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«O Amorável Paizinho mirou-se no espelho uma última vez, ajeitou a jaqueta e caminhou decidido para a varanda principal do Grande Palácio do Povo (GPP). Aguardava-o uma multidão imensa, inundando todo o vasto, insondável, terreiro frente ao Tejo.
- A-MO-RÁ-VEL!!!
berravam milhares, de uma banda,
- PAI-ZI-NHO!!!,
respondia, da outra, idêntica dose de veneração, quando Jerónimo, os braços muito erguidos, se deu a ver, o punho cerrado, o olhar esvanecido, era, enfim, o triunfo das massas, a santa igualdade, o extermínio dos ricos.
Haviam chegado dos quatro cantos da República Popular (RP), ora arregimentados em camionetas sem ar condicionado pelos zelosos funcionários do Partido Único do Povo (PUP), ora aproveitando o decretado fim-de-semana SCUT. Lisboa era sempre um desejadíssimo destino turístico. Jerónimo sabia-o bem e à sua coerência de democrata-pedagogo-protector repugnava desmerecer o epíteto de "Amorável Paizinho" por que tanto propugnara.
E, a seu lado, o Ministro de Estado e do Trabalho (MET) Arménio Carlos sorria e comungava daquela extraordinária ovação (na parte evidentemente sobejante). Sem coragem para informar o Camarada Jerónimo acerca da outra manifestação então decorrendo junto às escadarias da Comuna do Povo Pela Produção (CPPP). Onde bandos de jovens citadinos protestavam e reivindicavam a outorga dos direitos que lhes haviam sido prometidos.
- Esses reaccionários de brinquinho e tatuagens - danava-se o MET - esses burgueses rebeldes que nem a patriota pancadaria do CEGP - o Corpo Especial da Guarda Popular - consegue suster...
Assim era, efectivamente. Longe iam os tempos em que os antecessores do CEGP aturavam pachorrentamente terminasse a chuva de garrafas e pedras sobre os seus capacetes sem quase esboçar um gesto. No entanto, cada vez mais a juventude da Capital da República Popular (CRP) se irrequietava contra as "políticas de Esquerda" e exigia uma explicação e a imediata comparência de Francisco Louçã, o antigo Ministro da Educação para o Povo Trabalhador (MEPT).
Debalde, porém. Há muito já o MEPT deixara a CRP e partira para o México. De onde nunca regressaria».
(Com a devida aquiescência do meu Amigo João da Ega, a quem muito grato sou).
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"Todos menos os deputados sem espinha que elegemos...
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