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Portugal tem um óptimo hardware e um péssimo software

por Maria Teixeira Alves, em 09.11.12

 

O que mais desanima nesta polémica que de repente se instalou com as declarações de Isabel Jonet, é o desalento de os portugueses não conseguirem sair da anacrónica luta de classes. Para os portugueses, tudo, mas absolutamente tudo se resume a disputas de classes sociais. Os portugueses nem percebem que são os maiores inimigos do progresso do país. Porque são classistas que é o oposto da meritocracia.

A inteligência está em defender que todos nasçam iguais (que o "donde vêm" seja genuinamente ignorado) para que todos morram diferentes (porque a sua vida fez a diferença). Mas a vida só pode fazer a diferença se o contexto não condicionar a evolução pessoal. Neste país os nossos sonhos estão muito limitados pela expectativa dos outros, que por sua vez é formatada por conceitos de classe anacrónicos.

As indignações à volta das declarações de Isabel Jonet nascem do pior espírito ressabiado, da esquerda que é de esquerda por pertença social. Os complexos sociais, os preconceitos sociais (que atravessam todas as classes), as invejas, as frustrações, as revoltas sociais contra as classes dominantes correm no sangue dos portugueses, a soberba social corre no sangue da elite portuguesa, Isto leva a que tudo, mas absolutamente tudo, se resuma a isto: vivemos na mesma luta de classes que Marx descreveu. Todos já sabemos que quando a Isabel Jonet e Fernando Ulrich falam, emergem das profundezas todas as revoltas sociais e preconceitos de classe. Isso ofusca os discursos, ofusca as palavras (que são ouvidas com um pensamento já tendencioso), ofusca as ideias novas, ofusca a razão.  Ninguém ouve o que se diz, mas sim o que a pessoa que o diz é (e o que a pessoa é está confinada a conceitos limitados de classe).

Deixo a este propósito uma citação de Margaret Thatcher:

"I think we've been through a period where too many people have been given to understand that if they have a problem, it's the government's job to cope with it. 'I have a problem, I'll get a grant.' 'I'm homeless, the government must house me.' They're casting their problem on society. And, you know, there is no such thing as society. There are individual men and women, and there are families. And no government can do anything except through people, and people must look to themselves first. It's our duty to look after ourselves and then, also to look after our neighbour. People have got the entitlements too much in mind, without the obligations. There's no such thing as entitlement, unless someone has first met an obligation."

 

Portugal é um país lindo, Lisboa a cidade com a luz mais bonita do mundo. É fantástico viver em Lisboa pela qualidade de vida que proporciona a um preço bastante razoável. Pode-se dizer que Portugal tem um fantástico hardware. Mas o software do país estraga tudo. As ideias dos portugueses transformam este país numa prisão.

 

Think outside standards, please!


20 comentários

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De Tiro ao Alvo a 10.11.2012 às 14:50

Quando a Raquel Varela escreve uma coisa destas: "por isso nunca dei um grão de arroz ao Banco Alimentar contra a Fome. A fome é um flagelo, não pode ser uma arma para promover o retrocesso social que significa passarmos da solidariedade à caridade(zinha)", ela tem um problema de hardware ou um problema de software?
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De Ui a 11.11.2012 às 01:29

Who the fuck is Raquel Varela?
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De Tiro ao Alvo a 12.11.2012 às 09:02

Ela diz que é historiadora, mas eu não a conheço. Citei-a por que li uma "carta aberta" que ela escreveu, carta que fez as delícias de alguns extremistas, daqueles que pensam que é bom haver muitos pobres, na esperança de que se revoltem e façam a "revolução". Tudo para ver se eles conseguem ir para o poleiro. É  o que me parece.

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