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Postal de férias (I) - E o burro sou eu?

por Pedro Quartin Graça, em 14.08.10

"Posso deixar de conduzir o burro mas o vinho não deixo"

Entrou no anedotário nacional a já célebre detenção de um agricultor de uma pequena aldeia de Celorico da Beira, em concreto Salgueirais, de seu nome Jorge Rodrigues, apanhado a conduzir uma carroça atrelada por um burro, com uma taxa de álcool de 2,84. Não foi, aliás, a primeira vez que tal aconteceu mas, neste pais mergulhado em plena silly season, esta notícia caiu como uma dádiva dos céus nas redacções já fartas de incêndios e da novela "Olímpia Feiteira" em que, num ápice, de destruiu de forma assassina a reputação e o carácter de Duarte Lima. Mas nem as circunstâncias da detenção (do condutor do burro) nem a elevada taxa causaram estranheza no povo. Afinal, "passa os dias a beber até cair". Na aldeia de Jorge a notícia da detenção "só trouxe alegria". É que o casal "são uns pilha-galinhas. Deitam a mão a tudo quanto podem".

Para o povo, o problema são os animais. "Têm uma cadela que é pele e osso. Passa os dias sem comer e o burro leva cada enxerto de porrada que mete dó. E, quando andam nas tabernas, o animal fica ao deus-dará", diz Deolinda, vizinha, para quem o casal "precisa de ajuda. De manhã à noite bebem e depois ficam em casa a curar a tolada [bebedeira]. Às vezes ficam vários dias sem saírem de casa", desabafa.

Queixas que não atemorizam Jorge Rodrigues, que ontem já andava estrada fora com a sua carroça. Nem o tribunal o amedronta. "Não penso largar o vinho. Posso deixar de conduzir o burro, mas o vinho não deixo", garante ao DN.

Convicções não lhe faltam. No meio desta história quem é verdadeiramente o burro?


6 comentários

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De APC a 14.08.2010 às 11:03

Esse miserável que se maltrata e pior ainda, maltrata os pobres animais que dependem dele, não devia ter liberdade de movimento. O bandido devia estar numa qualquer instituição de reabilitação psiquiátrica afastado da sociedade onde não deve viver. 
Em boa verdade, nunca percebi como pode despertar o riso o estado de embriaguês de alguém, sendo ainda suporte de tantas anedotas estúpidas, geralmente de mau gosto.
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De 2.84 quê? a 14.08.2010 às 11:39

O meu professor primário diria: 2.84 quê? Batatas?
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De Anónimo a 14.08.2010 às 15:13

Cher Quartin,

Sim, um homem de convicção. Não larga o vinho porque gosta, porque o ensinaram a não largar e quem sabe, até nasceu viciado no vinho.

Dei aulas durante um bom par de anos, e fui colocada no ensino público secundário a ensinar uma língua estrangeira, nas piores escolas da Grande Lisboa. Foi o meu melhor estágio, por várias razões. Tinha um aluno que nascera alcoólico. Tinha quinze anos. Compreenderá que saber aquilo despedaçou-me. Ele sabia o problema que tinha e ninguém até então o tinha querido ouvir. O ambiente dele era aquele.
Nas aldeias portuguesas, vê-se o que o Pedro descreve. Ainda se assiste a vê-los pôr vinho na sopa pela manhã. Uma realidade social, essa que descreve, que entra na normalidade do quotidiano deles. Para mim é triste.

(Sem querer ironizar, lhe digo, porém, que o dito Jorge, é teimoso. Teimosia, contrariamente ao que muitos pensam, pode ser uma grande qualidade. Daí nascem as convicções que fala.)

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De Miguel a 14.08.2010 às 21:32

"o vinho alimenta um milhão de portugueses"
São vários os indícios de que havíamos voltado ao tempo da outra senhora.
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De Anónimo a 15.08.2010 às 00:06

Bem....nunca se deixou nem deixará de se beber vinho....já antes da «outra Senhora» assim era e assim continuará. Na verdade, o vinho é algo interessante, sabe bem, poe-nos alegres, e até nos faz ver a dobrar - a técnica do «dois em um»...oops e eu já vi isso..na verdade, nunca mais tentei com tanta «alarvidade», mas aquele vinho verde era tão delicioso. Image

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De maria a 15.08.2010 às 02:30


o burro é a gnr. sem dúvida. deviam estar com os copos , as usual , quando arrestaram os outros asnos.

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