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É curioso como o editorial de hoje do Público sobre o imbróglio da reforma da televisão pública, dedica todo o primeiro parágrafo a um exercício de sentimentalismo nostálgico, na recordação da velha televisão a preto e branco, a enternecedora mira técnica ou até as adoráveis avarias técnicas que se justificavam com o slide de pedido de “desculpas por esta interrupção”. Esta abordagem é indicadora como o tema se entorna tão facilmente e a discussão se embriaga num processo de total irracionalidade. Talvez em consequência disso não é de estranhar que os mesmos que nas redes sociais vituperam os vícios do regime, reclamando por uma nova ordem e transparência defendam o status quo duma RTP que desde da sua fundação assumiu o papel de guarda pretoriana dos regimes que se sucederam e que nos trouxeram por este caminho.
Acontece que também eu prefiro um modelo de serviço público de televisão, cujas audiências suspeito dificilmente descolariam dos 3% do canal dois, inviabilizando-se assim a sua exploração comercial. Deste modo, “a minha RTP” teria que se cingir às receitas da Taxa de Audiovisual e sem mais recursos promover na sua grelha reportagens, noticiários e debates isentos; e preencher o horário nobre as melhores produções de música, teatro e cinema mundiais. Enfim, um capricho meu, uma utopia.
Finalmente, parece-me que este debate não deveria evitar o verdadeiro busílis, que julgo esteja na origem da excitação que o assunto provoca nos principais operadores televisivos e respectivos grupos de média: o imparável declínio do actual modelo de distribuição de conteúdos, mais desastroso na televisão generalista, e a notória incapacidade deles se adaptarem às novas fórmulas de consumo. Para o bem e para o mal, a geração dos nossos filhos universitários já não se senta a ver televisão. Na internet ou nos canais temáticos, pesquisam, assinam e consomem os conteúdos, os filmes, séries e músicas que lhes apetecem a cada momento: não há mais como se lhes impingir qualquer menu pré-estabelecido, de lhes vender uma verdade. E isso é bom.

 

Publicado originalmente aqui


2 comentários

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De Nuno a 02.09.2012 às 22:55


A questão é saber se o estado só deve gastar os cerca de 140 milhões de euros que rende a taxa audiovisual e fazer uma televisão só para 3 a 4% da população ou gastar os actuais 300 ou 400 milhões para convencer 15 ou 20% da população a ver a sua TV. Penso que o estado preferirá sempre a segunda opção por razões óbvias.

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