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Critérios editoriais

por Pedro Correia, em 30.09.06
No dia 27 de Abril de 1937, o repórter britânico John Steer visitou, horrorizado, as ruínas ainda fumegantes da histórica cidade basca de Guernica, barbaramente destruída pela aviação nazi, aliada das forças falangistas de Franco. Em poucos minutos, com a sua máquina de escrever portátil, redigiu aquele que viria a ser o mais célebre despacho da Guerra Civil de Espanha - o texto que revelou ao Mundo um dos piores massacres de civis registados no século XX. "Às duas da manhã de hoje, quando visitei a cidade, esta oferecia uma visão horrorosa e ardia de lés a lés", relatava o jornalista.
A prosa de Steer foi de imediato enviada por telefone para Londres e Nova Iorque, onde viria a ser publicada nas edições da manhã seguinte. Mas os critérios editoriais adoptados nas duas margens do Atlântico foram antagónicos: o Times londrino escondeu a notícia numa página interior, sem chamada de capa; o New York Times publicou-a em manchete. O jornal americano assumiu a decisão correcta, conseguindo um scoop à escala planetária. O diário britânico, pelo contrário, inutilizou uma das matérias mais relevantes de todos os tempos por incapacidade técnica ou manipulação política.
Esta é um dos muitos episódios relacionados com a cobertura jornalística do sangrento conflito de 1936-39 que podemos encontrar na exposição Correspondentes da Guerra Civil de Espanha, no Instituto Cervantes, em Lisboa. Uma exposição que bem merece ser visitada por todos os leitores de jornais. Ficamos a perceber melhor que os duvidosos critérios editoriais dos nossos dias têm antecedentes remotos - alguns dos quais tristemente célebres, como o do Times que escondeu a notícia do massacre de Guernica.


11 comentários

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De Anónimo a 02.10.2006 às 18:15

Desculpem lá: se a primeira página do Times, até aos anos sessenta, sempre foi de anúncios, com uma mancha tipica e sem fotografias (a primeira foi a do Churchill quando morreu, homem e facto suficientemente importantes para quebrar uma tradição), como é que se atribui a falta de visão que a notícia de Guernica não viesse numa primeira página que não tinha notícias?
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De Anónimo a 02.10.2006 às 14:27

Tu deves ser é desertor ou refractário!
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De Anónimo a 02.10.2006 às 12:12

"luís lima" e "antigo soldado": quem alguma vez esteve de facto em combate não escreve tais parvoíces. Tenham juízo!
Um antigo combatente (a sério)
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De antigo soldado a 01.10.2006 às 22:42

É triste mas este comentador tem toda a verdade. Também já estive debaixo de fogo na minha juventude e sei o que é a experiência de uma sarrafusca com feridos ligeiros e um combate maior, com mortos e o diabo. O quanto na guiné nós não rezávamos para que tudo se resumisse a uma troca de tiros, se morresse um ou dois dos nossos ou deles, paciência, era o mal menor.Reconheço que pode meter impressão isto que digo, mas a vida de um soldado é mesmo assim. Isto não tem nada a ver com políticas ou ideologias, mas sim com experiências vividas. Cumprimentos a todos e que nunca tenham que conhecer a guerra, seja em episódios menores, seja em combate brutal a grande escala.
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De luís lima a 01.10.2006 às 18:34

Claro que há episódios menores. Um recontro ondem morrem meia-dúzia de soldados não é comparável a uma batalha que ceifa milhares de vidas. Eu estive na guerra na África ex-portuguesa, e depois lutei na África do Sul, e sei do que falo, pode crer. Tomara ter tido apenas recontros avulsos em todos esses anos! Quem nunca combateu de arma na mão e nunca teve que matar ninguém é que se pode dar ao luxo de emitir belos juízos abstractos.
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De Pedro Correia a 01.10.2006 às 17:11

Luís Lima, se me permite a opinião, não há "episódios menores" numa guerra - e muito menos os houve na sangrenta Guerra Civil de Espanha, com morticínios brutais de ambas as barricadas. Como dizia Malraux, "uma vida não vale nada mas nada vale uma vida".
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De Pedro Correia a 01.10.2006 às 17:08

Caro João Paulo, como vê, aqui não há censura de opiniões, por mais que discordemos delas. Mas atenção às más companhias: mais um pouco e está a fazer coro com o presidente do Irão.
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De luís lima a 01.10.2006 às 17:00

A esquerda detesta ouvir as verdades, sobretudo as que estilhaçam os seus mitos de estimação. O João Paulo tem toda a razão sobre Guernica. É um episódio menor da Guerra Civil de Espanha, amplificado e dramatizado para fins propagandísticos.
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De Anónimo a 01.10.2006 às 12:45

Já cá faltava um negacionista de trazer por casa.
Usando as suas próprias palavras, já chega de mitologia em torno da revisão de factos que EFECTIVAMENTE ACONTECERAM.
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De joão paulo a 01.10.2006 às 02:04

Por favor chega da mitologia da «destruição» e do «massacre» de Guernica pela malvada Legião Condor. A cidade era um alvo militar legítimo porque lá existiam uma fábrica de armas e uma ponte e várias vias de fuga importantes para os republicanos; as ordens escritas do comando nacionalista - que ainda existem e podem ser consultadas nos arquivos militares de Espanha - diziam que os raides deviam concentrar-se sobre a citada ponte e as estradas, e evitar alvos civis; os bombardeamentos não foram nem mais nem menos intensos do que outros realizados durante o conflito, tal como o lançamento de bombas incendiárias o não foi; o facto da maior parte das construções da cidade serem de madeira contribuiu decisivamente para o espalhar dos incêndios às casas; morreram pouco mais de 100 pessoas e o governo basco durante dias após os raides nem sequer achou importante divulgar os números. Guernica é uma invenção da máquina de propaganda republicana, devidamente amplificada à época por toda a esquerda internacional, e devidamente aproveitado por um Picasso entusiástico militante comunista. É espantoso como em Portugal continua a persistir a mais funda ignorância sobre embustes tão monumentais como Guernica. Não é uma questão de ideologia, mas sim de factos, e basta uma investigação minimamente minuciosa para os descobrir.

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