga da passada quinta-feira no Martim Moniz, por parte de comentadores e políticos particularmente virtuosos - como o autarca Miguel Coelho, Ferro Rodrigues ou Pedro Nuno Santos -, a acusar Montenegro e Carlos Moedas da mais perversa iniquidade e outros defeitos de carácter piores, venho lembrar os meus amigos aquela velha máxima atribuída a Napoleão: “Nunca interrompa o seu inimigo enquanto ele estiver a cometer um erro”.

Os residentes e vizinhos das imediações da Rua do Benformoso, cansados do degradante espectáculo diário de marginalidade, estão por certo agradecidos e anseiam por mais.

Domingo

IV do Advento

por João Távora, em 22.12.24

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Visitação, por Rembrandt (1640)

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

Palavra da salvação

Preparados para um milagre?

por João Távora, em 20.12.24

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Curiosa é a passagem do Evangelho (Lc 24) quando dois discípulos, após a crucificação, seguiam desolados para Emaús, e Jesus, sem que eles O reconhecessem se acercou indagando sobre o que conversavam. Estranhamente cegos, retorquiram-Lhe: «Serás Tu o único forasteiro em Jerusalém a não saber o que lá aconteceu nestes dias?» Contaram-Lhe então eles o que houvera acontecido três dias antes em Jerusalém, como estavam desiludidos com o desenrolar dos acontecimentos: “Nós esperávamos que fosse Ele quem estava prestes a resgatar Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram”. O facto é que só no fim do estranho encontro, acabam depois da ceia partilhada, por reconhecer um ao outro: «Não nos ardia o nosso coração quando Ele no caminho nos falava, quando nos abria as Escrituras?». Quando se reuniram com os restantes apóstolos logo relataram o espantoso encontro com o Salvador.

Vem isto a propósito do Natal que se aproxima, e que nos desafia a sairmos do “capacete”. Mais que as ingratas e inevitáveis rotinas mundanas, são as nossas limitações humanas que se impõe na percepção do Mundo, reduzindo-o à nossa (de cada um) precária inteligência. A história do Natal, do filho de Deus omnipotente que escolhe uma manjedoura para vir ao mundo é um alerta para a armadilha fatal do cinismo, que resulta dessa visão míope, para mais limitada a um minúsculo ponto de vista, da realidade.

Daí que nos seja tão difícil detectar os milagres que acontecem na nossa vida, dispormo-nos a uma perspetiva que se eleve das contingências e subjectivas sensações de cada momento. Foi essa disposição que os peregrinos de Emaús encontraram, e dessa forma lhes permitiu ser testemunhas do milagre anunciado pelas escrituras. A chegada do Messias para nos salvar, sofrendo e tomando a forma humana, para alcançar a Glória para nós, sua criação.

Paz na terra aos homens de Boa Vontade, que não deixem escapar o milagre do Natal que se aproxima. A alternativa não faz qualquer sentido.

Imagem: Caravaggio, 1601 - Óleo sobre tela, Galeria Nacional de Londres

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Domingo

III do Advento

por João Távora, em 15.12.24

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Batista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem batizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu baptizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».

Palavra da salvação.

Surpreendente testemunho

por João Távora, em 13.12.24

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Ontem, fora de horas, tendo apanhado um Uber conduzido por um jovem negro, reparei no facto curioso de o mostrador do rádio exibir uma emissora de Luanda. Porque a viagem era longa, para fazer um pouco de conversa, perguntei-lhe se era natural da capital de Angola, ao que o motorista me respondeu que não, que era oriundo de Cabinda. Então, veio à liça a sua preocupação com o abandono do governo angolano deste riquíssimo enclave e da permanência do latente conflito do seu povo que sente merecer outra atenção, talvez o reconhecimento de alguma autonomia administrativa face a Luanda. Com um discurso estruturado e muito razoável face a este sensível imbróglio, foi com alguma surpresa da minha parte que o ouvi traçar rasgados elogios ao Duque de Bragança, que o jovem angolano considerou como um dos protagonistas com uma posição mais equilibrada e independente sobre o assunto.

De facto, há décadas que, longe dos holofotes e sem reclamar estrelato, o Senhor Dom Duarte percorre os territórios e comunidades da antiga portugalidade, onde é acarinhado e muito respeitado, a construir pontes e semear laços de paz.

Foi um surpreendente e consolador testemunho, este que ontem me foi dado viver. 

A salvação não é deste mundo, a luta sim

por João Távora, em 13.12.24

O regime de Assad era um veículo da influência do Irão e da Rússia no Médio Oriente. Mantinha a rota pela qual eram abastecidos e orientados o Hezbollah e o Hamas. A sua destruição é uma boa notícia para quem cuida da defesa do Ocidente. E não, uma vitória ocidental não tem de ser idêntica à transformação da Síria numa nova Suíça, ou ao advento da paz total e definitiva no Médio Oriente. Essa é a outra confusão que alimenta o derrotismo ocidental. O mundo nunca será igual ao Ocidente nem nunca corresponderá exactamente aos seus ideais: o hard power do colonialismo não o conseguiu, nem o soft power da globalização. O mundo é complexo, e uns inimigos substituirão os outros. Não deve haver ilusões a esse respeito: a defesa do Ocidente nunca terá fim. Pode bem ser que no lugar do derrubado ditador sírio venha a estar em breve outra situação ou regime igualmente funestos. Mas isso não é razão para desesperar e começar a ter saudades de Assad. O Irão está em desvantagem no xadrez que começou a jogar com o ataque a Israel em 2023: é isso que neste momento mais importa. A salvação não é deste mundo. O que é deste mundo é a luta. Talvez não nos seja dado mudar o mundo, mas podemos derrotar os nossos inimigos. Em épocas menos ingénuas, os ocidentais souberam isso. É tempo de o voltarem a aprender.

Rui Ramos, a ler na integra no Observador

Não há mal que sempre dure...

por João Távora, em 11.12.24

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Ninguém imaginaria há duas semanas a hecatombe que se iria abater na equipa de futebol do Sporting. Sou o primeiro a dar a mão à palmatória por tender a subestimar a importância do treinador no grupo de trabalho. Nem nas minhas mais negras previsões imaginaria que uma equipa aparentemente invencível com Ruben Amorim, duas semanas após a sua saída sofreria quatro derrotas seguidas. Os jogadores são os mesmos assim como o sistema de jogo – não me venham cá os intelectuais da bola com teorias de equívocas “novas geometrias” e “losangos do meio-campo” implementadas pelo novo treinador João Pereira: o sistema é o mesmo, condicionado por inúmeras lesões de jogadores fundamentais substituídos por diferentes protagonistas. O problema, quanto a mim não reside no novo treinador. Ruben Amorim nos últimos 4 anos envolveu-se e deixou uma marca fortíssima em todo o balneário do Sporting, uma mística que ao desaparecer, abalou profundamente o subconsciente dos jogadores, que ficaram com as pernas a tremer.  Isto para dizer que a quebra de produção da equipa tem mais a ver com a traumática saída de Amorim que com a entrada de João Pereira.  Qualquer treinador que chegasse depois de Amorim estaria condicionado por este impacto, estava condenado a ser queimado.

Como sempre defendi, o fascínio do futebol é a sua dinâmica colectiva, profundamente ligada a frágeis factores de psicologia de grupo lentos de implementar. Essa é a razão porque falham tantas equipas recheadas de bons jogadores. João Pereira pouco poderá fazer que resolva este problema de um dia para o outro, e estou em crer que a sua capacidade de liderança está definitivamente comprometida pela cruel realidade: quatro derrotas seguidas.

Tudo isto conduz a outra questão, para mim a mais efectiva neste momento. A preponderância de alguma racionalidade na massa adepta leonina, tão dada a atitudes autofágicas, como já se vislumbrou ontem com o arremesso de tochas aos jogadores na Bélgica por energúmenos das claques. Desses já sabemos o que esperar. Dos outros exige-se ponderação, amor ao clube e apoio incondicional à equipa que subir ao relvado no próximo sábado.

De resto, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. Por isso é que em mais de um século o Sporting nunca tinha ganho mais de 12 jogos e o record caiu. Os records são isso mesmo fenómenos raros, como quatro derrotas seguidas.

No que depende de nós sportinguistas, há que não deitar tudo a perder. E confiar em Frederico Varandas e Hugo Viana.

Publicado originalmente aqui

Domingo

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem santa Maria - Padroeira de Portugal

por João Távora, em 08.12.24

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Evangelho segundo São Lucas 1,26-38.

Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Palavra da Salvação

Domingo

1º do Advento

por João Távora, em 01.12.24

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».

Palavra da salvação.


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