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Anos atrás propus aquilo que hoje finalmente se torna uma realidade: a criação de uma rede destinada a aproveitar as sobras alimentares dos restaurantes.

Hoje vou mais longe, e porque já não ocupo funções públicas, deixo esta proposta à consideração dos actuais legisladores: face à grave situação económica existente em Portugal e ao aumento gigantesco de situações de fome entre a população, torna-se no meu entender necessário, por razões morais mas também por tal representar uma prática atentatória do bem-estar social, criminalizar práticas de desperdício voluntário por parte das pessoas colectivas relativamente a alimentos que estejam em condições de ser utilizados na alimentação humana ou animal.

Fica aqui a proposta. Não tem direitos de autor já que será Portugal em geral, e os mais carenciados em particular, que dela beneficiarão, caso venha a ser implementada. Está lançado o repto público.


34 comentários

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De João Paulo Magalhães a 28.11.2010 às 15:05

Como, ao certo, é que pretende definir o que é "desperdício"? Alimentos fora de validade são "desperdício"? Quem é que vigia? Como é que vigia? Que tipo de pena? E porquê apenas as "pessoas colectivas"?

Este tipo de leis só vai aumentar a burocracia - pois são precisos mais uns quantos "agentes" para a realizar - e ainda por cima não resolve nada, porque pretende legislar uma matéria vaga. É mais um exemplo do politicamente correcto onde o que interessa é fazer os ruídos certos enumerando fins que à primeira vista parecem nobres, mas com pouca ou nenhuma consideração sobre os meios propostos para atingir esses fins.

Já lhe ocorreu que a sanha ultra-higienista da ASAE é uma causa importante do desperdício de que se queixa? Se quer ajudar, insurja-se contra a ASAE, que não só produz estes desperdícios que o Pedro pretende combater, mas impede a concorrência e assim favorece as empresas grandes, por impor custos fixos altos, que afectam precisamente os pequenos produtores e comerciantes. É por estas e por outras que somos o país com menos crescimento da UE - e da OCDE.

Com respeito, esta lei que o Pedro propõe é mais uma modesta -mas típica- contribuição para a poluição legislativa que domina esta nossa Républica. Lei atrás de lei atrás de lei, mais outra lei para corrigir os efeitos da lei anterior, etc, etc.
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 17:50

Eis como, de uma penada, se "destrói" uma ideia que, modéstia à parte, tinha fins altruístas. Obrigado pela excelente contribuição.Image
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:31

Destrói o QUÊ, Pedro? Destrói se você se deixar ir em cantatas «de Restelo». Sabe que a poluição também se forma com silêncio e inércia ....ou não?
Se acredita na ideia, em frente com esta. O resto é conversa!!!!!
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 18:39

Eu sei disso meu caro. Se eu me assustasse com "Velhos do Restelo", ainda que não querendo chamar velho ao leitor autor do comentário, que me merece respeito,  não saía de casa. Um abraço
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:42

Pedro! Se nesta altura, ainda não percebeu quem lhe escreve, temos o caldo entornado! Não lhe posso mandar flores, não é?
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De João Paulo Magalhães a 28.11.2010 às 20:54

É sempre fácil ser progressivo e "para a frentex" com o dinheiro e liberdade dos outros. Difícil é saber respeitar essa liberdade.

E já agora, <i>strictu senso</i>, a poluição é causada apenas por acções.
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De Anónimo a 28.11.2010 às 21:15

Strictu sensu? Pois meu caro, encare o latu sensu. O mundo é dualista. Pense também nas omissões, tão graves quanto as acções...como aliás, a tipificação de condutas na lei o comprova.
Ressalvo, porém, que a questão nem sequer se coloca aqui, a poluição é simplesmente poluição, por se fazer e não fazer.
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De carneiro a 28.11.2010 às 15:07

Desta vez não concordo consigo na parte da criminalização. Que, aliás, só pode ser a última ratio da censura social. Existem formas intermédias de censura social, a nível ético, moral, religioso ou meramente de bom senso - que estão a ressurgir agora que já se percebeu que a liberdade de acção e de expressão não justificam todas as parvoíces que se entenda fazer.

Ainda sou do tempo que quando o pão caía ao chão se beijava o pão, como que a pedir desculpa. Bem sei que tinha a ver com a consubstanciação por analogia. Mas isso evidenciava o respeito pelo alimento.

Eu obrigo os meus filhos desde sempre a comer tudo o que têm no prato. Agora nem é necessário, passou a ser natural. Por isso comungo da sua preocupação.

Com os cidadãos é mais difícil. Mas as Empresas hoje em dia são sensíveis á boa e má publicidade. Muito mais do que a multas e a penas.

Ademais nem temos MºPº que chegue ou que mereça tanta função de garante da vida em sociedade. Para lá de ser perigoso dar ainda mais poder ao MºPº, o qual tecnicamente foi assente no modelo soviético dos anos 70. E ainda não largou - antes pelo contrário - essa matriz totatilária, corporativa e manipuladora de Big Brother. Cuidado com os poderes que se conferem ao MºPº...

Finalmente, porque um regime político se define pelo grau de liberdade que confere ao cidadão. E porque este regime pode colocar um cidadão atrás das grades por trezentas razões a mais do que acontecia no Estado Novo, sou contra o acréscimo de penalizações criminais. Por princípio.

Mas a questão que coloca tem pleno cabimento e actualidade. E parabéns pela paternidade do conceito.
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 17:52

De todo caro Colega.É  só uma ideia. outros seguramente farão melhor do que eu que já nem legislador sou.
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:41


Mas não estou a gostar do seu discurso! Que conversa é essa? Mas precisa do apoio de quem?
Quando se acredita, vai-se em frente!Está à espera do quê? Afinal tem um sitio para as Ilhas Selvagens! Faça um para este tipo de coisa? Português está sempre disposto a deitar abaixo! Irra. Faça o que tem a fazer e ponto final. Quer apoios, é?Image
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:37

Ui, ui, Ainda por cima, comidinha da quinta e leite ordenhado mecanicamente, ó pá, aquilo é um «vê se te avias».

Eu gosto de leite de vaca torina, a malhada. E azeitinho da terra, ó, ó. Gosto de milho assado, ai, que me está a dar já uma coisa. Não gosto é de forcados.Os tipos metem-se com os animais, que não lhes fazem mal nenhum. Malandros.
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De João Távora a 28.11.2010 às 16:46

Nem parece sua, esta ideia peregrina, caro Pedro. Tem experiência na gestão de comidas e bebidas em grandes estabelecimentos? Dava o papel de vigilância a um corpo policial ou aos sindicatos? Nem os Sovietes se lembrariam duma coisa dessas!!!
Abraço,
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 17:55

Caro João,
Conheço bem o conteúdo dos caixotes de lixo de muitos super e hipermercados e de quem lá vai comer.  Vejo-os todos os dias em plena Lisboa. E olhe que lá estão alimentos que se comem mesmo. Quanto ao resto o que interessa é a boa vontade e a imaginação. A causa merece o nosso empenho. 
Um abraço
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 18:27

Uma última nota caro João: a fazer fé na reacção havida no Facebook a esta proposta, os Portugueses parece que concordam com ela...
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De João Távora a 28.11.2010 às 19:29

Nem tudo o com que "os portugueses concordam" é bom, caro Pedro. Ir atrás disso é populismo e pode tornar-se perigosa demagogia.
Abraço
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De Anónimo a 28.11.2010 às 19:43

A Ideia do Pedro é excelente. Mais do que excelente!

Pedro, siga com a mesma! Já tive um «certo país» contra uma causa que defendia em certa situação e foi para o lado que melhor dormi. Ganhei! Precedente! Final da coisa! Quanto mais me diziam para parar, era quanto mais eu andava!
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:28

A ideia Pedro é excelente! Nos Estados Unidos, o que conheço melhor, há restaurantes que penalizam por terem pedido determinada quantidade de comida e não a consumirem. Tem o seu quê de «what?» mas acontece.
Com a fome que há no mundo, com a miséria que vejo em África, com a tristeza que vejos nos olhos de quem precisa e não tem o que comer, eu acho sim que quem vende comida, devia ser punido por não partilhar o que pode ser partilhado com os que precisam, sem atentar contra a saúde ninguém. É óbvio que sim.
Com um legislador tão prontinho para preceituar sobre as quedas sexuais de cada um, parece-me que seria de dispensar um pouco do tempo público para matar a fome a quem a tem.
É exequível. Basta haver vontade. Só que, em Portugal, o português só se mexe quando tem o rabinho a arder, por isso, meu caro, como ironizei num outro post seu, Portugal «cá dentro» não é grande, não o é de espirito, porque deixa passar esta e outras situações, sem atentar nelas.
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 18:41

Tocou exactamente no ponto certo: basta haver vontade! E em Portugal há muita gente sem ela.
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De Anónimo a 28.11.2010 às 18:52


Sim! Não têm vontade para ser positivos! Mas estão sempre dispostos a criticar destrutivamente. Por isso, sempre que acredito, faço sempre barulho e sou polémica, pouco me importando se me apoiam ou não. Para a frente é que se caminha. O resto, acredite, é pura «you know what».Se a causa é justa, se contribui para melhorar e tornar os outros felizes, que o impede de avançar? Elementar, meu caro, elementar!!
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De Marquesa de Carabás a 28.11.2010 às 18:58

Parece-me que há aqui alguma confusão entre "sensibilizar", "mobilizar" e "criminalizar". Sensibilizar as pessoas para o desperdício, mobilizá-las... Agora criminalizar não me parece a palavra adequada. Nem me parece o melhor caminho a seguir. Tem que se começar pelo início, como em tudo. Até porque essa rede, terá que ser organizada e mantida em termos de segurança alimentar. 
Também me parece que esta questão já é do conhecimento dos orgãos legisladores, que não são alheios, certamente, às dificuldades crescentes porque passam muitos portugueses. Pelo menos alguns desses legisladores...
Este fim de semana, foi feito mais um grande peditório do Banco Alimentar. Alimente também essa ideia, que já está posta em prática e, tem dado excelentes resultados. Quer a nível destes peditórios junto do público em geral quer junto das empresas.




Marquesa de Carabás
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 19:03

Senhora Marquesa, Ainda ontem contribuí nas minhas compra para o banco Alimentar, instituição que aliás visitei enquanto deputado. Mas não chega estimada amiga, não chega...
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De Anónimo a 28.11.2010 às 19:15


O Pedro sabe se a comida que compra e dá chega ao destinatário? Há tempos, um programa TV dizia que os alimentos chegavam «lá», mas depois eram vendidos no destino.
 
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 19:20

Bem, foi na esperança que chegasse que a dei...Acho e espero que sim!
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De Marquesa de Carabás a 28.11.2010 às 20:11

Pedro Quartin Graça,

O Banco alimentar é exemplarmente gerido pela Ana Jonet. Tudo. Exactamente tudo, o que é doado, quer por empresas, quer por particulares é meticulosamente tratado e o destino são os que mais precisam. Não tenho a mais pequena dúvida disso. Foi uma ideia extraordinária! Foram precisos muitos anos e muitos esforços para atingir a dimensão que hoje tem.
 Não chega? Possivelmente é preciso ir-se mais longe. Mas estou de acordo com o João Távora, sem populismos desnecessários, uma vez que são estruturas que têm que estar muito bem montadas. Estamos a lidar com bens alimentares, com a saúde das pessoas, com prazos, com transportes adequados etc...etc...etc...uma série de questões que bem conhece.



Marquesa de Carabás
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 20:18

Eu sou um "terrível populista" Sra. Marquesa. Mas essencialmente politicamente incorrecto. E disso não abdico.Cumps,
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De João Távora a 28.11.2010 às 20:24

Caro Pedro: longe de mim acusá-lo de populismo - não leu bem o que eu escrevi. De resto, ser politicamente incorrecto "per si" não constitui virtude.
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De Pedro Quartin Graça a 28.11.2010 às 21:25

Caro João,
a resposta não era para si... não digo que seja virtude. é apenas uma característica intrínseca da minha personalidade.
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De Anónimo a 28.11.2010 às 20:59

Devo reiterar que há tempos atrás, em programa da TV, não me recordo, mas escandalizou-me, e a propósito dos bens alimentares que eram recolhidos, e não só ( roupas, etc), os mesmos ao chegarem ao destino eram pura e simplesmente vendidos! Num país da Ásia, se a memória não me trai.

Não sei o que é gerido por outros, não tenho poder de fiscalização, e muito menos, o de apontar o dedo ao que não conheço. Digo, porém, que esse programa - uma reportagem, me chocou. Por isso, não deixo de dar e ajudar. Não acredito, todavia, em tudo. Gosto de dar a quem sei que precisa, faço-o pessoalmente e cerrtifico-me que aquilo que dou é efectivamente vestido e consumido por necessitados.
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De Anónimo a 28.11.2010 às 21:03

PARABÉNS! Pedro. Muito bem!
(Ainda não percebi porque razão os emoticons deixaram de aparecer no meu écran...Bem! Muitas flores para si.)

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