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Logo a seguir à entrevista do primeiro-ministro Passos Coelho, ontem, na TVi, aprendemos imediatamente as deixas da esquerda, seguidamente entoadas pelos jornalistas e comentadores do costume: «a entrevista não tem nada de novo», «a entrevista foi muito técnica e nada política».
É compreensível.
Passos Coelho explicou detida e claramente o que se passou com os cortes de 13º mês no funcionalismo e nas empresas públicas, mas é compreensível que muitos jornalistas não vejam nisso nada de novo. Admiti-lo seria confessar que o tema estava muito mal explicado ou intencionalmente confundido. Isto aconteceu, aliás, a propósito de muitos temas levantados por Judite de Sousa, que foram explicados e não o estavam.
Passos Coelho explicou detida e claramente o que se passou e vai passar-se nas negociações para acabar com «rendas excessivas» no sector energético e nas PPPs em geral, mas é compreensível que muitos jornalistas considerem o tema velho. Considerá-lo novidade seria admitir que ele estava incompetente ou intencionalmente confundido, favorecendo a rábula segurista de que o governo é forte com os fracos e etc. (Quem, aliás, visse a entrevista sobre este tema, ontem à SicNotícias, do secretário de Estado dos Transportes teria tido amplas oportunidades de ficar animado e esclarecido).
Passos Coelho foi, depois, rigoroso, acerca de execução orçamental, despesa e receita, venda de dívida pública, cumprimento do memorado de entendimento e condições de extensão de prazo ou empréstimo, défice, desemprego e reformas estruturais. Mas compreende-se que esse rigor e secura sejam vistos como «técnica». Vê-los como política séria seria confessar que política era o mercado abastecedor de ilusões, irresponsabilidade e mentiras em que se constituiu o governo Sócrates.
Passos Coelho foi rigoroso ainda ao afirmar que o pior ainda não passou, e ao insistir que evoluções económico-financeiras alheias à nossa vontade podem exigir novas medidas. Sublinhou sempre que era um último recurso, e que nada faz prever tais medidas no momento. Mas a dificuldade em lidar com a língua portuguesa quando despojada de artifícios e usada de forma exacta levou a que muitos jornais abrissem com a afirmação de que Passos Coelho não garante que não haja novas medidas de austeridade -- uma total inversão lógica.
E é claro que nenhum dos jornalistas ou comentadores mais rosados compreendeu que esta possibilidade longínqua e condicional de mais austeridade é uma espada de Damocles, é o melhor instrumento de contenção das ilusões almofadísticas do PS, e é, portanto, «política» da mais evidente.
Por fim, foi só timidamente apontado aquilo que esteve por demais evidente: que Passos Coelho está muito sólido e informado. É compreensível que doa a muitos jornalistas e comentadores verificar isso mesmo, e que o calem. Felizmente que não parecemos correr o risco de ter Ricardo Salgado a dizer outra vez que «temos um grande primeiro-ministro» -- desse-se esse caso, e a certos jornalistas e comentadores ia doer demasiado. Já lhes basta terem que inflamar-se (ou dar provas de um intrigante nervosismo) de cada vez que alguém explica como é que chegámos à beira da ruína, ou seja, como é que governou o PS.
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