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O povo num assomo de consumismo numa feira em Boticas
Devo ressalvar que nada me obsta que as grandes superfícies comerciais passem a abrir ao Domingo. Não concordo com o proteccionismo ao comércio de proximidade que tem e teve ao longo do tempo todas as oportunidades para se adaptar. Se assim fosse, também se criavam barreiras para o comércio electrónico (de que sou fã) que prolifera de mansinho, 24,00hs por dia 365 dias por ano: do pão quente ao leite do dia, aos discos, livros e medicamentos, quase tudo podemos comprar com grande economia através do computador em lojas virtuais. Por exemplo, veja-se aqui como criar e comprar a sua camisa exactamente à sua medida. Quanto à questão religiosa que alguma Igreja levanta, considero irrelevante: sempre existiram feiras e mercados ao Domingo a atrair comunidades e famílias “ao consumo”. Se um cristão falta à missa para ir ao hipermercado o problema é outro, bem mais difícil de resolver.
De resto achei muita graça ao comentário da nossa Luísa Correia ao post do Duarte recordando-nos como a polémica se repete, e como encontramo-la no princípio do século XX relativamente aos Grandes Armazéns que então nasciam. Curioso é que, sabendo nós que o republicanismo em Portugal foi um movimento essencialmente burguês, foram personagens como Teófilo Braga, talvez sob os auspícios de outro eminente republicano, Francisco de Almeida Grandella, que em 1904 se opunha categoricamente e levantou a voz contra a instituição do descanso semanal dos trabalhadores, uma reivindicação popular na Europa desde o final do Séc. XIX: o descanço dominical, isto é, a morte de toda a actividade intellectual e fabril de um paiz, é o tédio ou a ruína. É o suicídio social para a gente fina que se diverte. Um domingo de Londres é, para os habitantes de Londres, o peor e o mais negro e húmido dos seus nevoeiros.
Que é “alguma Igreja” J . E considero curioso que se retomem no corta-fitas argumentos do republicanismo. ;)
A questão nem é religiosa, nem é laboral. A primeira é uma falsa questão. Bem visto, o caso das feiras. A segunda, a laboral, deve ser regulamentada. A questão é de facto a sobreviência do pequeno comércio tradicional. Por mais voltas que se dê, a grande maioria não tem grande capacidade económica para se manter e muito menos para se modernizar. Os preços são necessariamente mais baixos no comércio tradicional do que nas grandes superfícies, toda a gente sabe porquê, nem vale a pena elaborar. Apenas restarão as mercearias finas, tipo loja gourmet do Corte Inglês. Para quem pode. Os outros, vão sobrevivendo como podem. Dá para repor o magro stock e ir vivendo, sem despesas com empregados, na sua maior parte. O Grandela era só um e nem a sua dimensão tem nada a ver com os jumbos e hipers do continente.
Na minha opinião, as lojas deviam estar abertas 24 horas por dia, ou mesmo mais.
Rui, quando fiz a comparação, foi considerando dois factores: o primeiro, os princípios comerciais que inspiram os hipers e que já inspiravam os grandes armazéns (alta rotação de produtos proporcionando o esmagamento dos preços) «versus» os que subjazem ao pequeno comércio tradicional (mais baixa rotação de produtos e preços consequentemente mais altos); e o segundo, os movimentos e as consequências que geraram a abertura e a proliferação dos hipers (há vinte anos) e dos grandes armazéns (há cento e vinte anos). Note-se que o «fenómeno» dos grandes armazéns não se deu só em Portugal, nem só com o Grandela (tem dois «eles»?) Então, como agora, temeu-se pela sobrevivência do pequeno comércio tradicional, mas ele – ou algum dele - resistiu, por via de outras apostas, como a qualidade, a proximidade e a originalidade. Tal como hoje.
Com todo o respsito, não me parece relevante o exemplo do Grandela. A questão não é a existência de grandes superfícies, mas sim a dimensão do fenómeno. O Grandela era praticamente o único, e numa zona central de Lisboa. Ao contrário do que acontece agora, não me parece que o grosso da população lisboeta (quanto mais do país…) fosse aos fins de semana com as suas charretes e carros de bois encher carrinhos de compras ao Grandela.
Nota: onde se lê «Rui», deverá ler-se «meu caríssimo colega corta-fiteiro». ;-D
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