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Os detalhes

por Corta-fitas, em 28.03.06
O facto de alguns países europeus terem efectuado com êxito reformas económicas e sociais demonstrou a todos os outros que tinham urgência em realizar, por seu turno, mudanças significativas nas leis laborais ou na respectiva segurança social. O exemplo irlandês é óbvio. Medido em paridades de poder de compra, o PIB per capita irlandês, em 1986, era de 61% da média europeia. Em 2003, atingira 122% da média europeia (da UE15); no mesmo período, a Espanha passou de 70 para 90; e Portugal, de 55 para 68. Quando entrou na então CEE, Portugal estava a 6 pontos percentuais da Irlanda e a 15 da Espanha; hoje, está a 24 pontos da Espanha e a 54 da Irlanda. Estes são os custos da não mudança ou do receio de enfrentar grupos sociais instalados.
Todos os líderes da União Europeia sabem que devem fazer reformas e até sabem quais são as alterações imprescindíveis. O problema está em como fazer as reformas.
Os conflitos essenciais da Europa orbitam, hoje, em torno desta questão. Os governos tentam introduzir mudanças, por vezes até tímidas, e os grupos prejudicados lutam para as impedir. O quadro geral é que as leis laborais serão flexibilizadas a favor do patronato e as pessoas vão trabalhar mais cedo, durante mais tempo e até mais tarde. O problema dos Governos está em conseguir apurar os detalhes. Terão de fazer isto sem criar mais pobres e excluídos, o que custará dinheiro aos contribuintes.
Em resumo, os diferentes modelos sociais europeus não vão acabar. Estão todos em transformação e, no final do processo, a Europa terá uma economia dinâmica. Agora, imagine-se a influência mundial de uma UE com a competitividade da Finlândia e o bem-estar da Dinamarca.


9 comentários

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De Sofia Loureiro dos Santos a 29.03.2006 às 21:14

De facto é possível que se criem outro tipo de empregos, diferentes dos que estão a acabar. É mesmo muito desejável que assim seja. No entanto, a sociedade do lazer é para uma minoria cada vez mais minoritária, e os empregos nessa área bastante mais limitados do que se previa. É preciso muita imaginação e capacidade de inovar.
Uma coisa é certa. O tempo NÃO volta atrás!
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De anónima mente a 29.03.2006 às 12:14

Quanto aos comentários anónimos irritantes: a menos que me conheça sabe lá se me estou a esconder atrás de um pseudónimo mesmo que me registe? Posso criar um email só para fazer comentários na net... O anonimato é uma questão incontornável, faz parte da natureza deste meio de comunicação, por isso irritante é os anónimos que gostam de participar descontraidamente nestas discussões levarem de vez em quando com este tipo de bocas.
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De luisnaves a 29.03.2006 às 12:03

Acho que alguns dos comentaristas anónimos não leram o post. É pena e, deixem-me acrescentar, um bocadinho irritante que não se atrevam a assinar os comentários que fazem. O texto não é neo-liberal coisíssima nenhuma, pelo contrário.
Dito isto, quero responder ao comentário sério. Talvez o post seja optimista, como a sofia diz, mas não me parece que estejamos condenados a um processo de redução de emprego. O facto de desaparecerem fábricas e haver robots não exclui o aparecimento de outras actividades que ainda não imaginamos. Claro que é preciso evitar que os empregos criados sejam piores do que os destruídos. Outro ponto: ao ler o que se escreve nos jornais e blogues portugueses (não é o caso do seu comentário, Sofia), constato que existe em muitos autores a ideia de que os problemas europeus são iguais aos portugueses. Nós estamos em crise, mas muitos países europeus não estão.
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De Anónimo a 29.03.2006 às 08:13

O problema será que não haverá emprego para todos, e cada vez mais menos pessoas trabalharão.A questão não é quantos anos devemos trabalhar, a questão é quantos é que conseguem trabalhar.A questão é a precaridade permanente.E se essa precaridade permanente se acentuar e perpetuar, então este neoliberalismo não passará e o que se assiste agora em França é só uma amostra do que há-de vir.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 28.03.2006 às 22:25

Luís Naves:
Apesar da minha ENORME dúvida quanto ao seu optimismo, o caminho parece ser esse mesmo: trabalhar mais, durante mais tempo e até mais tarde, e contribuir mais (pagar mais impostos). Não se vislumbram muitas alternativas. E os países, com maior ou menor habilidade, têm que enfrentar a realidade. O problema que tem menos solução é o da redução do emprego, qualificado ou não, que tende a aumentar.
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De Anónimo a 28.03.2006 às 20:54

Então força ó Naves, como já deve ter pelo menos uns 15 anos de trabalho em cima, guarde uma parte para fazer por mim que queria parar mais cedo. escravidão, não!
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De anónima mente a 28.03.2006 às 20:51

Mas quem trabalha na estiva é capaz de não ter a mesma genica...
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De luisnaves a 28.03.2006 às 19:14

não me importo nada de trabalhar 50 anos
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De J. a 28.03.2006 às 19:11

Que interessa a influência mundial, interessa é se há "bife" para todos e se todos não se têm de escravizar para conseguir comê-lo, que é justamente o que parece defender quando fala nas reformas e na dinamização económica. Se quer trabalhar 50 anos força, chamar a isso evolução necessária...cruz credo

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