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O dia seguinte

por Pedro Correia, em 13.02.07
As respostas balbuciantes do Governo, jamais descendo ao concreto, nas horas que se seguiram ao apuramento dos resultados do referendo são bem indiciadoras de que o problema do aborto está muito longe de se resolver com uma alteração de uma alínea do Código Penal. O país que agora consagrou a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas enquanto "direito" da mulher é o mesmo que se prepara para encerrar quinze urgências clínicas em sedes de concelhos tão diversas como Estarreja, Fafe, Vila do Conde, Cantanhede, Régua, Peniche, Vendas Novas e Macedo de Cavaleiros, como o ministro da Saúde - com a sua habitual subtileza de elefante em loja de porcelanas - acaba de revelar. Num certo sentido, é a partir de agora que tudo começa. Que clínicas serão licenciadas e com que critérios? Que verbas do Orçamento de Estado estarão à disposição das utentes? Qual o enquadramento regulamentar dos médicos que pretendam exercer a objecção de consciência? Um mundo de interrogações, tanto mais que a lei ainda em vigor nunca chegou a ser devidamente aplicada por falta de regulamentação. Se alguém pensava que bastava depositar um boletim de voto numa urna para pôr fim à chaga do aborto clandestino, desengane-se. Desde já.

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11 comentários

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De m.i. goulao a 13.02.2007 às 14:40

A chaga do aborto clandestino é voluntária. Ninguém obriga ninguém.
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De Anónimo a 13.02.2007 às 14:32

Não sejamos ingénuos, porque não somos parvos.
Já estava tudo combinado há muito tempo entre o Governo e os proprietários de duas clínicas espanholas, uma inglesa e outra alemã. As clínicas já cá estão há mais de 6 meses. Algumas delas já estão equipadas e tudo. O sr. Silva Pereira sabe bem do que falo e dos milhões que estão envolvidos. Para eles, governantes, é o negócio do século.
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De Margarida a 13.02.2007 às 14:07

Olhe que a lei é de 1984, concretamente a lei nº 6/84, de 11 de Maio.
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De ariel a 13.02.2007 às 13:00

Corrijo: uma lei de 1988 e não 1998, queria eu dizer. Os anos já são muitos..
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De cinderela-dos-pes-grandes a 13.02.2007 às 12:58

Agora é que começa REALMENTE a mudança. Espero que TODOS continuem atentos nesta fase do processo. É imprescindível.

Devo dizer que o meu pessimismo é algum, mas ainda consigo ter alguma esperança de DECÊNCIA por parte de um primeiro-ministro que defendeu activamente o SIM.
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De ariel a 13.02.2007 às 12:40

"Um mundo de interrogações, tanto mais que a lei ainda em vigor nunca chegou a ser devidamente aplicada por falta de regulamentação"

Dizer que a actual lei não foi aplicada por falta de regulamentação, é uma novidade para mim. A lei está em vigor desde 1998, se não me engano, não está regulamentada?
Tenho ouvido e sabido sim, que o "sistema" se "recusa" a cumpri-la, infelizmente. Mas devo estar enganada, concerteza que o Pedro Correia está melhor informado do que eu.
Podia aqui contar um caso, muito próximo de mim, que a grávida perdeu o bébé fez uma ecografia e o bébé estava morto. Pois na Alfredo da Costa as complicações para lhe fazerem a raspagem era tanta, a marcação do dia ultrapassava em muito o que uma mulher naquela situação já delicada estava disposta a suportar, que foi pagar e chorar para outro lado, esquecer-se do assunto e tentar 2ª vez. Felizmente conseguiu e tem uma linda menina.
O "sistema", na dúvida achava-se no direito de castigar as mulheres, não fosse ela ter provocado o aborto.

"Se alguém pensava que bastava depositar um boletim de voto numa urna para pôr fim à chaga do aborto clandestino, desengane-se. Desde já."

Quanto a isso, não tenho qualquer dúvida. Estamos todos de acordo. Mas vai diminuir, Pedro Correia, tenha fé, que vai diminuir.
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De tomas vasques a 13.02.2007 às 10:02

Pedro: não esteja tão pessimista. Depois de criados os mecanismos, algum tempo depois, o seu movimento entra na rotina. Um abraço.
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De Anónimo a 13.02.2007 às 09:44

Interrogações? Quem não as tem são os espanhóis, que estão aí a todo o gás com as suas clínicas. Só o que posso dizer é que é bem feito.
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De rui a 13.02.2007 às 07:43

É um bocado como aquela discussão:
porquê lutar pela igualdade de direitos das mulheres se o resultado é estafermos como a Condie ou a Thatcher a chegarem ao poder?
Para quê lutar pelo fim da escravatura se muitos dos escravos são uns refinados patifes?
Embora o resultado do referendo tenha sido juridicamente inconclusivo, pelo menos verificou-se uma coisa muito positiva: o súbito e desvelado interesse de um certo sector da população portuguesa nos problemas da Segurança Social e das suas carências. Por umas semanas foi bom ouvir gente de bem que escreve anos a fio contra "o despesismo" e a necessidade de "reformas" enternecer-se com "as filas de espera".
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De menir a 13.02.2007 às 01:18

Caro Pedro, o voto na urna foi o início de um processo que espero vir a ser acompanhado por todos os que defenderam a sua posição (quer tenham votado sim ou não). Que custos poderá vir a ter? Não sei. Irá sobrecarregar o SNS? Espero que não em demasia, mas é tempo de assumir esses gastos, essa responsabilidade, em vez de a "exportar" ou remeter as suas consequências para um qualquer posto de úrgências.
Este problema não se resolve com uma alínea, sem dúvida, a partir de agora é que começa o trabalho.

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