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Ontem o debate Sócrates versus Portas
Foi um debate entre dois homens bons em demagogia. São dois demagogos. As diferenças: Paulo Portas levou mais conteúdo para o debate. Mostrou a evolução da dívida no "reinado" de Sócrates, este desculpou-se com a crise internacional (aqui para nós, a única influência da conjuntura internacional na nossa dívida é o facto de ter sido permitido subi-la acima dos 60% do PIB, nós não tivemos subprime, por isso não foi para 'intervencionar' bancos que nos endividámos, ao contrário dos outros países). Paulo Portas estava bem preparado. Mas peca porque não consegue olhar de frente para o adversário, toca as raias da falta de educação aquilo. Fala a olhar para o lado, ou para baixo. É timidez, provavelmente, mas não é simpático.
Sócrates, ao contrário olha de frente, como bom manipulador, tem um olhar hitleriano, fixo, ensaiado. Olha nos olhos ainda que esteja a dizer a maior das banalidades e mesmo quando repete clichés à exaustão. Como aquele do PEC IV ter sido chumbado e de agora a oposição estar de acordo com as medidas de austeridade da troika, que segundo o Sócrates são as mesmas (só segundo ele). Paulo Portas acabou por chegar ao cerne da questão mas rodeia muito, leva muito tempo a divagar sobre as contradições do seu opositor (em tom cantado). O que Paulo Portas tinha de dizer: O PEC IV não chegava porque não trazia dinheiro para Portugal a juros baixos. Uma coisa é austeridade com soluções de recuperação da economia, outra coisa é austeridade num país que continua a ir ao mercado a endividar-se a 10%. A crise política foi precisa, porque senão o Sócrates cheio de orgulho num "país moderno" (não sei qual será, este não é com certeza) ia continuar a criar medidas de austeridade sem que isso baixasse os juros. O FMI acabaria por vir, numa altura em que já teríamos um IVA a 25%, já não haveria 13º e 14º mês, não haveria nada para cortar, e continuaríamos sem as medidas estruturais que são necessárias aplicar. E que a troika, bem ou mal, apontou.
Sócrates defendeu bem a necessidade de continuar o TGV Lisboa Madrid. Por causa de o spread ser baixo e de isso ser uma oportunidade única. Por ser importante para o país a ligação a Madrid por uma via alternativa ao avião. Esta foi talvez a única ideia de jeito que Sócrates defendeu.
De resto passou o debate a dizer que o PEC IV era igual às medidas da troika. O que é mentira.
O truque de Sócrates é não deixar ninguém falar, irromper com ideias que quer transmitir, ignorando as perguntas da jornalista. O mesmo truque foi repetido por Pedro Silva Pereira na RTP 1, contra o Catroga (que é incomparavelmente mais autêntico e sério, menos fabricado pelos gurus da imagem televisiva).
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