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Um modelo esgotado?

por Corta-fitas, em 30.05.06

Os portugueses são conservadores e cheios de hábitos. Apesar desse gosto pela rotina, em certos casos não se percebe a insistência. Exemplo evidente é a Feira do Livro, evento anual que, em Lisboa, se realiza no Parque Eduardo VII. Não sou editor ou livreiro, mas sei que muitas editoras fazem ali um importante negócio (já alguém me disse, não sei se boa fonte, que pode chegar a um terço da facturação anual de algumas empresas).
Este elemento é importante, mas do ponto de vista do consumidor, penso que a Feira do Livro tem um modelo esgotado e que o local onde se realiza não possui condições adequadas. Barraquinhas num jardim pode ser excelente ideia, mas apenas se houver bons acessos, estacionamento fácil e sítios para descanso, sombras em caso de sol abrasador e um plano B para dias de chuva.
Fui ontem à feira e repetiu-se a desilusão sentida em anos anteriores. Com as obras do túnel do Marquês, o acesso aos pavilhões tornou-se complicado. Os transportes públicos estão longe e há falta de bancos para os mais cansados (o parque é a subir).
A diversidade em livros (ponto forte para os consumidores) parece comprometida. Isto é certamente contraditório com o aumento de títulos, aspecto referido por toda a gente do meio editorial, mas o facto é que há uma espécie de desertificação da feira e uma sensação de dejá vu. Talvez os pavilhões sejam acanhados e não permitam mostrar esta oferta acrescida. Os saldos são uma desilusão ainda maior, pois há poucos e com os mesmíssimos livros dos anos anteriores.
Os contactos com autores são feitos em embaraçosas sessões de autógrafos ou em sessões públicas nos pavilhões de cima, onde as condições também não são famosas.
José Eduardo Agualusa dizia, numa entrevista à Antena 1, que este modelo está esgotado e defendeu uma feira que possa ser uma montra da literatura de língua portuguesa, capaz de atrair agentes internacionais e editoras de outros países (Brasil, por exemplo). Concordo inteiramente com esta tese. Para isto se concretizar, o espaço não serve e terá de haver o arrojo de cortar com uma rotina que já não funciona.


17 comentários

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De Anónimo a 31.05.2006 às 20:04

Concordo. Porque razão uma cidade republicana como Lisboa há-de ter um jardim tão central com o nome de um rei inglês?

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