por Luísa Correia, em 06.02.13
Por que é que a violência sobre animais me desgosta tão profundamente? Mesmo se falamos em violência que retribui violência?
Porque, de uma forma geral, os outros bichos são mais vulneráveis do que o bicho-homem. Podem, circunstancialmente, parecer mais fortes, manhosos ou adaptados, mas não detêm o poder absoluto, de vida ou de morte, que o bicho-homem, do topo da pirâmide a que o eleva a sua inteligência, se arroga e, de facto, exerce sobre tudo o que mexe no planeta.
Fica-nos, portanto, muito mal tratar os animais com arrogâncias de representatividade divina... designadamente, pontapeando porquinhos por essas estradas fora.
E depois há o argumento do futuro. Sabendo-se da finitude das coisas, é de admitir que a era do bicho-homem possa, um dia, ceder lugar à era de outro ou outros bichos quaisquer; que a evolução venha a dotar da mesma inteligência outra ou outras espécies, e que estas passem a dominar o mundo como nós hoje dominamos. Então, como falará de nós a História escrita pelos novos senhores da Terra? Seremos mais do que uma memória de predadores insaciáveis e cruéis, os T-Rex do Cenozoico Quaternário? E se ainda existirmos, como seremos - como mereceremos ser - tratados?