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Que mal te fizeram as galinhas, ó Marcelo?

por Rui Crull Tabosa, em 29.01.12

Nunca dei grande crédito às homilias do Prof. Marcelo que, com o seu inigualável sorriso mefistofélico, sempre procurou apoucar todos quantos, na sua família política, chegaram bem além dele próprio, eterno quase candidato a primeiro-ministro e quase candidato a presidente da república...

Por descuido, deixei-me ouvi-lo esta noite na TVI, verberando, escandalizado, as autoridades da União Europeia por estas "estarem preocupadíssimas com os direitos das galinhas". Imperdoável para ele foi mesmo a UE ter tido o 'desplante' de exigir que essas aves devem ser colocadas em "gaiolas [com] espaço para respirar" (sic). Uma insanidade para a cabecinha do Prof. Marcelo, para quem a protecção aos animais prejudica, ipso facto, os direitos das pessoas, como logo se apressou a perorar. Brilhante, como se vê.

Fica este vídeo abaixo, para aqueles que tiverem estômago para o ver até ao fim e que diz muito sobre aquilo de que as bestas humanas são capazes em nome da religião do dinheiro:

Nós podemos perceber melhor ou pior os animais. Mas sabemos que também eles sentem a dor. E não é civilizado aquele que despreza o sofrimento que a crueldade do homem inflige aos animais.
P.S.: trazer os idosos à conversa, então, releva do mais absoluto nonsense.
E fica o registo de interesses: não compro ovos, galinha ou frango que não sejam de produção biológica. Por uma questão de elementar decência.


8 comentários

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De Nem tanto a 30.01.2012 às 11:14

Se bem percebi, Marcelo insurgiu-se especialmente (e com alguma razão, convenhamos) contra o facto de a UE (e quem diz a UE agora diz Merkel + um come(r)diante francês) ser incapaz de resolver os problemas gravíssimos que a afectam há anos (e esses problemas, acho eu, afligem muitos cidadãos - desempregados, idosos, gente fortemente angustiada com o futuro) e se tenha saído nesta altura com uma apertada regulamentação sobre as galinhas (que obviamente não são pedras).

Um pouco à margem, gostaria de saber se os tormentos a que em França são sujeitos os patos que servem para fazer os famoso paté de foie gras já têm garantido o respeito pela sua condição.
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De Rui Crull Tabosa a 30.01.2012 às 11:33

Gostava de perceber em que medida é que o facto de as autoridades da UE se preocuparem e lutarem contra o sofrimento animal impede ou prejudica a resolução de outros problemas, certamente gravíssimos, que afectam os povos europeus.
Sabe, a insensibilidade perante o sofrimento animal é bem a medida da pobreza moral de quem a pratica ou com ela transige.
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De Tentando vagamente explicar a 30.01.2012 às 12:29

De há muito tempo para cá, a UE tem vindo a meter o bedelho em ene domínios avulsos onde não faz falta, daí que muitos a vejam com antipatia.

Por exemplo, a fruta tem de estar calibrada e com boa aparência, mas não tem nenhum sabor e sabe-se que é tratada com químicos de toda a espécie.

Muitos produtos tradicionais portugueses acabaram ou são transaccionados com receio e à socapa devido a idiotas e fundamentalistas regras impostas pela UE.

E admiro-me muito se lobis poderosos não mantiverem atentados graves à margem de alguns desses regulamentos, como a abjecta engorda dos patos, que referi.

Por outro lado, a UE falha clamorosamente na informação ao consumidor. Fui mesmo agora buscar um produto cujo rótulo diz: fabricado na UE para ..., distribuído por ..., ignorando-se de todo em que país da UE foi fabricado e, muito menos, o próprio fabricante, o que me parece anedótico.
A menção ao distribuidor é de somenos, quem o compra sabe em que cadeia de lojas o fez.

Quanto às nossas autoridades, não estão imunes a medidas do género.

É sabido que muitos cafés (e outros estabelecimentos) investiram na criação de zonas de não fumadores, separados dos fumadores. Vir agora o governo com a ideia de acabar ali com todo o fumo é revoltante para os seus proprietários, que ali terão gasto inutilmente o deles.

E (por acaso, julgo que Marcelo fez referência a isto), a TDT pode ser um progresso, mas deixou de fora sobretudo idosos e idosos pobres do interior envelhecido, o que é intolerável.

Não são medidas assim que ajudam seja no que for. (Eu não fumo e tenho acesso à TV paga).

Concluindo e voltando à vaca fria, atacar a crise não impede que outros assuntos sejam tratados, mas, numa altura como a que vivemos, seria conveniente que todos os esforços fosssem concentrados nesse desiderato e não se distraíssem do fundamental, que são as pessoas que a sofrem.
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De Rui Crull Tabosa a 30.01.2012 às 14:37

Que quer que lhe diga?
Compara a calibragem da fruta`ou a proibição do fumo ao sofrimento de animais...
Mas sempre lhe digo que também não compro ou como fois gras, por razões que por certo imaginará.
De resto, como considera o combate à crueldade contra animais uma 'distracção' ao que é verdadeiramente importante, creio que os nossos pontos de vista ficaram esclarecidos.
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De Não ficaram, não a 30.01.2012 às 14:47

Ninguém com um módico de sensibilidade pode defender o que fazem às galinhas.

Mas mantenham os pés na terra e não se ponham com irrealismos. Caso contrário, está o mercado invadido por ovos e carne provenientes de países que se marimbam para o sofrimento dos animais e os colocam aqui ao preço da chuva.

Quem ganhará com isso?
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De Rui Crull Tabosa a 30.01.2012 às 18:38

Virá o dia em que se proibirá a importanção de bens de países onde não sejam minimamente respeitados os direitos do trabalhador ou dos animais. Se não vier, tanto pior para nós.
Não vejo a razão ela qual um ovo não possa custar 30 ou 40 cêntimos. Mas, para ser a 10 ou 15, a coisa tem de ser mesmo à bruta, não é?

 
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De Nem por isso a 30.01.2012 às 18:48

Acho que distorce um tanto o que eu escrevi.

E repare que ainda não foram proibidas as importações de países cujos trabalhadores não têm quaisquer direitos, quanto mais os animais...
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De Rui Crull Tabosa a 31.01.2012 às 09:28

Pois, se calhar devia começar a pensar-se nisso.
E se distorci foi sem má intenção.

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