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Os professores têm naturalmente o direito a fazer as greves que muito bem entenderem. O que não têm é o direito de se intitularem professores quando das suas atitudes saem gravemente prejudicados os alunos que deveriam proteger. O Ministro diz que os sindicatos estão a usar os alunos como reféns, os sindicatos dos professores dizem que o Ministro está a usar os alunos como escudo. Nenhum tem razão, nem são reféns nem escudos: os alunos estão a ser utilizados como arma de arremesso e pelos sindicatos. E um professor que utiliza o aluno como arma de arremesso para defender os seus próprios interesses não pode legitimamente intitular-se como professor.
Eu não sei se os professores vão fazer greve nos dias dos exames dos alunos ou não. Sei é que qualquer professor que o faça, e assim prejudique gravemente os seus alunos, deixa de poder considerar-se professor nesse exacto momento. Não terá cara de encarar os seus alunos no dia seguinte. Estraga-lhes a vida e depois aparece como se nada fosse?!? “Desculpem lá qualquer coisinha mas tive de vos usar na defesa dos meus interesses…”?!?
Aqueles alunos que estiveram a preparar-se para o exame, que já têm muito com que se preocupar com o estudo e o nervosismo próprio destes momentos, terão ainda de viver a angústia de não saber se irão poder fazer ou não o exame? É que a simples ameaça já os desconcentra e enerva injustificadamente. É isto que os sindicatos de professores querem para os alunos? Agravar o problema dos rapazes? Utilizá-los como arma? Para defender os seus interesses?!? Os alunos que se danem?!?
Um professor não é isto. Quem faz isto não é professor, não se pode intitular de professor. Um professor não se está nas tintas para os seus alunos. Um professor não prejudica os seus alunos, não lhes agrava os problemas, não os usa para resolver os seus próprios problemas, não os impede de fazer exames e nem sequer os devia ameçar com tal coisa.
O que os sindicatos de professores estão a fazer contra os alunos é inacreditável, deviam ter vergonha. Com a sua guerra, e utilizando como munições os alunos, eles não prejudicam o Ministro, o Ministério da Educação, o Governo, as Associações de Pais ou sequer a troika: eles estão a prejudicar os alunos, os seus alunos. Estão a usá-los. Utilizá-los como arma. Servem-se deles. Por causa dos seus próprios interesses, os professores prejudicam os seus alunos. Sem pudor, sem vergonha, sem respeito. Não é a mesma coisa que fazer greve em outra altura do ano. Um professor que assim prejudica os seus alunos não pode considerar-se professor. Qualquer professor que faça greve aos exames (e mesmo a simples ameaça já é condenável), nunca mais poderá intitular-se de professor.
Isto é extraordinariamente simples, não sei como é que os professores ainda não perceberam e se deixam representar por estes sindicatos.
Sejamos realistas e abandonando a hipocrisia, parece que para algumas pessoas e para o Governo, em particular, um dia de greve viável seria a um domingo, de preferência em agosto! Não é que os professores não trabalhem aos domingos ou aos sábados, ou todos os dias sem exceção, porque as tarefas que propõem aos alunos não se corrigem sozinhas, nem os testes, nem a planificação diária de aulas é estruturada enquanto lecionam outra aula. Para além da elaboração de testes, fichas de compreensão e informação e atividades extra-letivas. Todo esse trabalho é esquecido pela opinião pública e todo esse trabalho não é remunerado. A verdade é que um professor chega a trabalhar, facilmente, 60 horas por semana, se tiver em conta a preocupação com os alunos de apelo recorrente pelo Governo. No entanto, quem não se preocupa, minimamente, com o ensino e com os alunos, são os Governantes, ou pensar-se-á que turmas de 35 alunos funcionam da mesma forma que turmas de 15-20? Pensar-se-á que um professor com um total de 250 alunos a seu cargo, mais trabalho extra-letivo e funções do tipo: diretor de turma ou coordenador de disciplina, por exemplo, realizará o seu trabalho de forma individualizada e correspondendo a necessidades especificas de cada aluno? Só se não dormir e o dia tiver 28 horas. Finalmente, pensar-se-á que a redução do orçamento da Educação em 1500 milhões de euros e os agora sacrossantos exames finais, que são elaborados por funcionários (bem remunerados) do Governo, mas contêm quase todos os anos, erros grosseiros que são posteriormente corrigidos em erratas, não prejudicam os alunos?
Haveria muito mais a dizer, como a simplificação progressiva do programa de cada disciplina e das metas de aprendizagem, pois aquilo que se procura que um aluno consiga articular hoje é incomparavelmente menor, do que se pretendia há 10 anos atrás. Sim, porque não são os Professores quem decide isso, mas os documentos normativos emitidos pelo Ministério. Será que isto não prejudica o futuro de Portugal?
Abandonando, verdadeiramente, a demagogia (termo do agrado da politiquice) sempre que existem greves alguém será, inadvertidamente, afetado. É essa a natureza de uma greve e um conceito que surge por definição do termo. No caso desta greve, é fácil proceder a um agendamento posterior de exames específicos e o Governo, poderia até, tê-lo feito de antemão, após o pré-aviso de greve. Nenhum aluno ficará sem fazer o exame e beneficiará até, de mais tempo para rever a matéria.
Todos aqueles que se preocupam, realmente, nem é tanto com o futuro da escola pública, mas com o futuro do nosso país, porque a educação é a base do amanhã, professores ou não, deveriam apoiar esta greve.
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