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Crónica dum destino miserável

por João Távora, em 03.04.19

Retrato de família.jpg

Há quem estranhe os casos de endogamia e nepotismo denunciados no governo e gabinetes por aí abaixo. Este fenómeno, mais do que demonstrar-nos que a elite socialista tem recursos limitados e é pouco permeável (sinal dos tempos de austeridade), revela-nos que perdeu o pudor. A vida é dura, o Estado é um apetecível salão de banquetes, mas também serve uma sandocha se for suplicada nos canais certos: em tempos soube de uma feroz disputa partidária por um lugar subalterno (de ordenado mínimo) numa junta de freguesia de Lisboa. Mas os lá de cima conhecem-se todos uns aos outros há décadas, e como nas famílias da antiga nobreza (como a minha) dão muita importância aos apelidos porque eles revelam parentescos e fidelidades sempre úteis. Frequentam os mesmos restaurantes e vernissages, encontram-se nas férias em selectos destinos de veraneio, os filhos frequentam as mesmas escolas privadas e laicas, enfim, falam a mesma linguagem, são a reserva da Nação. Quando um dia por improvável e injusto acaso os socialistas tiverem de saír do governo para alguém vir arrumar a casa, esta pseudofidalguia retornará aos seus lugares, a minar as autarquias, institutos, arrumadas em direcções e gabinetes de empresas entretanto recuperadas para a esfera do Estado, na certeza de que o inverno será curto. E que, com as relações certas, alguma dedicação ao partido e um pouquinho de sorte, em breve se reencontrarão com o estrelato nos corredores do Terreiro do Paço e muitas viagens para Bruxelas. Entretanto, cá em baixo os portugueses contentam-se com um ordenado de menos mil euros (a única forma de não serem esmagados por impostos) e um desconto no passe social (que dá para pagar pão, leite e frangos, dizia ontem um popular na TV). Esses portugueses que ainda não perceberam que eles são muito poucos e não andam armados, só vivem à nossa custa e ainda por cima riem-se de nós como alarves.

 

Fotografia Lusa

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Chegou o Movimento 5.7 (5 de Julho de 1979 foi a data da fundação da A.D.), um movimento cívico e cultural que veio para auxiliar os partidos, na assunção de que a Direira atravessa hoje uma crise política e cultural, com o intuito de abrir um espaço de reunião de toda a família não-socialista. Um manifesto será publicado no próximo dia 23 de Março. A acompanhar.

Mediocridade

por João Távora, em 16.11.18

Em Portugal não se cultiva o diálogo e o apelo à moderação (agora tão na moda) o mais das vezes parece um convite ao silêncio de uma das partes, e já se equipara o conservadorismo ao fascismo. Velhos hábitos são difíceis de cortar: nos últimos duzentos anos tivemos uma guerra civil, um regicídio intervalando meia dúzia de revoluções. Em resultado disso hoje a pobreza e o fosso das desigualdades é aberrante no contexto europeu, a liberdade tem dias, e a fraternidade é o que sabemos. Portugal está longe de ser uma nação civilizada em que as diferentes ideologias coexistem num saudável conflito, franco e aberto, sem preconceitos, sem amputações provocadas por velhos ódios recalcados, escondidos, latentes, perversos. Temos a mediocridade que merecemos.

Transportes

por João Távora, em 18.10.18

Para a minha filha se deslocar diariamente do Estoril para a Cidade Universitária pago um passe de estudante de 54,00€ de comboio e metro. Hoje por causa da greve ela teve que adquirir um cartão "Zapping" (estranho nome estrangeiro) para apanhar o autocarro em Alcântara. Lá se foi o desconto prometido do Costa e receio que não tenha chegado a horas à faculdade. 
Isto para dizer que não nos podemos deixar enlear nos artifícios socialistas e prescindir de atender à raiz dos nossos principais problemas: há décadas que somos reféns do socialismo, um país sequestrado pela força de (alguns) sindicatos e do peso de um Estado que consome os parcos recursos da nossa economia. E a conversão do povo aos transportes públicos exige que os resgatemos ao Partido Comunista.

É importante manifestarmos a nossa zanga sem temores ou tibiezas.

Não nos deixemos iludir

por João Távora, em 22.03.18

A palavra “ilusionismo” utilizada neste artigo pela Helena Garrido é um adjectivo simpático para definir o governo de aldrabões que nos calhou em desgraça, aquilo ao que os portugueses têm direito e que, segundo as sondagens, gostam. A gestão à vista da conjuntura pela geringonça, se não nos acelera alegremente para o precipício, adia irresponsavelmente as reformas que o País necessita para ser sustentável. O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que não existe. 

Portugal precisa do PSD

por João Távora, em 19.12.17

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Santana Lopes lançou no passado domingo as bases para um programa política, uma mão cheia de banalidades, as quais, à excepção da redução do IRC para as empresas e a rejeição da eutanásia, o partido Socialista também subscreveria. Do lado de Rui Rio também não se lhe conhece uma ideia que contraste com o discurso do poder instalado que nos consome a todos há mais de duas décadas. Essa assunção de impotência do maior partido da oposição perante as reformas que foram sendo adiadas e as reversões que um país moderno e liberal exige é preocupante. Aliás as duas candidaturas à liderança do PSD são o reflexo de um partido com grandes dificuldades em renovar-se, em assumir uma dinâmica vencedora e reformista como é sua tradição, que preencha as expectativas dos portugueses que exigem a mudança. Acontece que Portugal precisa desse PSD, hoje mais do que nunca. 

A luta pela liberdade

por João Távora, em 09.12.17

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Não deixando de ser um assunto de suprema importância, a temática da gestão da contabilidade do país, mais décima, menos décima de déficit, mais décima ou menos décima de crescimento, não pode monopolizar da discussão política nacional. O pudor, se não vergonha, assumida nos tempos mais recentes pelos partidos da direita no que refere a uma perspectiva ideológica distintiva sobre as reformas preconizadas para um resgate do País do atoleiro em que vivemos imersos, vem empobrecendo o debate político, tornando-o árido e desmobilizador. É assim que se vai tomando como natural a prevalência da mensagem das esquerdas radicais, que aproveitam o vazio do contraditório ideológico para fazer vingar a ideia da fatalidade dos portugueses viverem submissos a um Estado omnipresente que com o seu centralismo sufoca a sociedade civil nas suas mais diversas formas de afirmação.

Sob este ponto de vista, parece-me fundamental que os partidos da direita (nomeadamente o meu CDS) assumam um discurso que saiba honrar as suas tradições liberais e conservadoras, promovendo as suas próprias reversões, recuperando causas que foram sequestradas pelo despotismo do unanimismo progressista imperante, atrevendo-se mesmo nas questões de costumes, mesmo que se afigurem de difícil afirmação. A redução do Estado a funções subsidiárias, a liberdade de ensino, a soberania e a identidade nacional, a família natural e o valor absoluto da vida, a valorização do território, a “descentralização” administrativa e ideológica na convocação da sociedade civil, são Causas que parecem utópicas mas que são bandeiras alternativas ao estaticismo imperante, na prática e no discurso. Estou convencido que a coerência aos princípios próprios, mesmo que contra o discurso politicamente correcto promovido pelos media institucionais, ganha pontos, se não imediatos, a prazo.

-------X--------

Passei ontem o dia entre amigos numa comunidade católica do conselho de Almada, o Vale d’ Acór, que, liderada pelo Pe. Pedro Quintela, há mais de 20 anos instituiu um projecto de tratamento e recuperação (repito, re-cu-pe-ra-ção) de toxicodependentes com base numa terapêutica fundada em Itália, o “Projecto Homem”. Por lá passaram ao longo do tempo, com mais ou menos sucesso, centenas de rapazes e raparigas com problemas graves de adição, muitos deles que após um duro processo terapêutico e de reinserção são hoje pessoas válidas na sociedade, protagonistas anónimos das suas próprias vidas. Triste foi constatar que, passados estes anos, esse projecto terapêutico se encontra ameaçado pelos programas de drogas de substituição e pela resistência do serviço nacional de saúde indicar este tipo de profilaxias aos utentes que nele pretendem ingressar, porventura mais dispendiosas e de resultados estatísticos mais atractivos. Ouvi um testemunho de um rapaz em sucessivas entrevistas no CAT foi insistentemente desaconselhado a integrar aquele programa no qual tinha intenção de aderir por já o conhecer numa experiência anterior. É triste constatar como alguns daqueles rapazes e raparigas que em tempos violentamente se confrontaram com o fim da linha, e que a contragosto ingressaram e estoicamente lutaram contra os seus fantasmas e fraquezas no duro programa terapêutico que lhes prometia a recuperação da dignidade duma pessoa livre, se fosse hoje, seriam convidados pelo Estado para um indigno perpetuar de uma vida humilhante de dependência e infantilização, que são os programas da metadona.

O que é que este parágrafo tem a ver com o assunto abordado nos anteriores? Tudo: a luta pela liberdade tem de ser a nossa maior Causa.

Harmonia e progresso

por João Távora, em 03.04.17

O Jornal da Noite da SIC promete para quarta-feira um "especial" sobre Passos Coelho na contingência dum “governo Socialista que soma vitórias”. Pela minha parte começo a acreditar que, bem vistas as coisas, para o País alcançar a harmonia e o progresso, ao regime basta um partido, o PS.

Tempos estranhos

por João Távora, em 12.12.15

Desgosta-me muito e desinteresso-me da política por estes dias em que os reaccionários recuperaram o poder, desconstruindo à golpada todas as convenções em que se foi fundando a nossa jovem democracia. As convenções que afinal deveriam ser preservadas e respeitadas como regras de uma constituição não escrita, emanada da da experiência e aplicada para o bem (mesmo) comum. Não é só o recuo das (poucas) difíceis reformas instituídas pelo governo do resgate, em favor das mais poderosas corporações que teimam bloquear o mérito e a exigência como valores cruciais, mas a estética revolucionária e desconstrutiva com que teremos de conviver impotentes, que esse é o preço que os socialistas pagam aos seus parceiros para aplicarem mais “austeridade”, tolerada agora como virtuoso "rigor". A semântica é uma batata. É tempo da comunicação social assobiar para o lado, para as ameaças da ascensão das extremas-direitas na Europa ou do fenomenal papão Donald Trump nas eleições americanas. Por cá o regime foi devolvido aos seus donos e a nova oposição está condenada a uma longa noite assombrada pelos seus esqueletos nos armários. Ou de crescimento e reconstrução.

40 anos do 25 de Novembro

por João Távora, em 25.11.15

25 de Novembro.jpeg

Tenho para mim que, se celebramos a liberdade no 25 de Abril, deveríamos festejar a democracia no dia 25 de Novembro. Num país cujas efemérides sacralizadas são tantas vezes duvidosas, é importante relembrar os acontecimentos e os protagonistas que, faz hoje quarenta anos, travaram o "Processo Revolucionário" que então paulatinamente instaurava um regime militar comunista em Portugal. É bom hoje lembrar esses tempos agitados, com as cadeias cheias de presos sem culpa formada, a comunicação social condicionada pelos comunistas, uma deriva de nacionalizações e muitas empresas e propriedades ocupadas por piquetes revolucionários. Hoje é bom lembrar que foi a partir do 25 de Novembro de 1975 que as armas e os militares iniciaram a sua lenta recolha aos quartéis e uma verdadeira transição democrática pode ser finalmente negociada entre as forças politicas sobreviventes. Encaremos a democracia não como uma conquista, mas uma tarefa que não acaba mais. 

Afeições

por João Távora, em 08.06.15

José Sócrates ao fim de seis meses já sofre do Síndrome de Estocolmo: não quer sair da prisão de Évora

O regime a chafurdar da lama

por João Távora, em 19.03.15

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O barulho causado por este “caso” das listas VIP confunde e desvia a atenção daquilo que deveria ser a preocupação primeira das pessoas: como se promover a protecção eficaz do sigilo fiscal, defender os cidadãos do simples voyeurismo do funcionário das finanças e no limite à sua utilização como arma de arremesso ou exibição pública na comunicação social. Parece-me muito pertinente que a Autoridade Aduaneira estude e ensaie estratégias profilácticas para esta perversão. Parece-me também bastante óbvio que há um conjunto de cidadãos que, pelo seu protagonismo social e político se encontram mais expostos a abusos e ataques, aspecto que em nome da eficácia legitima que se trate de forma diferente aquilo que é diferente – é evidentemente pouco provável que algum funcionário das finanças perca tempo a bisbilhotar ilicitamente a declaração de IRS do Manuel dos Anzóis vice-presidente do Grupo Recreativo e Cultural de Alguidares de Baixo. Pelo que venho lendo aqui e ali (seria interessante a comunicação social fazer uma pesquiza do que é a metodologia utilizada nos outros países) estas listas são prática comum onde impera a norma do sigilo fiscal para defesa da confidencialidade dos dados de cidadãos mais expostos à ira sectária de alguns ou sentimentos baixos da turba.

Custa por isso a entender como o governo, e principalmente o CDS cujo grupo parlamentar se reduziu a um silêncio ensurdecedor, se deixou tiranizar pelo igualitarismo politicamente correcto - proteger toda a gente é o mesmo que não proteger ninguém, como é fácil entender: por exemplo, não se preparam contingentes especiais de polícia onde o perigo de tumulto seja mais evidente, ou de vigilância numa exposição de preciosidades artísticas? Também me parece certo que António Costa ao cavalgar este caso, se no imediato ganha com a confusão - a mensagem que passa é de que o governo quer proteger os poderosos de serem fiscalizados -  a prazo compromete e enterra com mais lama o regime de que depende a sua carreira.  

Amargura

por João Távora, em 26.02.15

Pouca gente terá notado que ontem à noite Freitas do Amaral deu uma “Grande Entrevista” à RTP Informação a qual com alguma amargura resisti assistir aos primeiros 10 minutos. O caso José Sócrates suscita muitas dúvidas a Freitas do Amaral, constato... E Freitas do Amaral nunca teve dúvidas sobre a actuação de José Sócrates, pergunto-me?
O que explica esta patética irrelevância alcançada, que triste fim de vida este, de um político que tanto prometeu e acabou passando totalmente ao lado da História. A falta que faz a um homem inteligente e culto ter um carácter forte.

Epifania

por João Távora, em 26.02.15

Alfredo Barroso teve uma epifania e enquanto dormíamos anuncia o abandono do PS. A realidade não se cansa de nos surpreender. 

O desespero é mau conselheiro

por João Távora, em 31.01.15

salgadoesocrates.png

Com os patéticos ataques de Ana Gomes a Paulo Portas e da Comissão de Inquérito ao BES a Passos Coelho e ao Presidente da República está lançada a chicana politica em que o Partido Socialista aposta na tentativa de radicalizar um discurso vazio de soluções. Com José Sócrates na cadeia, o último primeiro-ministro que governou numa relação íntima com a oligarquia dos negócios, a António Costa restam poucas alternativas além de lançar a confusão e ajavardar a disputa para gáudio dos canais de notícias sedentos de conteúdos sensacionais e baratos. Acontece que a "merdização" da política apenas favorece a descredibilização dos partidos do "arco da governação" e promove as franjas radicais: em Ana Gomes já poucos acreditam, e a tentativa de aproveitamento da carta de Ricardo Salgado ainda vai virar o bico ao prego - trata-se afinal de atirar lama para a ventoinha. Como escreve o insuspeito Pedro Santos Guerreiro hoje no Expresso, “Querem falar da relação entre Salgado e políticos? (…) Então chamem ao Parlamento outras pessoas: Rosário Teixeira e Carlos Alexandre. Eles sabem.” Eu cá por mim obrigava os socialistas (e não só!) a assistir a um seminário sobre a decadência e queda do nosso rotativismo liberal no século XIX.

Respect

por João Távora, em 26.10.14

Concedo que talvez nos tivessemos livrado de muitos problemas para o País tendo sido evitado o último Orçamento de Estado da primeira legislatura de José Sócrates (em 2009, lembram-se da folgança?), mas duvido que seja essa a preocupação dos moralistas que perante a perspectiva duma arriscada sobreposição de eleições agora reclamam a antecipação das legislativas. Não me parece razoável que se mudem as regras do jogo no pressuposto de que os participantes não estejam à altura do desafio. O que é espectável e exigível depois de quarenta anos de democracia é que as instituições funcionem e os intervenientes tenham aprendido com a História e estejam à altura das suas responsabilidades. O caminho que nos resta é estreito e os mercados não deixarão de cobrar com língua de palmo qualquer aventureirismo. Os pressupostos são claros, jogue-se de acordo com as regras então.

A importância de se chamar António

por João Távora, em 14.09.14

 

Prova provada de que nem sempre a substância prevalece sobre a forma são as eleições primárias no partido socialista, em que tal matéria foi definitivamente banida da discussão. Simplificando, o que está verdadeiramente sujeito a sufrágio resume-se ao António. Ou ao outro, o tempo o dirá. Tem razão Jorge Coelho para se preocupar: o processo eleitoral no dia 28 tem que transparecer absolutamente imaculado, o que não é líquido, sabendo-se como as disputas dentro dos partidos tendem para deslealdade, obscuridade, fraudes e chapeladas. Se assim não for nem a vitória clara do António salvará o Partido Socialista de uma enorme catástrofe. 

Podia ter sido bem pior

por João Távora, em 12.09.14

Ultrapassado o susto da iminência da bancarrota de José Sócrates e consequente intervenção dos credores em Portugal é curioso como vingou a tese critica de que a crise poderia ter sido menos maligna se o governo não tivesse usado de excesso voluntarismo, ou o intuito “de ir além da Troika”. Na minha opinião tenho ideia de que os anos de chumbo do “Memorando de Entendimento” nunca teriam sido levados a bom termo como foram se o governo tivesse sido temerário e exibido publicamente hesitações ou reservas na sua aplicação. Se a “brutal” firmeza com que as intenções governamentais foram anunciadas foi factual, tal resultou de um posicionamento para um confronto negocial de vida ou de morte com interesses instalados que se adivinhava extremamente difícil. O certo é que mesmo assim essas “intenções” expectavelmente jamais tiveram correspondência à realidade, sempre duramente “negociadas” nos limites da constitucionalidade com os lóbis e as forças de protesto que há pouco mais de um ano ainda cavalgavam o descontentamento num clima de pré-guerra civil encenado para as televisões. Salvos da falência e com o acesso aos mercados em condições há pouco tempo impensáveis, o certo é que no final, prevaleceu uma inaudita carga fiscal e um Estado hegemónico que captura o mérito e a iniciativa privada. Ao fim e ao cabo os socialistas deviam dar-se por felizes com o empate técnico alcançado: a terceira república abanou mas não caiu, o liberalismo nem vê-lo... e o País foi resgatado aos credores e consegue financiar-se. Podia ter sido muito pior, ou não?

Os invertebrados

por João Távora, em 05.09.14

Esta entrevista a Nuno Godinho de Matos é muito relevante sobre as "elites" promovidas pelo regime que nos apascentam há décadas. Gosto particularmente da imagem a si próprio aplicada sem qualquer pudor, "um acessório de toilete de senhora", a propósito do seu papel nas meia dúzia de reuniões anuais do conselho de administração do BES em que participava e pelas quais auferia uns tentadores doze mil euros por ano. Claro que a causa do desastre foi a "supervisão". Deve ter sido também como berloque de fancaria que “no tempo dele” transportou uma mala cheia de dinheiro do grupo socialista do Parlamento Europeu para entregar a Mário Soares, uma revelação feita a propósito da falta transparência do financiamento dos partidos políticos. Como é bom de ver o enquadramento do vice presidente da Ordem dos Advogados e ex-deputado socialista Nuno Godinho de Matos que “toda a vida lutou contra a bandalheira e o facilitismo” está rigorosamente posicionada ao centro: é apoiante de António Costa para primeiro-ministro e de Marcelo Rebelo de Sousa para presidente da república. 

 

Igualdade

por João Távora, em 08.08.14

Parece-me óbvio que, como refere Roger Scruton em “As Vantagens do Pessimismo”, a igualdade como principal desígnio do ensino só será plenamente alcançada eliminando escrupulosamente qualquer intenção de instruir. Só quando estiver instituído um “objectivo zero” de saber, os alunos sairão finalmente todos iguais. Mas mesmo assim suspeito que um mínimo de discriminação será sempre necessária à escola, por forma a moderar os danos da alarvidade e da força bruta que ascenderá ao topo da cadeia hierárquica.


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