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Olhando para as declarações do Ministro das Finanças lembrei-me de um pensamento que é em mim recorrente. Nesta geração Portugal não tem remédio. Somos a fatídica geração da transição.

"Aparentemente existe um enorme desvio entre aquilo que os portugueses acham que devem ser as funções sociais do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar", alertou Vítor Gaspar, hoje no Parlamento.

Evidentemente que as pessoas precisam do Estado para ir ao médico, para sobreviver quando estão no desemprego (e estão muitas vezes e nalgumas vezes para sempre), para enterrar os seus mortos, para sustentar os seus filhos e os educar.  É quase um veredicto dizer que Portugal paga mal e não oferece oportunidades de evolução. 

A verdade é que os portugueses sofrem de sub-valências, sub-conhecimentos, sub-formação e a sociedade não oferece oportunidades. Este país não oferece oportunidades. Mas não é só pela falta de dinheiro, é pela medíocre cultura, pelo conservadorismo, pela insegurança. 

Margaret Thatcher dizia que a economia é o instrumento, mas o importante é mudar a alma. É isso, o importante é mudar a alma. A minha geração era aquela que entrava no mercado de trabalho à procura da segurança no trabalho. Nós não tivémos inglês obrigatório desde a primária, aprendemos a escrever à máquina e quando entrámos na idade adulta já estávamos na era dos computadores, o mail, o telemóvel são coisas que nos aparecem em adultos. A informática que aprendemos é por isso rudimentar. Passámos os anos 80 e 90 no consumo fácil e fútil com o dinheiro da CEE, achámos que isso durava para sempre e por isso não poupámos. Fomos educados para casar para a vida inteira e não encontrámos essa realidade em adultos. As mulheres pensaram que os homens serviam para as proteger, e chegámos à idade adulta a ter que nos proteger dos homens. 

Este  país é classista, deslumbrado, não premeia o mérito (já é uma sorte quando não o castiga) e vive do "amiguismo".

A certa altura, com Guterres, teve uma magna ideia de apostar na educação mas a aplicação dela foi desastrosa. Por exemplo criaram-se cursos universitários de tudo, menos do essencial. 

Por exemplo, algures em 2004, quis fazer um curso de guionismo (porque a pobreza dos diálogos dos nossos teatros e cinema parecia-me constrangedora) e de escrita criativa nem um único curso universitário, ou mestrado, sobre o tema, e de resto tínhamos cursos superiores de filosofia oriental.

A revolução cultural está agora a fazer-se pela economia, pela recessão, pelo ajustamento, pela austeridade . Mais uma vez Margaret Thatcher tinha razão.

 


4 comentários

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De Fora, que já vão tarde a 24.10.2012 às 13:10

Esta cambada de mentirosos que foi ao pote até me faz ver o que a esquerda publica, e com toda a razão.

Tenho o azar de ser independente.

http://www.youtube.com/watch?v=86BZjm0yU78 (http://www.youtube.com/watch?v=86BZjm0yU78)
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De Helena a 24.10.2012 às 13:48


Infelizmente é verdade. Concordo.
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De Fernanda a 24.10.2012 às 15:17

A Margarete tinha razão?


Razão em quê?
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De l.rodrigues a 25.10.2012 às 12:10

Um aparte completamente lateral. A ausência do cursos de escrita criativa e guionismo não é uma característica portuguesa mas antes europeia. 


Esse tipo de técnicas historicamente só foi desenvolvido e encarado como uma disciplina própria nos EUA, que eu saiba, onde o entretenimento é uma indústria antes de mais. Ao contrário da Europa onde foi durante muito tempo visto como um trabalho de autor, e como tal muito mais dependente do talento individual de alguém do que da capacidade de uma indústria de formar escritores.

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