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Notas olisiponenses: as ondinhas do Rossio

por Luísa Correia, em 06.08.10


 

Em 1845, é terminada a construção dos últimos prédios do Rossio concebidos pelos arquitectos pombalinos, ficando também limpo e sem entulhos o espaço envolvente. […]

A ideia de calcetar o Rossio começa a ganhar adeptos, tanto mais que as ruas da Baixa estão também calcetadas. Mas a extensão da área leva a municipalidade a hesitar. Entretanto, o governador do Castelo de S. Jorge, general Eusébio Cândido Pinheiro Furtado, que tem a seu cargo a custódia dos condenados a trabalhos forçados, presos na antiga Alcáçova, propõe uma solução: utilizar esses homens no calcetamento do Rossio, à semelhança do método seguido na entrada do Castelo, coberto com um mosaico de pequenas pedras bem talhadas, em calcário e basalto, brancas e negras. É assim que se inicia a obra na nova praça, onde os condenados avançam a um ritmo notável: 27 metros quadrados por dia.


 


 

[…] os trabalhos começam a 17 de Agosto de 1848 e terminam a 31 de Dezembro do ano seguinte (numa área de 8712 metros quadrados). O resultado é uma ondulante sucessão de vagas negras sobre um fundo branco, evocando a presença do Tejo e do mar ali bem perto. De tão conseguido, [… o] processo foi adoptado noutros bairros e estender-se-á, na sua versão de calcário branco, a todos os passeios da cidade. (Dejanirah Couto, História de Lisboa).


 


19 comentários

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De A nojeira do Costa a 06.08.2010 às 19:30

Para dizer a verdade, ao Rossio, propriamente dito, não fui, mas voltei há poucos dias à Baixa e os passeios estão absolutamente nojentos.

Como não chove e deixaram de ser lavados a agulheta, o resultado é verdadeiramente lamentável.
Arrependo-me sempre de lá ir.
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:02

Desconfio, meu caro A-nojeira-do-Costa, que por detrás desse fenómeno está a recente iniciativa camarária de erradicação das pastilhas elásticas dos pavimentos do Rossio e da Baixa. É possível que as pastilhas tenham saído. Mas alguma coisa de aparência igualmente viscosa e tendências expansionistas deve ter ficado no seu lugar, não melhorando, de modo nenhum, o panorama. ;-D
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De Bic Laranja a 07.08.2010 às 00:01

É lastimoso. Até o basalto anda mais encardido do que é negro. E não há quem pegue numa tropa de calceteiros e nivele o pavimento dos passeios. Não há nenhum que não queira imitar o ondulado do Rossio. Em três dimensões...
Cumpts. 
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:06

Sem dúvida, Bic! Está cada vez mais difícil caminhar pela cidade. Até as zonas baixas e supostamente planas são, na realidade, acidentadíssimas. ;-)
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De Nuno Castelo-Branco a 07.08.2010 às 10:44

Quando é que a comemorativa república das bananas, arranca a Lisboa, essa "horrorosa nódoa" deixada pela pérfida monarquia? deviam era betonar todas as calçadas e ruas. A Mota Engil agradece.
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De Anónimo a 07.08.2010 às 13:35

Caro Nuno,

Eu vou tornar-me monárquica. A bandeira é mais bonita, o Nuno é um defensor sério da causa e portador de uma ironia fantástica e...só não lhe mando uma flor azulinha, porque essa está reservada.

Image
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De Nuno Castelo-Branco a 07.08.2010 às 23:33

ehehehehe, pode mandar à vontade: umas hidranjas, como se diz no Porto. 
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:17

Nuno, gosto imenso desta nossa calçada alfacinha. Mas julgo que, por razões de segurança, devia cingir-se às zonas mais centrais e turísticas de Lisboa, até para haver meios de lhe assegurar uma adequada e permanente manutenção. Não é só para as senhoras de saltos altos que, no seu estado actual de desleixo, representa um perigo. É-o para todas as pessoas que tenham dificuldades de mobilidade, especialmente as pessoas velhinhas. 
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De Cfe a 07.08.2010 às 14:46

As ondas arrastaram-se até aon Rio de Janeiro
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De Anónimo a 07.08.2010 às 16:54

Não só as ondas. As bibliotecas...os bancos...até o grito do Ipiranga...

Actualmente, nos brasis, o primeiro mentiroso de Portugal está mais interessado em ver os olhos verdes do Buarque...a esperança e a sogra são as últimas morrer...dizem...Image
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De jj.amarante a 08.08.2010 às 00:06

8712 / 27= 322,7, se começaram em 17/Agosto e tivessem mantido o ritmo teriam acabado em 28/Setembro do ano seguinte, só se atrasaram um trimestre, não foi  nada mau. As fotos estão muito bem, sobretudo a do meio.
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:21

Um trimestre não pode, pelos padrões actuais, considerar-se um atraso, Jj.! ;-D
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De Com Elas a 08.08.2010 às 09:56

Então e a Ginjinha do Rossio?
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:26

Pois não sei, caro Com-Elas. Um assunto que tratarei de investigar oportunamente. ;-)
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De Maria do Tejo a 09.08.2010 às 00:57


É bom relembrar que as ondas do Rossio foram "apagadas" durante boa parte do séc. XX. Foi só na 3ª República e numa vereação de coligação PS/PCP com um maçom por presidente que elas foram restauradas...
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:32

É verdade, Maria do Tejo. Foi na presidência do João Soares. :-)
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De maria a 12.08.2010 às 22:01

Luisa,
As FOTOS.... são tão fantásticas! Nem dei atenção ao texto!!!!
Que "olho clínico" para a composição....mais tarde leio o texto.
xx
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De Luísa Correia a 14.08.2010 às 00:33

Maria, :-)))

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