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Liberdade

por João Távora, em 24.12.21

(...) E julgo que foi isso que aconteceu nos últimos 25 anos: a meio dos anos 90, mais coisa menos coisa, a sociedade do ‘risco zero’ retirou qualquer liberdade física às crianças. E esta infância ultraprotegida criou gerações de pais e filhos que não sabem lidar com a liberdade e com o consequente risco. É por isso que estamos a caminhar alegremente para fenómenos autoritários e securitários: o politicamente correto, o tribalismo nativista, a hipocondria securitária. Estas três correntes vivem na e para a obsessão securitária do ‘risco zero’. O politicamente correto exige viver um ambiente sem o risco de ouvir piadas ou pensamentos considerados ‘inseguros’ para as sensibilidades de x e y. O nacionalismo tribalista exige viver num ambiente sem o risco de piadas ou pensamentos considerados ‘inseguros’ para as suas crenças e, já agora, também considera o estrangeiro como ‘inseguro’. De igual forma, a hipocondria do #ficaremcasa é o maior instrumento xenófobo deste século: o ‘outro’ passou a ser um foco ‘inseguro’ de infeção. De resto, passados dois anos, a sociedade ainda não conseguiu assumir que nunca haverá ‘risco zero’ contra um coronavírus, que nunca haverá ‘zero mortos covid’. Ou seja, além de não conseguirem lidar com o risco inerente da vida, estas gerações vivem obcecadas com o controlo humano sobre tudo, a pior de todas as ilusões, a porta de entrada de todos os ditadores. Exagero? Vejam a série “Years and Years” e depois digam-me se aquele futuro distópico e próximo já não está à nossa porta.

Henrique Raposo hoje no Expresso

Mãe, aquele menino roubou o meu brinquedo...

por João Távora, em 11.10.21

O dr. Nuno Melo considera que “alguns ficarão chocados” por ele defender “igualdade de direitos entre homens e mulheres”; e “espera que também não fiquem chocados” por ele defender “salários condignos” e “auxílio aos mais necessitados”. O dr. Nuno Melo receia “chocar” a plateia dele, mas não receia que os jornalistas e os eleitores imaginem que o CDS pensa como ele, e interpreta o país como ele, e no final produza estas puerícias e as confunda com declarações políticas. Alguém tem de explicar ao dr. Nuno Melo que ninguém em Portugal, nem nenhum partido, da ponta esquerda à ponta direita, discorda dele. Pelo menos há 40 anos. Ele que procure e faça o favor de nos vir mostrar o indivíduo que, no espaço do debate público, defenda direitos diferentes para homens e mulheres, ou salários indignos, ou que os mais necessitados devem permanecer sentados na borda do passeio.

É uma inclinação esquisita que dá nos putativos candidatos ao lugar de Francisco Rodrigues dos Santos, já o dr. Mesquita Nunes se apresentou com a ideia “chocante” de “desenvolver a economia sem deixar ninguém para trás”. Também não percebeu que uma ideia só é política e só é relevante se tiver um potencial de oposição. Quando toda a gente concorda, não é política – e dificilmente é uma ideia –; mais depressa se trata de um facto, ou de um desejo. (...)

A ler o artigo da Margarida Bentes Penedo na integra no Observador

As eleições autárquicas são o pilar fundamental de qualquer democracia evoluída. O poder autárquico e o seu exercício aproximam as pessoas do poder e, ao mesmo tempo, tornam patente a necessidade, eu diria a urgência, da participação de todos na gestão da cidade e na defesa do bem comum.

Os concelhos e as freguesias (e antigamente as paróquias) são o nosso chão comum primário, comunidades de pertença fundamental, espaço privilegiado de realização humana, só ultrapassados em importância e proximidade pela célula familiar.

Não é casual a forte tradição municipalista entre os monárquicos. Desde logo nos neo-intregralistas, como Ribeiro Telles, Jacinto Ferreira ou Barrilaro Ruas, que viam na valorização do poder local, e nas suas instituições profundamente humanistas e personalistas, uma forma de promoção da liberdade das comunidades – logo dos indivíduos - contra a cegueira do centralismo macrocéfalo, economicista, burocrático e quantas vezes ideológico. Um efectivo contrapeso à tendência que os grandes poderes têm de se auto-alimentarem e de se distanciarem da realidade micro das pequenas comunidades.

O grande Leviatã de Thomas Hobbes prefere a indistinção e a padronização, a docilização e a domesticação dos indivíduos, ainda que esse fenómeno acarrete o seu alheamento da política, ou seja, a abstenção na construção e a preservação do que é de todos. (...)

Continuar a ler aqui

Da adolescentocracia

por João Távora, em 05.09.21

"Aqueles que, entre nós, celebram a desdita americana e afegã são os adversários rancorosos do mundo livre, os neurasténicos das "responsabilidades do Ocidente" para com um mundo arcadiano onde, antes da Europa e da América, saltitava o bom selvagem de Rosseau, saracoteando por vales mimosos com coroas de flores no cabelo. Esses simples já comandam a academia e administram prédicas, em canal aberto, a multidões que se riem dos mistérios da fé, mas que, no fundo, adoram padres, desde que não usem cabeção."

Sérgio Sousa Pinto no Expresso

O estado de pânico

por João Távora, em 22.08.21

(...) Sempre soubemos que não podíamos viver num mundo com zero terroristas, zero SIDA ou zero criminalidade pois o preço a pagar por tais “zero” era demasiado elevado e sobretudo incompatível com os nossos valores e forma de viver. Mas isso era o que se sabia antes do grande reset estatista das nossas vidas em que o combate ao Covid se transformou. Perante o Covid, o objectivo não foi defender o nosso modo de vida, como aconteceu aquando do aparecimento da SIDA ou do ataque às Torres Gémeas, mas sim suspender esse modo de vida.

Sociedades envelhecidas, domesticadas pelo constante controlo fiscal, desprovidas de bom senso, idiotizadas por activismos minoritários, mostraram-se particularmente vulneráveis quando postas perante uma ameaça sanitária. Onde as velhas ideologias falharam triunfou o emergentismo: o dia a dia dos povos está transformado num conjunto de absurdos justificado pelo combate ao Covid. O controlo e o poder dos estados sobre os cidadãos aumentou exponencialmente. Não menos importante, não são pedidas responsabilidades, tudo fica para depois. (...)

A ler este artigo da Helena Matos na integra aqui no Observador

O desassossego de sermos livres

“se um homem nasce para escravo, a liberdade, sendo contrária à sua índole, será para ele uma tirani

por João Távora, em 20.08.21

"Para terminar, volto à ideia da “Atlantic”: porque é que tanta gente não quer sair do confinamento? Porque é que tanta gente prefere a segurança e a ilusão do risco zero em relação à liberdade? Paradoxalmente, o medo dá segurança conceptual e, acima de tudo, dá uma receita moralista que garante uma alegada superioridade moral àqueles que erguem bem alto o estandarte do medo enquanto única saída.

Do ponto de vista epistemológico, nada dá tanta segurança conceptual como o medo em relação a um único inimigo: só há uma coisa, esse inimigo, para percecionar. O resto da realidade, a imensidão de fenómenos e factos da vida, desaparece. Acompanhar cinco, dez ou quinze fenómenos de uma realidade pluralista exige um esforço mental permanente e colossal. Ao reduzir a realidade a um único item, o medo torna a vida intelectual mais simples e isso tranquiliza, dá segurança, temos a sensação de que controlamos tudo. Neste caso, só interessa ver o Excel diário da covid. (...) Já não interessa a cultura da liberdade e a banalização do estado de emergência, tal como a banalização dos pedidos de censura e silenciamento daqueles que ousam questionar a realidade reduzida a um único item. Fazer perguntas torna-se num ato imoral, repulsivo. Pois bem, se a realidade está reduzida a um único problema, o medo também é um calmante moral, porque acaba com os dilemas da escolha. Se tudo é covid, então não há escolhas e equilíbrios a fazer nas nossas escolhas. "

A ler na integra este estimulante ensaio do Henrique Raposo no Expresso de hoje

* Fernado Pessoa em “O Banqueiro Anarquista”

(...) Enquanto indivíduos, precisamos das vantagens do convívio social e do sentimento físico de pertença ao todo, sobretudo numa época em que as velhas tradições comunitárias e de associativismo estão em queda. No entanto, o regresso à normalidade não deve apagar a memória dos tempos excecionais que vivemos. A embriaguez da multidão — o efeito político de um fenómeno despolitizado — e a tentação do esquecimento podem levar-nos à desvalorização dos efeitos políticos da pandemia, a arrumar na gaveta as restrições arbitrárias à circulação, as limitações ao horário de funcionamento do comércio, a exigência de certificados, os mapas de risco que tudo justificam, as interpretações maximalistas da Constituição que têm autorizado todos os atropelos e desrespeitado qualquer sentido de proporcionalidade. Se virmos a pandemia como um teste à resistência das nossas estruturas democráticas e à capacidade da sociedade civil de vigiar e escrutinar o poder político, então temos razões para ficar preocupados. É que, no meio da multidão, poucos se atreveram a apupar o discurso do poder.

A ler o ensaio de Bruno Viera Amaral que bem justifica a compra do Expresso desta semana

Casamento

por João Távora, em 24.07.21

"As crianças que crescem num casamento sólido são cada vez mais uma minoria — a minoria privilegiada. Seja ela negra, hispânica, asiática ou branca, uma criança faz parte da minoria privilegia­da se viver numa casa sem divórcio. É esta a grande clivagem, meus amigos: o casamento. Não é o género, não é a raça, não é a orientação sexual, nem sequer é a classe social. É o casamento. Quando se analisam as possibilidades de sucesso de uma criança, é claro que o fator fundamental é a classe social, e não o género ou raça. No entanto, se crescer numa família sólida, a criança pobre tem mais hipóteses de ascender pelo estudo. Tudo se torna mais difícil no contexto do divórcio e sobretudo no contexto de uma marca social do Ocidente do século XXI: a fuga do pai. Os homens, sobretudo negros, brancos e hispânicos, tendem a fugir das suas responsabilidades — o exato oposto do homem asiático (indiano, coreano, chinês), que permanece ancorado à família e à paternidade. Não por acaso, as crianças asiáticas estão a superar em todos os níveis as crianças negras e também as brancas pobres.

Para mais informação comparativa, leiam, por favor, na “Spectator”, uma peça de Edward Davies, “Forget race or class, marriage is the big social divide”. Aqui quero apenas salientar que este assunto, apesar de ser vital, é um tabu. Não se pode falar de casamento, porque é visto como um assunto ‘reacio­nário’. Não se pode falar de casamento, porque a agenda cool exige que se fale apenas de questões identitárias e de racismo e de machismo. Esses pontos são legítimos, sim, mas não são o nó górdio. Antes de ter a tez escura e de ser do sexo feminino, uma rapariga negra é, antes de tudo, pobre. E a sua pobreza é reforçada porque vive apenas com a mãe. Cerca de 70% das crianças negras nos EUA crescem sem o pai. É o inverso da miú­da asiática que tem de lidar com o mesmo contexto social: também é de uma minoria étnica, também é pobre. Só que esta rapariga asiática tem algo que a rapariga negra não tem: uma cultura familiar e, sim, conservadora, que mantém o pai preso ao casamento e à estabilidade que permite a ascensão social dos filhos.

O colapso da família é pior do que o desemprego. O emprego vai e vem. A família é a estrutura que suporta uma pessoa nos momentos de desemprego, dando-lhe uma sensação de segurança e, por arrasto, uma mente mais racional e calma. Portanto, tenhamos coragem para ver a evidência: antes de qualquer outro fator, o que atrasa a vida de uma rapariga negra não é o racismo ou o machismo, é o colapso do casamento, o divórcio, a fuga do pai às suas responsabilidades. E — repito — encontramos o mesmo fenómeno nos brancos pobres. A este respeito, sugiro que vejam um filme que retrata sem adjetivar a cultura de pobreza que se desenvolve nas mães solteiras brancas e pobres. Chama-se “The Florida Project”. É muito fácil criticar aquela mãe intempestiva, imoral ou amoral, sem noções básicas de educação. Mas ela e outras raparigas estão sozinhas com os filhos. Eles fugiram. A eterna adolescência dos homens é o grande problema da sociedade ocidental, é a causa da nossa decadência. “É só meninos”, como diz o meu velho."

Henrique Raposo aqui no Expresso

A memória como património

por João Távora, em 20.05.21

(...) Quase cinquenta anos — sublinhe-se as vezes que for preciso! — após a revolução de 1974 e o fim do dito «império», boa parte da nossa memória colonial continua ainda por descobrir, revelar e debater à luz de muitos documentos que os historiadores actuais sequer viram em instituições científicas, académicas, militares, museus e arquivos nacionais mantidos durante décadas sem orçamento, meios logísticos, equipas técnicas qualificadas e outras condições essenciais ao cumprimento das suas funções perante imponentes massas documentais produzidas por séculos de história ultramarina, que continuam por catalogar e descrever, quanto mais por digitalizar e partilhar em regime aberto (o chamado digital scramble). (...)

A ler  o nosso Vasco Rosa na integra, aqui

A gente não manda nada

por João Távora, em 12.03.21

(...) A epidemia tornou evidente esta obsessão com o controlo. A sociedade que #ficaemcasa porque vive na ilusão de que se pode matar um vírus que causa a morte natural de pessoas que já estavam à beira da morte natural é a mesma sociedade que aceita a eutanásia destas mesmíssimas pessoas. O que está em causa, portanto, não é a morte em si, mas sim o controlo cénico do homem sobre a morte. Em paralelo, há um medo de fazer perguntas óbvias, porque essas perguntas colocam em causa a necessidade que as pessoas têm de sentir que estão no controlo das coisas. Os estudos mostram que as escolas abertas não são um fator de descontrolo da pandemia, mas a maioria das pessoas exigiu as escolas fechadas porque precisava desse placebo. Há mais perguntas que inquietam: se a população está há semanas em completo desrespeito pelo confinamento, porque é que o número de casos baixou tanto? Será possível que, além do contacto humano, o vírus precise de elementos exteriores à vontade humana (vagas de frio, variantes novas) para se tornar explosivo? E porque é que medicamentos já existentes não estão a ser testados em ensaios clínicos? Porque é que falar de ivermectina é um tabu? Há pessoas que veem aqui teorias da conspiração e os interesses das farmacêuticas. Não, não é isso. A questão é que as pessoas não aceitam o acaso. Não aceitam a hipótese de uma cura descoberta por acaso. Ou seja, não aceitariam a penicilina como medicamento válido. Falta-nos a humildade de Eclesiastes ou da minha avó, ‘A gente não manda nada, filho!’

Henrique Raposo no Expresso

Os escombros

por João Távora, em 26.02.21

Suzana Peralta.png

Esta entrevista Susana Peralta teve o mérito de por "a burguesia" a olhar para a sua carteira, e quem sabe para os desgraçados que estão a pagar a factura do confinamento - que é o capítulo que se segue quando nos dispormos a olhar para os efeitos colaterais da gestão da pandemia. Por ora há gente a mais confortavelmente no sofá a comer pipocas enquanto assiste pela TV ao desastre que se agiganta do outro lado da sua porta.

Pena de morte

por João Távora, em 12.02.21
(...) Nós somos seres emocionais e morais antes de sermos válvulas com fluidos. E esta realidade imaterial da nossa condição humana está a ser esquecida pelas medidas draconianas desta pandemia. Num país e num Ocidente tão envelhecidos, nós estamos a impor uma mortalidade escondida através deste #ficaremcasa cego e presunçoso da sua superioridade moral. Se há muitos idosos a morrer de covid, há muitos outros idosos a morrer da cura, de outras doenças que o sistema de saúde, os media e os políticos não querem ver ou simplesmente de solidão. Se não matarmos esta cultura que cobre o toque humano com um manto de culpa enojada, como tantos já pedem, a nossa terceira idade continuará a ser dizimada pela epidemia da solidão mesmo depois de alcançarmos a imunidade de grupo contra a covid.

Henrique Raposo hoje no Expresso

Por um partido de valores e princípios

por João Távora, em 05.02.21

(...) Um pouco por todo o lado ouvimos dizer que a manutenção de Rodrigues dos Santos na liderança do CDS vai provocar a debandada dos liberais para a IL. Mas o inverso também seria verdadeiro: um CDS liderado por Mesquita Nunes agravaria a migração do voto conservador para o CH. Desta tenaz já não nos livramos, isso é certo.
Como também não nos livramos da exigência de abertura à totalidade da realidade que norteou o pensamento político dos nossos fundadores: o CDS não se pode dar ao luxo de decair no simplismo ideológico de uma IL, que diviniza o indivíduo e diaboliza o Estado, muito menos pode explorar a política de ressentimento de um CH, que desafia as regras mais elementares de dignidade e decência. É essa a nossa herança. É essa a nossa riqueza. É essa a nossa necessidade de originalidade e criatividade. (...)

A ler Nuno Lobo na integra aqui

Foi assim que tivemos o primeiro governo, desde 1975, que jamais enfrentou uma manifestação, nem paredes pintadas a mandá-lo embora. À direita, a crise e a tentação de colaborar é a mesma. Nunca a direita valeu tão pouco, nem mesmo em 1975. O PSD desespera do futuro do seu aparelho autárquico. O CDS foi arruinado pela facção que o dirigiu até ao ano passado. As fragilidades são tão grandes, que nem foram capazes de resistir à manobra socialista para, aproveitando a participação do Chega na nova maioria açoriana, tornar uma derrota dos socialistas num “problema” — da direita.

A ler a crónica de Rui Ramos desta semana no Observador

Mais umas semanas enroladinhos em casa, hem?!

por João Távora, em 09.01.21

"A força política para que isso [confinamento] aconteça é muito grande. Basta ler os jornais que há dois dias pedem que tudo se feche. E esta é também uma forma de acalmar o medo que se foi instalando. Mas a eficácia do confinamento é muito baixa (...) A eficácia para evitar as mortes é muito baixa. E a mim o que me preocupa é evitar que as pessoas morram."

Como sabem não tenho qualquer interesse em votar nas eleições presidenciais, mas detesto que me fechem em casa. Façam o favor de ler esta entrevista Jorge Torgal, professor catedrático de Medicina, ao jornal Público.

Uma entrevista a um médico sensato

por João Távora, em 08.01.21

(...) Era indiscutível: havendo um número grande de contactos entre agregados familiares e contactos mais prolongados, porque uma refeição de Natal demora mais tempo… As pessoas têm direito a fazer as escolhas delas, quiseram estar umas com as outras. Mas, mesmo que o aumento do risco fosse pequeno, como houve muitos encontros destes, naturalmente que ia haver maior possibilidade de ocorrência de infecções. O que estamos a ver desse ponto de vista é absolutamente esperado. Não é aceitável nem moralmente, nem eticamente, não é decente dizermos que isto é culpa das pessoas. As pessoas têm de viver. O que é mais dramático e inaceitável é criarmos esta ideia de que isto foi culpa das pessoas que não ficaram sozinhas em casa. E foram visitar o pai, o velho tio ou um irmão doente ou um amigo. Fizeram-no, porque são seres humanos e tenho a certeza de que a imensa maioria teve a preocupação de se defender a si e aos outros. É evidente que, depois, há uma espécie de caricaturas, umas imagens de gente muito jovem que se considera imortal, mas não é isso que é responsável pela infecção.

A ler a esta lumisosa entrevista a Henrique de Barros, e mostrem-na ao Miguel Pinheiro do Observador

Da mediocridade

por João Távora, em 05.01.21

"Se gosta de ter o penúltimo mais baixo rendimento bruto por hora de trabalho entre todos os países da Europa (4,6 euros – na Dinamarca são 19,2; no Luxemburgo, 15; em Espanha, 10; na Polónia, 8) e o penúltimo mais baixo poder de compra (dados Eurostat) vote socialista." Mas há mais 43 razões todas válidas.

A direita e o Síndrome de Estocolmo

por João Távora, em 27.11.20

(...) O Mamadou Ba que anseia por “matar o homem branco” é um cavalheiro culto e gentil que cita Fanon; o político de direita que pretende reformar a Segurança Social é um assassino bárbaro que conspira para assassinar os pobres. Tudo em nome das metáforas.

Ninguém tem o direito de esperar que a esquerda deixe de fazer isto. É o que lhe convém: inocentar os seus, e demonizar os outros. O que compete a uma direita democrática não é queixar-se e exigir à esquerda que abandone os seus critérios duplos: é não se deixar impressionar, pois se esses critérios funcionam, é apenas porque uma parte da própria direita, por medo ou conveniência, os adopta para distinguir, entre os seus, aqueles que têm direito ao título de “democratas” e os outros, que podem ser tratados como “fascistas”. A força do esquerdismo não vem da esquerda, mas da cobardia e do oportunismo da direita. E não, isto não é uma questão tribal, de equilíbrio entre clubes. É uma questão de pluralismo e de liberdade, porque liberdade e pluralismo não existem onde o debate está tão enviesado. Nunca chamarei a polícia, como é hábito fazer à esquerda, por causa do que alguém disser. Acho bem que Mamadou Ba seja um homem com liberdade para citar Fanon ou o que lhe apetecer. O que também acho, no entanto, é que Mamadou Ba não pode continuar a ser o único homem com liberdade em Portugal.

A Ler a crónica semanal de Rui Ramos no Observador

O diagnóstico

por João Távora, em 07.11.20

(...) O problema, parece-me, é que boa parte dos jornalistas e comentadores não quer observar a realidade; as pessoas deste meio falam e escrevem para outras pessoas do meio num circuito fechado e de esquerda. Ora, esta falta de honestidade intelectual era um problema em si mesmo, mas agora também é a causa de dois fogos políticos bastante graves. Primeiro, esta bolha elitista coloca em causa a autoridade dos media, porque é claro que as redações não conseguem ou não querem ver a realidade e, nesse sentido, deixam de ser a ponte entre o público e a tal realidade. Segundo, este jornalismo tão encostado à esquerda é ironicamente a maior arma da ascensão da extrema-direita, porque cria os ângulos cegos aproveitados por Trump e Le Pen. (...)

Henrique Raposo - Aqui no Expresso

Sobre o abandono dos velhos

Recuperação do modelo antigo de organização familiar é sem dúvida um passo na direcção certa.

por João Távora, em 31.10.20

(...) "Quando o pó pandémico assentar, temos de rever a nossa relação com os velhos. Por exemplo, as casas do futuro não podem ser apenas “verdes” e preocupadas com os ursos da tundra, têm de ser casas preocupadas com os nossos pais. As casas da cidade não podem ser pensadas apenas para a família nuclear, têm de ser pensadas para uma família mais alargada. A par desta mudança arquitetónica, precisamos de uma revolução moral: não podemos continuar a viver no pressuposto de que a velhice dos nossos pais não pode ocupar o nosso espaço, o nosso tempo e o nosso dinheiro."

Henrique Raposo hoje no Expresso


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