por Cristina Ferreira de Almeida, em 29.11.07
Para além do bem escrito que está, da reconstituição brilhante de uma época e tudo o mais, o que me intrigou em Glória, de Vasco Pulido Valente, foi o "chico-espertismo" do herói do livro. Porque é que alguém perde anos de vida a biografar uma figura menor é algo que me escapa. E se as crónicas semanais do VPV são de adesão imediata - amar ou odiar - a entrevista que deu ao Expresso é, para mim, um mistério. O cronista que não esconde o quanto ficou aborrecido com as inconfidências factuais do livro de memórias de Maria Filomena Mónica não pestaneja quando faz declarações surpreendentes sobre assuntos que temos como íntimos, como é o caso da relação com a filha ou com as mulheres com quem casou. Qual a linha que separa o íntimo do privado? Pulido Valente não explica, temos que adivinhar. É perturbante, sem dúvida. Voto nele. Vou lá clicar.