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O estado da Nação é muito mau simplesmente porque há pouco mais de um ano, numa situação de emergência o PS com a anuência do PSD e CDS penhorou a nossa soberania para que os euros não deixassem de circular pelas nossas carteiras. Hoje, o pior é que para descambarem muito mais, as coisas dependem pouco nós. Todas as considerações que menosprezem estes factos pecam por um profundo irrealismo e irresponsabilidade. O caminho que nos está reservado é demasiado estreito para que não soem patéticas as efabulações socialistas (de quem herdámos este pesadelo), sobre caminhos alternativos, crescimento económico e reivindicações aos credores. Mas entende-se; trata-se duma narrativa que convém a todos os players, a bem duma ilusão de alternância... democrática.
Era fácil adivinhar desde o início que o caminho deste governo era não só muito estreito mas armadilhado, que a erosão da sua imagem seria rápida, e o ruído de fundo atingiria um volume ensurdecedor numa questão de meses. Simplesmente porque o nosso resgate passa por uma desgraçada desvalorização do preço do trabalho e de um severo corte na despesa pública com os consequentes síndromes de abstinência, fenómeno que entre os socialistas dá lugar a autênticos delirium tremens.
Se somarmos a isto o crescente descrédito popular na classe política, o desconforto dos lóbis, das corporações e outros interesses instalados subitamente ameaçados pelas incontornáveis reformas que tardam sair dos gabinetes, percebe-se que na melhor das hipóteses a barulheira em breve aumentará exponencialmente.
É aqui que surge o ministro Relvas, uma caricatura das elites e das máfias que dominam há muitos anos a irreformável III república. Acontece que ironicamente o personagem ao concentrar em si toda maledicência popular e guerrilha mediática, tornou-se essencial à coligação, poupando os ministérios e gabinetes no seu inglório trabalho de manter o desgraçado País à tona da água. Certo é que com o seu líder José Sócrates nesse papel de bombo da festa o governo socialista resistiu muitos anos. A diferença é que então o homem conseguia sacar muitos milhões para deitar na fervura.
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