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Regalos republicanos

por Rui Crull Tabosa, em 24.10.11

Casa do RegaloA bela imagem que acompanha este texto não foi escolhida por acaso.

Trata-se da "Casa do Regalo", um palacete situado "no topo da Tapada das Necessidades, entre frondosa mata", mandado construir pelo rei D. Carlos I para estúdio de pintura da rainha D. Amélia.

Na República serve, não para instalação de entidades oficiais, mas, pasme-se, para gabinete de recreio do reizete Sampaio (que bebe do fino, como se usava dizer), um dos moralistas do regime que gosta de encher a boca com a propalada "ética republicana", a tal que, supunha-se, tinha a ver com igualdade entre os cidadãos e a abolição de "regalias" (lex dixit) e privilégios a quem os já não representa.

Dito de outro modo, no dia seguinte ao termo de funções de chefe do Estado, Sampaio deveria (querer) voltar a ser um cidadão comum, como os demais, enfim, um entre iguais

Mas não, claro que o Jorginho gosta de um ambiente apalaçado (mesmo que a Lei 26/84, alterada pela Lei 28/2008, se refira a "gabinete", não a palacete...), aprecia o séquito de "um assessor e um secretário da sua confiança" e, é claro, não prescinde do "automóvel do Estado, para o seu serviço pessoal, com condutor e combustível".

Pouca despesa, como se imagina, qualquer coisita como, só em pessoal, entre cem mil e duzentos mil euros anuais, ou talvez um pouco mais...

Este espírito desprendido e este viver modesto não surpreendem em tão emérito socialista, ou não tivera ele dito há uns anos, quando recebeu 90 mil euros do Prémio Carlos V, que "O prémio, desta vez, vai ser para mim. Não vai haver associações de caridade. Os tempos vão maus".

Seja como for, neste tempo de profunda crise, em que se corta nos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores, em que antigos governantes vão deixar de poder acumular subvenções com rendimentos privados, urgia dar também o exemplo de acabar com injustificadas regalias de antigos titulares de cargos políticos, a começar pelos ex-Presidentes da República, desde logo revogando as alíneas a) e b) do artigo 6.º da Lei 26/84.

O que, de resto, sempre seria uma exigência do próprio princípio republicano, se, é claro, houvesse vergonha neste País.


19 comentários

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De Caifás a 24.10.2011 às 23:35

Ora, ora, então o senhor Tabosa, acredita que um Bensaude irá alguma vez abdicar de um proveito material a que legalmente tem direito, qualquer Krull, sabe que um irmão nunca desiste de um bem material a que conseguiu alapar-se, mas na verdade isso escapa a todos os Crull deste mundo.
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De ze luis a 25.10.2011 às 00:40

Chiça, memória de elefante, digno de um dinossauro sampaensis... Obrigado pela "evocação" e o vislumbre apalaçado!
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De Republicano a 25.10.2011 às 09:28

"Em Maio de 2005, a Direcção-Geral do Património afectou a Casa do Regalo à Secretaria-Geral da Presidência da República para nela se vir a instalar o gabinete do ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, tendo-se solicitado à DGEMN um estudo e projecto de reabilitação da Casa do Regalo, dada a necessidade de se proceder a obras de conservação e restauro do edifício (as últimas tinham sido feitas em finais da década de ’60 e em 1991-93).

Com base nesse estudo, e no projecto elaborado pelo Arquitecto Pedro Vaz da DGEMN, foi adjudicada, em Junho de 2005, a empreitada respectiva, mediante prévio concurso público, tendo as obras de intervenção sido concluídas em finais de Maio/Junho de 2006."

Já agora, que obras de adaptação do edifício terão sido realizadas e quanto terá isso custado?

Curiosamente (ou talvez não) fala-se de obras de conservação e restauro, mas não de ADAPTAÇÃO do Regalo ao fim que lhe foi dado, e adjudicação precedida de concurso público, mas nada se diz sobre o VALOR da dita.

Mas também há o pormenor inicial de a coisa ter sido mandada construir pelo rei D. Carlos I PARA ESTÚDIO DE PINTURA DA RAINHA D. Amélia.

 
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De Rui Crull Tabosa a 25.10.2011 às 10:43

Pois, eu nem me referi a esses custos por não existir informalção disponível (é a transparência 'democrática'...)
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De Nuno Castelo-Branco a 25.10.2011 às 11:01

O Expresso disse: 750.000 Euros
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De Rui Crull Tabosa a 25.10.2011 às 11:40

Se fosse para usufruto ou benefício geral ou ainda para uma finalidade do Estado, podia nada haver a dizer. Agora assim..., é pura "pulhice do homo-sapiens", para citar o velho Delgado! 
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De Lino a 25.10.2011 às 10:09

Ele tinha razão: havia vida, e boa, para lá do défice.
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De Nuno Castelo-Branco a 25.10.2011 às 11:02

Bem, pelo menos não tem o "seu" gabinete sito na sua própria Fundação. O Estado paga pela salinha do Dr. Mário Soares, sita na Fundação do mesmo nome e que normalmente já era usada por... Mário Soares. Coisas republicanas.
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De Rui Crull Tabosa a 25.10.2011 às 12:18

Esse também vai ter direito a post...
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De PPA a 25.10.2011 às 15:18

Caro Rui Crull Tabosa,

Excelente artigo. Mais um bom registo para verificarmos o que este regime anda a fazer connosco! Bem-haja pelo post!

É sempre reconfortante ver alguém, com verdade, sem medos, por a realidade (republicana) do nosso país nua e (neste caso) "Crull"!

Cumprimentos e consideração.
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De alguém a 25.10.2011 às 15:47

Assunção Esteves, a actual Presidente da Assembleia da República reformou-se ao 42 anos, com a pensão mensal (14 vezes ano) de € 2.315,51. Fica o Diário da República de 30/07/1998 para vossa informação. Para que saibam ainda, a Senhora Assunção Esteves recebe ainda de vencimento mensal (14 vezes anos) € 5.799,05 e de ajudas de custas mensal (14 vezes ano) € 2.370,07. Aufere, portanto, a quantia anual de € 146.784,82. Ou seja, recebe do erário público, a remuneração média mensal de € 12.232,07 (Doze mil, duzentos e trinta e dois euros, sete cêntimos). Relembramos que também tem direito a uma viatura oficial de BMW a tempo inteiro!

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De Réspublica a 25.10.2011 às 19:18

A república sai mais cara que a Monarquia... é o resultado da ética republicana, inspirada na perversa seita dos pedreiros-livres... raios parta os maçons, deviam ser todos enviados para o campo pequeno, ou algo parecido!
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De hajapachorra a 25.10.2011 às 23:26

Então e o governos dos cortes não faz nada? Não acaba com essa pepineira? Coragem era meter-se com esses borra-botas que nunca fizeram chavelho mas a quem a pátria tanto deve. Tanto assalto e a esses camaradas não acontece nada? Será preciso arranjar a visitinha de uns moldavos munidos com suas caixas de violoncelo?

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