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o comunismo: de ímpia tirania a 'sonho irrealizável'

por Rui Crull Tabosa, em 24.03.12

Quem leia este título do Expresso online, "Bento XVI critica marxismo antes de visita a Cuba", quase ficaria com a ideia de que o Papa teria renovado a doutrina da Igreja contra a heresia comunista.

Mas não: o Sumo Pontífice resolveu afirmar que a ideologia marxista está "ultrapassada". Com dificuldade em aceitar tal inversão das posições do Vaticano, procurei contextualizar melhor a referida expressão, acabando por me render à evidência de que, para o actual Papa, afinal, o comunismo parece ter sido uma utopia, um sonho irrealizável, uma ideologia que, "como foi projetada não responde mais à realidade".

Como se alguma vez essa sanguinária doutrina, responsável por bem mais de cem milhões de mortos, tivesse alguma vez respondido à realidade...

Longe vão, de facto, os tempos em que a Doutrina Católica sustentava, com clareza e sem tibiezas, que "o comunismo despoja o homem da sua liberdade, princípio espiritual da sua conduta moral; anula toda a dignidade da pessoa humana e todo o freio moral contra o assalto dos instintos cegos. Não reconhece ao indivíduo, frente à colectividade, nenhum direito natural da pessoa humana, por ser esta na teoria comunista simples roda da engrenagem do sistema. Nas relações dos homens entre si sustenta o princípio da absoluta igualdade, negando toda a hierarquia e autoridade estabelecida por Deus, incluindo a dos pais" (Pio XI, in Encíclica Divini Redemporis, 1937).

A quem parecer, nestes tempos anódinos e politicamente correctos, excessivo o texto transcrito, bastará recordar que, só entre 1917 e 1935, os sovietes executaram 28 bispos e outros eclesiásticos russos de elevada categoria, bem como 6778 sacerdotes cristãos, calculando-se que, no mesmo período, tenham morrido mais de 42 mil padres em campos de trabalhos forçados no paraíso comunista.

Quase tenho saudades de quando Churchill, o Premier britânico, dizia que "O bolchevismo não é uma política; é uma doença! Não é um credo, é uma peste!"

Enfim, mudam-se os tempos, mudam-se as verdades...

(em epígrafe, a inconveniente imagem de comunistas pilhando um convento russo)


14 comentários

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De Olha a novidade a 24.03.2012 às 16:31

O ex-presidente Fidel Castro reconhece que é um erro acreditar que o socialismo resolve todos os problemas económicos, no seu novo livro de memórias “Guerrilheiro do tempo”, apresentado sábado numa cerimónia pública em Havana.

(Jornal Público, 5 Fev 2012)
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De Mas... a 24.03.2012 às 19:18

ser comunista é também uma questão de fé, é uma religião como a católica, ou outras. Ou se acredita ou não. É por isso que se detestam tanto.
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De Réspublica a 24.03.2012 às 20:28

Comunismo, socialismo, fascismo, nazismo, anti-semitismo, etc... é tudo a mesma coisa! Aberrações da natureza.
Só no liberalismo está a verdade, centrada nas ideias da escola austríaca, de von Hayek, von Mieses e Kelsen.
Sendo certo que o Papa é infalível, pelo que pode sempre encontrarem-se coisas boas nos socialismos... é como dizia Churchill "se Hitler invadir o Inferno, direi uma ou duas coisas boas sobre o diabo".
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De El Jefe a 24.03.2012 às 20:35

Teve de ir aos protestantes para encontrar a verdade? LOL
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De Réspublica a 24.03.2012 às 21:40

Hayek e Kelsen eram Católicos (o segundo convertido), von Mieses judeu!
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De El Jefe a 24.03.2012 às 20:36

Ainda por cima não sabe nade história. Os bolcheviques mais sanguinário e fiéis eram judeus.
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De Réspublica a 24.03.2012 às 21:41

Esquece que Stalin decidiu purgas contra judeus?!
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De Anónimo a 24.03.2012 às 21:34

Comentário apagado.
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De Réspublica a 24.03.2012 às 21:58

Sim Crull, vi logo que ia buscar a Rerum Novarum... a base religiosa do fascismo! Já agora não me diga que é daqueles que é contra a alteração do CT, por causa dos pobrezinhos dos operários!!!
Leia o Caminho da Servidão e percebe a visão dos liberais sobre a solidariedade. A solidariedade é algo privado, que os cidadãos devem fazer altruisticamente, sem ser imposta por leis do Estado. As instituições morais realizam a solidariedade, não os governos.
Ora Crull, os seres humanos são individualistas, a Igreja defende esse individualismo, através do livre arbítrio dado ao ser humano por Deus (ao contrário dos protestantes e a sua predestinação).
O liberalismo clássico tinha falhas, mas esse discurso keynesianista que defendeu está profundamente errado.
Cristo hoje seria sempre um liberal, defendeu a democracia, a liberdade individual e a dignidade da pessoa humana.
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De Rui Crull Tabosa a 24.03.2012 às 22:26

Faça um favor: depois do que acabou de escrever não se diga cristão e muito menos católico. A sua religião é o lucro, a sua filosofia o "laissez-faire, laissez-passer", a sua solidariedade a do 'cada um por si'.
Nem lhe respondo à forma como se refere à notabilíssima Encíclica Rerum Novarum e muito menos à indiferença que lhe merecem os humildes. É por causa de posições como a sua que muitos são levados por essa peste mortal que é o comunismo!
"Cristo seria um liberal"... essa é boa: então ACHA que um 'liberal', um individualista, um materialista, se deixaria crucificar para salvar a Humanidade?
Não percebe que o liberalismo é, como alguém disse, "a revolta do ser contra a espécie"?
Não vê, como um comentador já escreveu, que o liberalismo tem uma tendencial filiação protestante e enferma de um evidente anti-catolicismo?

Quanto à sua visão do Estado social e das obrigações da comunidade nacional para com os seus membros mais desfavorecidos, prefiro nem saber o que pensa, mas posso adivinhar as teses mais cruéis e deploráveis. Seguramente afrontosas para qualquer católico digno desse nome.
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De Rui Crull Tabosa a 24.03.2012 às 22:41

Respública, como hei-de responder a comentário tão absurdo quanto injusto e mesmo ignorante sobre a Doutrina Social da Igreja e a sua oposição às iniquidades do liberalismo?
Mas um ponto prévio: era então 'infalível' o Papa Pio XI ou é-o Bento XVI, já que é patente a contradição entre ambos?
Quanto à questão de fundo, aberração é o liberalismo, doutrina amoral, individualista, materialista e sim, totalitária, pela profissão de fé que faz no "homo oeconomicus"...
Sabe ou devia certamente saber que o liberalismo foi sempre firmemente condenado pela Igreja, desde logo por Leão XIII, na Encíclica Rerum Novarum, onde o então Papa defendeu o operariado contra os excessos e crimes do liberalismo económico. Devia saber, mas por qualquer razão não o consegue...
Mas dou-lhe uma ajuda, com a seguinte citação da Encíclica Rerum Novarum: "...os trabalhadores isolados e sem defesa têem-se visto com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça de uma concorrência desenfreada. A usura voraz veio agravar ainda mais o mal. Condenada muitas vezes pelo julgamento da Igreja, não tem deixado de ser praticada sob outra forma por homens ávidos de ganância e de insaciável ambição.A tudo isto deve acrescentar-se o monopólio do trabalho e dos papéis do crédito, que se tornam o quinão de um pequeno número de ricos e de opulentos, que impõem assim um jugo quasi servil à imensa multidão dos proletários"
Ainda não percebeu como é aberrante e grotesca, além de socialmente iníqua, essa sua afirmação de que "no liberalismo está a verdade"?
Como pode um Católico proferir tal frase?
Mas, como estamos na Quaresma, orarei para que o Respública se converta novamente a Cristo, renegando a heresia do liberalismo. 
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De Rui Tabosa a 24.03.2012 às 22:49


Sim Crull, vi logo que ia buscar a Rerum Novarum... a base religiosa do fascismo! Já agora não me diga que é daqueles que é contra a alteração do CT, por causa dos pobrezinhos dos operários!!!
Leia o Caminho da Servidão e percebe a visão dos liberais sobre a solidariedade. A solidariedade é algo privado, que os cidadãos devem fazer altruisticamente, sem ser imposta por leis do Estado. As instituições morais realizam a solidariedade, não os governos.
Ora Crull, os seres humanos são individualistas, a Igreja defende esse individualismo, através do livre arbítrio dado ao ser humano por Deus (ao contrário dos protestantes e a sua predestinação).
O liberalismo clássico tinha falhas, mas esse discurso keynesianista que defendeu está profundamente errado.

Cristo hoje seria sempre um liberal, defendeu a democracia, a liberdade individual e a dignidade da pessoa humana.

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De Rui Crull Tabosa a 24.03.2012 às 22:51

Este comentário, evidentemente, não é meu... É do respública, mas como, inadvertidamente 'foi apagado', cá está novamente, acompanhado, a seguir, da resposta que lhe dei.

 
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De Rui Crull Tabosa a 24.03.2012 às 22:51



Faça um favor: depois do que acabou de escrever não se diga cristão e muito menos católico. A sua religião é o lucro, a sua filosofia o "laissez-faire, laissez-passer", a sua solidariedade a do 'cada um por si'.
Nem lhe respondo à forma como se refere à notabilíssima Encíclica Rerum Novarum e muito menos à indiferença que lhe merecem os humildes. É por causa de posições como a sua que muitos são levados por essa peste mortal que é o comunismo!
"Cristo seria um liberal"... essa é boa: então ACHA que um 'liberal', um individualista, um materialista, se deixaria crucificar para salvar a Humanidade?
Não percebe que o liberalismo é, como alguém disse, "a revolta do ser contra a espécie"?
Não vê, como um comentador já escreveu, que o liberalismo tem uma tendencial filiação protestante e enferma de um evidente anti-catolicismo?

Quanto à sua visão do Estado social e das obrigações da comunidade nacional para com os seus membros mais desfavorecidos, prefiro nem saber o que pensa, mas posso adivinhar as teses mais cruéis e deploráveis. Seguramente afrontosas para qualquer católico digno desse nome.
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De Caifás a 24.03.2012 às 23:50

Irmão tem toda a razão quando escreve, "Só no liberalismo está a verdade", é assim mesmo, esta nossa invenção, tem que ser permanentemente defendida como a única forma de realidade social viável, que importa o facto de a termos inventado formalmente no século XIX, se bem que já a estivéssemos a explorar desde o século XVIII, tudo o que aconteceu no passado da humanidade não interessa,. O que importa é martelarmos sempre na mente da população essa mentira, "Só no liberalismo está a verdade", mas na realidade os seus frutos só deram mesmo resultado para nós no século XX, depois de termos conseguido destruir as ameaças políticas orgânicas, que de facto funcionavam e resolviam os problemas, essas é que são realmente as nossas verdadeiras inimigas.

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