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Acabo de ouvir o Miguel Sousa Tavares dizer que as privatizações são desastrosas para o "interesse nacional" e dá o exemplo da ANA - Aeroportos de Portugal, que tem como missão gerir as infra-estruturas aeroportuárias; dos CTT - Correios de Portugal, da TAP, e da Águas de Portugal, ainda que seja só a concessão. A minha pergunta é. Porquê? Porquê que é que o Estado vender a privados os Correios, ou a gestora dos aeroportos, ou a TAP (condicionada obviamente a que o aeroporto se mantenha cá), ou a concessionar a gestão da empresa das Águas, é desastroso para o país? Pois, os argumentos válidos para justificar as opiniões é que não aparecem no discurso de Miguel Sousa Tavares.
Estive a ouvi-lo e nem por uns minutos, daqueles bitaites que manda, ouvi alguma coisa substancial sobre a economia e sobre o país. Criticou o ajustamento, mas não deu nenhuma alternativa, porque não há, e por aí fora. A chamada crítica fácil. Conclusão: AINDA BEM QUE NÃO É MIGUEL SOUSA TAVARES QUE GERE O PAÍS. Só me lembrei do Truffaut, realizador francês da Nouvelle Vague, que num dos seus filmes a sua personagem leva o filho Alphonse à estação e recomenda-lhe que estude muito violino, para se tornar no melhor músico, e o filho pergunta-lhe, o que é que acontece se não conseguir ser o melhor? Não faz mal, vais para crítico. Miguel Sousa Tavares também foi para crítico.
Uma opinião a ler hoje com atenção é a de Jorge Miranda, no Público, sobre os CTT e a RTP (http://jornal.publico.pt/noticia/13-07-2011/brevissimas-notas-sobre-tres-questoes-serias-22472018.htm): "Contesto a privatização dos CTT, por causa do serviço público essencial que desempenha, presente nos lugares mais recônditos do país (que, muito provavelmente serão abandonados por quem os vier a tomar) e desempenham esse serviço com elevado nível, com excelentes instalações e dando lucros", escreve Miranda, acrescentando que nos Estados Unidos e no Brasil o serviço de correios está constitucionalmente reservado ao Estado.
Sobre a RTP, é lapidar: "apoio a privatização da RTP que em nada se distingue, para melhor, das outras estações de televisão. Sabendo-se que os proprietários se lhe opõem, ao que parece por temerem a concorrência na publicidade, o que aqui vier a ser decidido será esclarecedor sobre se prevalecem esses interesses ou a autoridade do Estado".
Há professores que, quando falam, dizem alguma coisa.
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