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Este "post" do Duarte pôs-me, nos dias que entretanto passaram, à procura das razões por que nunca li certos autores, não obstante estarem enquadrados nos ditos "clássicos" - isto é, aparentarem ter um papel cultural e artístico passível de apreciação universal - e serem objecto das melhores referências críticas. A resposta, desconfio, está na fria opinião de Fradique Mendes sobre o amor: "ninguém vê a mulher que tem de amar [...] antes de ter chegado o momento marcado pelo destino para que esse amor se acenda e seja útil ao conjunto das coisas" (Eça de Queiroz, Cartas inéditas de Fradique Mendes). Ora o que é a leitura sequencial da obra de um escritor senão uma espécie de namoro com a sua alma?
É altura de confessar: nunca li Vitorino Nemésio, porque achei intrincada a sua linguagem quando tentei. Nunca li Agustina Bessa Luís, porque a sua abordagem biográfica ao Marquês de Pombal me assustou. Nunca li Philip Roth, tão na moda, porque, precisamente, comecei pelo arrepiante "The Dying Animal". Não acabei Proust, porque não conseguia, nos seus parágrafos, associar os sujeitos aos verbos e aos complementos circunstanciais. Para mim, que leio com o objectivo simples - e meio herético, eu sei... - de me entreter, de rir ou de escapar ao mundo real, as primeiras impressões são decisivas. E quando essas impressões são amadoras e levianas como as minhas, decisivo é também que se gerem no momento certo ou sobre o livro certo. Tive de esperar vinte anos para saber apreciar Camilo Castelo Branco. E tive a sorte de conhecer Vargas Llosa através da sua Tia Júlia e do Escrevinhador. Depois, foi lê-los de empreitada, entusiasticamente.
Resta-me, portanto, fazer votos de que amanhã seja o momento certo - e "Quase que os vi viver", o livro certo - para reencontrar e aprender a "amar" Vitorino Nemésio, o escritor.
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Olha! Parece quase a história do Cavaco com a Quin...
Calculo que tenha lido uma pequena sátira antiga e...
Parabéns. Excelente ironia da nossa triste realida...
estudei matemáticas dita superiores. nunca levei a...
Sendo tudo isso verdade, e por isso referi no post...