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Há anos que os principais diários portugueses vêm registando quedas de audiência. É justo e merecido. Basta ler a cobertura desta campanha eleitoral para desejar que a queda de audiências se acentue ainda mais.
Há anos que os telejornais privados tentam em vão ultrapassar as audiências do jornal das 8 da RTP. Basta ver a cobertura desta campanha eleitoral para desejar que nunca o consigam.
Alguns exemplos.
Durante esta campanha eleitoral emergiram três notícias grandemente relevantes e profundamente graves que deixariam agitado e lançariam na senda da investigação qualquer jornalista minimamente sério e medianamente inteligente.
Soube-se, primeiro, que o governo andava a fazer dezenas de nomeações de última hora (que, ao contrário do que foi dito, produzem efeito no momento, e não apenas quando publicadas em Diário da República) e, do mesmo passo, a dar instruções para as manter secretas.
Sobre isto, um «jornalista» da Sic, destacado para a campanha do PSD, disse que «era um caso de campanha», e que «vamos ver quanto tempo dura». Outro «jornalista» da Tvi foi mais longe, e ralhou com a fonte, declarando que Passos Coelho faltou à promessa de não levantar polémicas, e que era «um caso de faz o que eu digo não faças o que eu faço».
Ver um jornalista protestar porque lhe puseram uma notícia no prato, é surpreendente e confrangedor. E tem uma de duas explicações possíveis: o homem é estúpido ou é socialista. Jornalista é que não é.
Soube-se, em segundo lugar, que o governo falsificara as contas da execução orçamental: atrasara o pagamento de 200 milhões de euros para parecer que a despesa estava a descer 3,6%, quando, incluindo essas verbas, a despesa teria descido 1,6%, abaixo do compromisso com a missão tripartida.
Sobre isto, os jornalistas das privadas voltaram a falar em «caso», após o que se remeteram a insistente silêncio. E quando Sócrates deu para a falsificação uma explicação mentirosa (que eram só pagamentos para a Caixa de Aposentações) calaram-se e continuaram calados. O Público do dia seguinte foi bastante mais longe. No seu termómetro de campanha, punha Sócrates em alta, porque tinha «estado no seu melhor» ao contra-atacar.
Ver um jornal que já foi de referência elogiar um político porque mentiu com grande ânimo e determinação é supreendente e confrangedor. E tem, é claro, uma de duas explicações: o autor do termómetro de campanha é estúpido, ou, então, é socialista. Jornalista é que não é.
A terceira notícia gravíssima deu-a o Diário Económico (a imprensa económica, com relevo para o Jornal de Negócios, é, hoje, um oásis de jornalismo no meio da mediocridade geral). Revelou o Diário Económico que, em Abril, o governo Sócrates obrigou o Fundo de Estabilidade da Segurança Social a comprar 180 milhões da sua dívida. Qualquer jornalista, qualquer patriota, não deixaria mais em paz um ainda primeiro-ministro (sobretudo um que se proclama defensor do Estado Social e faz terrorismo contra todos os outros) que sorve dinheiro de um fundo criado para garantir que não há desordem no pagamento de reformas, subsídios e pensões.
Mas à notícia do Diário Económico seguiu-se o silêncio geral. Neste caso, o calado não é o melhor. É estúpido ou é socialista. Jornalista é que não é.
E nem quero recordar as manchetes de Fevereiro (sim, há 3 meses) em que o Expresso anunciava que o défice tinha caído a pique e que «FMI já não vem». E nem quero lembrar a descoberta da Visão, esta semana, de que os fantasmas são de direita.
No meio disto (aceito que talvez por medo) vem sendo a governamentalizada RTP a fazer uma informação menos escandalosa.
Seja como for, também ela terá que responder, no dia 6 de Junho, pela orgia de sondagens incompetentes ou manipuladas com que nos foi enchendo os ouvidos de «empates técnicos» e «PSD não consegue descolar». É esta espécie de trabalho pago por fora que passa, hoje, por jornalismo.
Acorda Portugal! Nenhum país sobrevive na mentira.
Quem vê para além da camuflagem dos interesses particulares tem a obrigação, se tiver a coragem, de denunciar o erro.
Não por protagonismo, calúnia ou inveja, mas sim pela obrigação moral, pelos valores que defende que o impossibilitam de ficar calado.
A doença só se ultrapassa se o doente reconhecer que o é. E o nosso pais está severamente doente.
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