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O reverso da manipulação

por José Mendonça da Cruz, em 31.07.13

 

 

Ontem, acabou a campanha de intoxicação que tinha por alvo a nova ministra das Finanças. Com a audição de Vítor Gaspar e da visada, ontem, na comissão de inquérito da AR, ficámos a saber, sem margem para dúvidas, várias coisas edificantes, entre outras, que a ministra não mentiu, que a informação transmitida, e só a insistente pedido, pelo PS (fosse Teixeira Santos ou Costa Pina) era risível para qualquer pessoa competente ou séria ou as duas coisas, que o antigo secretário de Estado socialista que «desmentiu» a actual ministra inventou uma reunião inexistente entre pessoas que só se conheceram mais tarde. Fomos lembrados ainda - porque quando acaba a intoxicação, vem ao de cima o cerne dos assuntos - de que foi o governo Sócrates que se lançou numa corrida desenfreada aos swaps mais especulativos, que, como as PPP, eram poucos e moderados, e passaram a ser excessivos e irresponsáveis.

 

Isto foi o que ouvimos claramente e ficámos a saber com clareza.

É, então, o conhecimento dos factos que nos dá a certeza de que acabou a campanha?

Não, não é isso. O que nos dá a certeza é a mudança de cantiga de televisões como a Sic, é quando a Sic deixa de enviesar tanto o que costuma enviesar demasiado.

Já à hora do almoço, o noticiário da Sic fazia um relato de tal maneira obscuro que só podia ser tomado como bom sintoma. Boas notícias: em vez de acusações, não se percebia nada.

E ao longo do dia, a Sic mudou inteiramente de música, embora sempre recorrendo a pequenos remoques ressabiados. Diz a Sic, agora, que Gaspar defendeu Maria Luís com semântica, o que é falso, mas uma acusação extraordinária por parte de quem liderou uma campanha baseada exclusivamente na semântica. Diz a Sic que, OK (eles gostam muito de dizer OK ao virar a página), OK, Maria Luís não foi informada mas devia ter-se informado, o que é uma acusação curiosa vinda de quem passou dias a fazer desinformação a reboque dos socialistas, e uma crítica indigna contra quem tentou obter informação e esbarrou sobretudo com incompetência e opacidade. Por fim (o argumento substitui sempre o pedido de desculpas que se justificava) diz a Sic que se a culpa não é do governo (e sabendo-se que ali a culpa nunca pode ser do PS), então a culpa é de todos, que andaram, todos, desde Sócrates, desde Barroso, desde Guterres, desde Cavaco, desde Salazar e Afonso Costa, a empurrar com a barriga.

Quando, portanto, é que sabemos que o governo está limpo? Quando a Sic não consegue dizê-lo mas dá sinais de que compreendeu que continuar a intoxicação pareceria demasiado estúpido.


8 comentários

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De Lionheart a 31.07.2013 às 10:59

Não, basicamente o que se passa é que a Ministra das Finanças não tem experiência política, não teve qualquer ajuda da parte de um governo que não tinha (terá?) coordenação política alguma e quando foi ao Parlamento, ainda como Secretária de Estado, meteu os pés pelas mãos e enterrou-se, numa matéria em que o ónus (quase) todo devia estar sobre os socialistas. Estes, claro, vendo uma hipótese de entalar o govermo e escapar por entre os pingos da chuva, engendraram uma campanha contra Maria Luís de Albuquerque. E Paulo Portas vendo como esta se queimou, alertou Passos Coelho para a alhada política que seria a sua promoção a Ministra. Uma "birra" portanto. Agora aguentem-se à bronca, no que a visada não é a principal culpada, "vítima" da sua inexperiência, de um governo desgarrado e com uma "liderança" política muito fraca e de um jogo político muito mais vasto.
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De José Mendonça da Cruz a 01.08.2013 às 03:54

Meu caro Lionheart, não posso crer que tenha escapado à sua atenção e inteligência uma nova coordenação política que desde há poucos dias se faz sentir em vários lados. Assistiu à última audição da ministra na comissão de inquérito? Não viu a evidente coordenação, de Gaspar e da ministra lá dentro, do governo e do partido cá fora, e de vários comentadores em telejornais vários? Parece-se-lhe coisa espontânea ou de acaso? E já notou quem anda a marcar a agenda, que, apesar dos esforços da comunicação social amiga, já não são os socialistas?
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De zé luís a 31.07.2013 às 13:58

Sempre preferi os noticiários da SIC aos da concorrência mas também notei, de há meses, que aquilo piorou e muito. Ao ponto de me meter nojo ver figuras de quem gostava, como Clara de Sousa que pretende ser mais burra do que a Judite do mesmo apelido, e como o da figura que dá-lhe agora para, bentinho, fazer figuras tristes mas notadas.


 
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De Anónimo a 31.07.2013 às 14:30

Comentário apagado.
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De José Mendonça da Cruz a 01.08.2013 às 03:56

Praticamente todos, e, nomeadamente, quando revelou as mentiras de Costa Pina, ou o papelinho que no PS passa por informação séria, e é, na verdade «nada».
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De RO a 31.07.2013 às 23:48

Alguém dizia esta noite,que não tinha ideia de uma semana em que tivesse ouvido tanto ignorante a pronunciar-se sobre sobre matéria a milhas dos seus parcos conhecimentos,como esta.
Sobre os jornalistas da SIC, fico com a sensação que se trata de puro instinto de sobrevivência ,que os tempos não estão fáceis. Limitam-se a proceder de acordo com o que lhes parece que o "dono"quer ouvir. Não sei,pode ser esta uma explicação .
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De José Mendonça da Cruz a 01.08.2013 às 03:58

A ignorâcia é gritante. Mas parece-me as mais das vezes fingida: se quem fez esta campanha anti-ministra dos swaps compreendesse alguma coisa, já não conseguiria fazer a campanha. Donde ...
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De Anónimo a 01.08.2013 às 14:00

A sic está uma teixeirada.
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De José Menezes a 03.08.2013 às 16:31


1-Por uma lado temos o Facebook onde cada um diz o que lhe apetece e comenta como quer, sem se preocupar com a seriedade ou referir fontes credíveis. Por mim, tudo bem. O FB é assumidamente uma conversa de café numa mesa muito alargada. Se a notícia me interessa e não tem fontes, eu vou procurá-las.
2- Depois temos os blogues. Geralmente referem fontes, embora nem sempre as mais credíveis e por vezes "escolhidas".
3-Por fim temos a "Comunicação Social Institucional" (CSI), jornais, rádio, televisão. Mas são de confiar? Falta de fontes, fontes pouco credíveis, escolha de fontes: também não são sérios.


Para mim o problema põe-se na CSI porque é a única que assumidamente teria mesmo de ser séria. Mas…
-… Como a(s) CSI são empresas que tem de dar lucro (algum tipo de lucro), então põem no mercado aquilo que o consumidor quer. Valerá a pena legislar, criar "altos comissariados", etc?


O denominado século da informação está, pelo menos por enquanto, dominado pela desinformação.

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