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(...) A verdade, porém, é que se o Presidente está a ser "salomónico" não é por conceder uma parte da razão de cada um. Onde a natureza "salomónica" realmente se revela é no facto de a intervenção do Presidente não produzir, à semelhança do julgamento de Salomão, uma verdadeira solução.
O episódio do julgamento de Salomão relatado no Livro dos Reis é muitas vezes uma metáfora mal contada. Quem recorre ao episódio está convencido de que a solução "salomónica", dividindo a criança ao meio, contentou as duas mulheres que a reclamavam. Não pensa que o julgamento de Salomão só serviu para resolver o problema do próprio Salomão. Partindo a criança em duas metades e entregando-as às mães, Salomão resolvia à força o problema do julgador incapaz de julgar. A solução "salomónica" não é afinal uma solução a contento de ambas as partes. É uma não-solução a contento de quem julga.
Mais metáforas. Na linguagem do regime, o Presidente da República é tido como "árbitro" do jogo político, precisamente o nosso máximo julgador. Para julgar, é preciso escolher. Um "árbitro" não tenta conciliar posições inconciliáveis. Tal como estabelece consensos, também afirma a razão de uns contra a razão dos outros. Diz o que está certo.
(...) Talvez o Presidente esteja a ver algo que nos escapa. Mas a remessa para o Tribunal Constitucional não é solução para os problemas económicos do Orçamento, nem para os problemas políticos que a sua inconstitucionalidade poderá suscitar. Com o risco de ficarmos com um Orçamento inconstitucional ou sem Orçamento e sem Governo. Como Salomão, Cavaco Silva resolveu o seu problema. E o nosso?
Pedro Lomba hoje no Público
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