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Era um espectáculo a que ninguém ficava indiferente. E era uma linguagem à parte, um horizonte colorido com aquele entusiasmante aroma do combustível de competição. Vivendo o seu auge nas pistas mas com muita animação, tantos sonhos, na traseira do prédio, em oficinas improvisadas, mundo de autodidactas. Ontem ainda, de uma varanda em frente, gozava-se o afinar dos motores, a resmungadela das máquinas, as suas fúrias: os ratès.
Qualquer coisa ia mal se os bólides se punham aos ratès - porque lembravam isso mesmo em que estão a pensar - em plena recta, como se trocassem as rodas a modos de quem se contorce e retesa os músculos das pernas. Logo algum entendido:
- Está a dar problemas...
assim bem se expressando na gíria automobilistica, em que ter problemas nada significa.
Vinha a ser, fatalmente, um mais fora da corrida. O material era caseiro, de série, próprio para levar a criançada à escola durante a semana. Tudo rapaziada remediada. Mas aferroada. Se não desse para mais, sempre se sacavam umas faniqueiras.
Isto é: faziam-se uns peões...
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