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Não somos o que os outros pensam. Poucos de nós somos sequer quem julgamos ser. Somos o que somos e o resultado da liberdade das nossas posturas, decisões e atos.
As opiniões que as pessoas têm umas das outras são, na maior parte dos casos, análises e avaliações superficiais sem grandes fundamentos, embora quase sempre se apresentem como grandes convicções. A emoção determina estes pré-juízos mais do que a razão, mas, atenção, uma boa parte das emoções são negativas e visam o mal. Assim, há presunções que aparecem, crescem e se alimentam das mais diversas formas de egoísmo... numa maldade que pode mascarar-se muito mas da qual nunca se deve esperar bem nenhum. As opiniões são sempre coisas más.
A humildade devia conduzir o nosso espírito a uma tranquilidade que assenta na certeza de que há poucas certezas. Estamos tantas vezes errados a respeito de nós mesmos e dos outros que poderíamos – e deveríamos – ser capazes de encarar o que as pessoas pensam umas das outras mais como uma atividade lúdica do que algo com conhecimento, sentido e valor. Evitando, a todo o custo, esta tentação humana de dar pareceres sobre aparências.
A nossa existência na opinião dos outros é absolutamente irrelevante para a nossa vida e felicidade. Ajudará aprender a não julgar ninguém por duas ordens de razão: é algo tão complexo que se torna, na prática, impossível; mais, que proveito efetivo para a nossa vida se poderia tirar disso? A opinião dos outros é sempre... dos outros.
Há pessoas com ideias a respeito de outras que são absurdos completos, ignorando muitos factos que têm diante dos olhos. Estas pessoas são capazes de magoar na exata proporção da sua incapacidade de pensar os mínimos. Apenas reparam no que lhes confirma as teses e ignoram cegamente tudo, por mais que seja, o que as ponha em causa ou, até mesmo, prove a sua falsidade.
De nada vale tentar modificar uma opinião de alguém a nosso respeito. Ela revela fundamentalmente quem a possui, tornando-se assim, de estranha forma, um acesso mais linear à identidade dessa pessoa... é provável que se assim se mantiverem durante muito tempo, seja mais fácil a qualquer um descobrir a miséria interior dessas pessoas que se dedicam a superficialidades.
Não é por nos reconhecerem valor que o ganhamos, nem por no-lo ignorarem que o perdemos. Estes elogios ou reprovações pouco podem senão tornarem-nos ou vaidosos ou amargos...
A ignorância, a leviandade e a teimosia tão amplamente enraizadas garantem que a tolice reina mais que a sensatez, donde que há fortes probabilidades de uma opinião ser tanto mais desadequada quanto mais gente a tiver adotado! A irracionalidade garante estranhamente uma espécie de universalidade.
Há opiniões para todos os gostos, encontram-se com facilidade provas e argumentos para sustentar tanto uma qualquer posição como a que lhe é contrária. São altamente instáveis e, tal como as modas, muitas, as mais populares, são as que retornam, algum tempo depois, outra vez... novas!
Há quem passe a vida a condenar e a admirar pessoas, há quem seja capaz de gastar a maior parte das suas horas a julgar os outros...
Haverá sempre quem não compreenda que as pessoas precisam mais de ser amadas do que julgadas. Sendo que o único julgamento que importa será feito por Alguém que no Seu amor nos criou e ensinou que o caminho para a felicidade é o do amor aos outros, aos que vivem connosco tanto como aos
desconhecidos...
No final da vida de cada de nós, vale apenas o quanto tivermos sido capazes de amar... absolutamente nada mais.
(publicado no jornal i - 6 de julho de 2013)
ilustração de Carlos Ribeiro
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