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Costa sob pressão

por Francisco Almeida Leite, em 11.05.07
Alegadamente, os membros do Secretariado do PS querem António Costa para candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Primeira explicação: os membros do secretariado, o órgão de cúpula socialista, não contam. Quem decide é José Sócrates. O facto de ser atribuído esse desejo a um colectivo partidário e não ao seu líder, que é simultaneamente primeiro-ministro, significa, antes de mais, o receio de que Costa não aceite. O respeitinho e, ao mesmo tempo, a falta de coragem de Sócrates em assumir a sua vontade.
A verdade é que Sócrates está num beco sem saída, depois do anúncio de candidatura de Helena Roseta e das recusas de Ferro Rodrigues e supostamente de António José Seguro, um nome que o primeiro-ministro nunca quis, mas que chegou a testar em sondagens. Resta quem? João Soares? Talvez. Ana Paula Vitorino? Um suicídio. Edite Estrela? Um desastre ambulante. Maria de Belém? Faria certamente uma campanha animada, combativa e certeira, só não se sabe se seria suficiente. Mas António Costa é um upgrade, é a demonstração de que Sócrates teme o "efeito Roseta". Por isso, resolveu chamar o seu melhor nome. O número dois do Governo. O homem que o substitui nas ausências para férias no Quénia, no Brasil ou na neve. O bombeiro para todo o serviço.
Só que António Costa, se for realmente inteligente, como penso que é, não aceita. Ao trocar o cargo de ministro de Estado e da Administração Interna pelo de candidato à CML estará a rebaixar-se mais do que a acudir ao primeiro-ministro. Estará também a hipotecar o futuro, no cenário pós-Sócrates, lá para 2013. Tudo porque uma vitória em Lisboa, apesar do marasmo no PSD, é tudo menos segura a partir do momento em que Roseta entrou na corrida.
Costa está neste momento entre duas apostas: na casa preta, a de vir a ser uma espécie de Fernando Nogueira daqui a uns anos; na casa vermelha, a de arriscar tudo o que tem e não tem numa luta imprevisível que, se for bem sucedida, lhe dará dois anos e meio de dores de cabeça e nenhum poder. Nem político, nem estratégico.


11 comentários

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De Suzana com z a 12.05.2007 às 22:28

então já agora vejam o meu blog:

http://naohacanhonhos.blogspot.com

tadinho do António...
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De Pedro Correia a 12.05.2007 às 19:12

Francisco, neste caso as nossas análises não coincidem. Ver texto supra, por acaso escrito sem ter ainda lido o teu. Dentro de pouco tempo se verá o que acontece...
Abraço
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De Anónimo a 11.05.2007 às 20:41

Carissimo,

Á parte a "Sacanice" politica entre um actual e um futuro numero um do Partido o que para mim é mais siginificativo é o desespero desse convite... Não há mesmo mais ninguem que seja mais oportuno ou esteja melhor colocado nas fileiras do Partido para este embate ? Isto denuncia alguma coisa....

Abraco e bom fds,
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De Daniel MP a 11.05.2007 às 18:32

Ora bolas. O anónimo que me antecedeu já beliscou o que eu ia dizer.
Parece que Sócrates está a sacudir a água do capote, assim sendo falta-nos saber porquê. Costa já pôs as garras de fora? Não me apercebi de tal.

Bolas! Não se troca o ministério do estado e da administração interna de um governo com maioria absoluta, em que se é o n.º2, por uma autarquia, mesmo que essa possua o orçamento e o poder simbólico da de Lx.
Paranóia socrática?
Sacar nabos da púcara?

By the way, António Costa não me parece interessado em fechar a loja como Fernando Nogueira. Sente-se ali uma ambição, não sente? A mim surpreende-me a claridade da sua evidência.

No entanto também me recordo do que a CML fez por Jorge Sampaio, mas parece-me que se tratou de uma retemperança que António Costa não mostra sinais de estar necessitado.
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De BlogoLogoLogo a 11.05.2007 às 15:34

António Costa já fez tudo o que tinha a fazer para mostrar "devoção" ao partido. Os seus "horizontes" a longo prazo são agora mais vastos, pelo que "queimar-se" agora numa aposta à CML seria um contra-senso.
Calmamente espera a sua vez para ascender a mais altos vôos.
Por seu lado o convite de Sócrates é uma armadilha, e tal como o eucalipto, destina-se a eliminar a concorrência interna à sua sucessão.
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De Anónimo a 11.05.2007 às 13:48

O quê? O candidato do PS à CML não é o Prof. Manuel Maria Carrilho?
Não há direito!
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De ni a 11.05.2007 às 11:58

Outra coisa: Duvido muito que João Soares se tornasse um suicídio. Tem obra feita, seria uma questão de finalmente mostrar isso aos lisboetas - o que ele claramente não fez contra Santana Lopes. Só o 16 mil fogos em quatro anos e o fim das barracas é bem melhor do que a anunciada resolução do Parque Mayer (ainda só dei pel abertura do casino) e um túnel trapalhão. As acusações de que é corrupto, em que aqui, nos comentários, se é useiro e vezeiro, não pegam. É apenas má vontade por ser filho de quem é, o que lhe tem trazido mais dissabores do que vantagens. Soares tem também a vantagem de ter alguma boa imprensa entre alguns fazedores importantes de opinião que não hesitam em dizer que foi o melhor presidente que Lisboa teve. Eu, sm ser ninguém, assino por baixo, sem drama nenhum.
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De Anónimo a 11.05.2007 às 11:50

Acho que Sócrates tem pelo menos dois fabulosos candidatos.

Um, António José Morais. Outro, Armando Vara.

É um caso em que o difícil é a escolha.
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De ni a 11.05.2007 às 11:35

Costa será um desastre. Ninguém da esquerda socialista votará nele. Inviabiliza qualquer aliança com os partidos da esquerda. Sócrates começa a parecer destituído de sentido crítico, bom-senso e inteligência. Tem em excesso aí, o que lhe sobra em autoritarismo e arogância. O PS vai perder a câmara pela terceira vez consecutiva. E ainda se atrevem a fazer exigências à CDU e ao BE.
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De Nuno Nasoni a 11.05.2007 às 09:52

Ainda por cima, a altura da saída de Costa não podia ser pior.
Por um lado, acontece em vésperas da época de fogos. E todos sabemos como Costa tem uma boa imprensa absolutamente incrível, e consegue sair desse período sem se chamuscar. Sem ele, as labaredas podem chegar ao topo.
Por outro lado, trata-se da substituição do ministro da Adm. Interna mesmo em vésperas da pres. portuguesa da UE. Ou seja, nada menos do que a pessoa que substituiria, na prática, o PM durante o período. Vai ter de sobrar para o ministro das finanças, que já vai ter muito com que se preocupar por ter de apresentar o OE de 2008 no decorrer da presidência.

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