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A rejeição da cruz

por João Távora, em 20.08.11

 

A um pequeno texto meu publicado aqui há dias, alguém comentava no Facebook, qualquer coisa como “trabalho sim, padecimento não”. Este pensamento traduz o terrível preconceito que há muitos anos nos vem condenando ao fracasso. Porque o sofrimento é definitivamente o sentimento que precede a redenção do Homem. Porque é essa a afeição que o mais das vezes precede o Conhecimento, a Criação Realização humana. E é-o ironicamente desde o brutal momento em que nascemos.
Mas desçamos aos exemplos comezinhos: como pode a criança memorizar a tabuada ou aprender gramática, o adolescente exercitar a matemática, como pode o jovem aspirar a médico sem muita renúncia e contrariedade? Não é certamente prazer o que sente ciclista em pleno esforço a subir à Senhora da Graça, nem é sem muita austeridade que se obtém a boa forma física e clarividência mental. Da “violência” do despertar bem cedo, ao cioso cumprimento das nossas tarefas, o sucesso de qualquer projeto profissional depende em grande parte da renúncia aos nossos apetites. Ou de como o confronto sem paliativos com a depressão e a dor são antecâmera da redenção e do crescimento da Pessoa, e a evasão inevitavelmente a sua desgraça.
A obstinada recusa da Cruz (na acepção cristã do termo), pela contemporaneidade ocidental não é mais do que um trágico sinal da nossa decadência. Abstendo-nos do seu profundo significado religioso detenhamo-nos ao menos no seu simbolismo mais prosaico e terreno: sobre o que a sua recusa significa na adolescentocracia em que a nossa civilização encalhou e se afunda.


9 comentários

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De Herr Flick a 21.08.2011 às 16:38

Rejeição da Cruz? Sim! (não de Jesus) Ninguém quer ser crucificado. Não há redenção no sofrimento. Jesus aceitou a morte, mas não queria morrer assim. Esta exortação do sofrimento, tão cara à igreja para fazer prevalecer os seus propósitos, não era a mensagem de Jesus. É a deturpação da mesma, como tem sido ao longo do tempo esta igreja que Ele não mandatou e que se ergueu em seu nome como um dos grandes embustes.
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De Alma Peregrina a 21.08.2011 às 20:14

Ai não mandatou? Interessante... então mandatou a quem? A si? É que você fala como se fosse a Sua porta-voz.
 
E aí eu pergunto: quando é que Jesus a mandatou a si para dizer como Ele queria morrer ou não? Quando é que Ele lhe disse como queria morrer? Onde é que nas Sagradas Escrituras diz "Tu és m.a.g. e sobre esta m.a.g. construirei a minha Igreja e tudo o que ligares na Terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na Terra será desligado nos céus"?

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