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…são um exercício de crescente desapego da muita tralha que nos distrai e constrange durante a maior parte do ano de responsabilidades, tensões e inadiáveis objectivos. Há uma vertigem neste processo de progressivo desprendimento de rotinas e fetiches que alicerçam a personagem que pretendemos ser. É o resgate da alma, o encontro com Deus, com aquilo que é essencial. Não ter controlo, aceitar a providência, sonhar acordado e sem idade outra vez. Tudo se resolve afinal.
À noite encontramo-nos preguiçosos no meio dos livros começados e dos jornais amarrotados, ao som das cigarras e do chapinhar dos barcos na maré enchente. Os pequenos já dormem enquanto a festa murmura de longe, sôfrega e batida. A fingir que o amanhã não importa.
Fotografia: Milfontes, Canal em 1933, da colecção de Filipe Menezes, com os devidos agradecimentos.
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