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Cavaco contra a banha-de-cobra

por José Mendonça da Cruz, em 25.06.10

Nunca, como entre a noite de ontem, na Anje, e o dia de hoje, na Assembleia da República e, sobretudo, entreportas, foi possível ver tão nitidamente vista a diferença entre um político sério, declarando coisas adequadas e graves, e um demagogo e irresponsável (no duplo sentido de que não sabe o que faz e recusa responsabilidade pelo que deixou lamentavelmente feito), mentindo e esbracejando.

Ontem, na Anje, Cavaco Silva advertiu para o que a unanimidade dos economistas sabe e adverte: que o Estado está exaurido, que o financiamento é hoje um bem raro, que este estado da economia é insustentável, que as obras públicas sem critério (excepto talvez o critério dos negócios baços e do amiguismo benzido com o nosso dinheiro) têm que ser reexaminadas.

Hoje, Sócrates, insistiu no seu alucinado credo: que o Estado é que vai animar a economia; que as obras públicas que hipotecaram o país são modernizadoras; e que clamar por seriedade e governo é derrotismo, negativismo, atraso.

Neste discurso irrealista e perigoso assoma algum vislumbre de esperança? Sim, assoma uma esperança: a que resulta de ouvir o próprio Sócrates dizer que a «puxar» pelo país  -- suponho que para o abismo -- se sente cada vez mais sozinho. Deus o anime e o faça dar o último passo em frente, mesmo que sem a companhia de outros que tanto o merecem.


10 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 25.06.2010 às 23:24

O sr. Cavaco faz-me sempre lembrar aqueles vendedores de cobertores, que do alto da furgoneta, vão vendendo coisas mais ou menos felpudas na feira. Conhecemos bem uma das peças responsáveis pelo brilhante caminho a que conduziu os fundos comunitários. O resto também se sabe: mais Estado, mais clientelismo, destruição do indústria e da agricultura, fraudes nos dinheiros destinados à formação, surgimento do "financismo" yuppista, menos educação, mais desperdício a todos os níveis, zero em política externa, hipoteca ou subalternização em relação a Espanha, uma "classe" política de escasso "valor acrescentado" - ele à cabeça -, etc. Para ficarmos por aqui. Em suma, um inepto da pior espécie, como se sabe e como se vê. Não peço desculpa pela rudeza que apenas é a verdade. O homem programou bem a sua vidinha e conseguiu. Parabéns.
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De JMG a 25.06.2010 às 23:46

Duvido que a comparação com o vendedor de feira colha: Este sabe o que vende, não acredita na qualidade do produto mas acredita com razão nos seus dotes de vendedor; já Cavaco acredita na qualidade do produto mas, duvidando dos seus dotes de vendedor, vai pacientemente mexendo as peças para o comprador não ter outra hipótese.    Quanto ao resto, subscrevo. Mas que Cavaco acredite na bondade do que fez faz parte da nossa tragédia; antes fosse mentiroso.
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De Anónimo a 26.06.2010 às 16:22

È verdade! Estou a ver o Cavaco no meio da camioneta com muitos cobertores à volta...com a assistente ao pé - vestida de branquinho e o cabelito mal amanhado....E agora meus senhores, nem mais um euro ou um cêntimo, olhem...eu até vos ofereço isto,  ...na compra deste merdilhoso conjunto de cobertores, ofereço-vos este merdilhoso faqueiro, ....esperem, esperem, eu gosto muito de vocês, vocês são a minha vida, são vocês que me vão encher os bolsos, aqui vai mais este roupão para as noites frias do Verão, e ...prontos, que importa, mais este conjunto de toalhas e guardanapos, para limparem as beiças, que eu e a Cava, bem sabemos o que isso não...é.

Tomem lá umas canetinhas com o nome do Vitorino, que esse gajo quer ser o novo Sócrates do PS....acheguem-se, acheguem-se....Image

 
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De Luísa Correia a 25.06.2010 às 23:56

Com todos os defeitos para mim inerente à condição de político, há um mundo de conhecimento que separa essas duas personagens, sem dúvida nenhuma. A
primeira, por formação académica e por experiência, sabe do que fala. A segunda,
por ambição cega e genuína mediocridade intelectual, não faz a menor ideia.



 

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De Q a 26.06.2010 às 00:07

Pode ser tudo o que diz na posta; mas levar 5 anos para descobrir aquilo que qualquer não economista sabe desde sempre, além disso ignorando estar na presença de uma "péssima moeda" não são boa recomendação.

Entre a convicção que há 2 abéculas candidatos a PR e a certeza de que este não presta, a abstenção será a única posição a tomar em consciência.
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De Anónimo a 27.06.2010 às 11:04

Sem dúvida! Alguma vez eu me desloco para ir votar em TRAMPA? Pois se me afasto desta, iria agora ao encontro da mesma?

A abstenção merece um análise diferente daquela que tem sido feita até aqui. O abstencionismo tem de ser visto como uma realidade com uma origem bem identificada, que não se chama desinteresse, praia ou «estou-me borrifando para quem vai para lá».
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De Velho da floresta a 26.06.2010 às 00:27

No plano académico o primeiro sinistro até tem razão, as obras publicas podem ser dinamizadoras de certo tipo de crescimento económico , tanto por elas, como pelos efeitos multiplicadores delas emergentes, infelizmente e como muito bem sabemos esse não é o caso das que ele refere. O homem é um perfeito logro, perdido na incapacidade de reconhecer os erros cometidos, pior persistindo neles, infelizmente isso também já sabemos, que teremos que o suportar até meados do próximo ano, tudo indica que também isso será verdade, a continuidade das famosas obras publicas, isso já é outra coisa, pois o actual parlamento na sua composição, permite que iniciativas concertadas da oposição as anulem, ou pelo menos as impeçam de realizar no pequeno/médio prazo, aguardemos. Quanto a Aníbal Silva, só quem não o conhece pode pensar em considera-lo como um estadista consciente, puro engano, o senhor Aníbal Silva é apenas mais um politico que sabe muito bem os terrenos que pisa, e actualmente esta é a atitude que lhe convém, no futuro próximo iremos assistir ao senhor Silva, a por água na fervura e acalmar a agitação politica em nome da estabilidade e da reeleição.
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De Cristina Ribeiro a 26.06.2010 às 01:00

Bem...; entre os dois, eu escolheria, um terceiro. Quer um quer outro, enquanto detentores do cargo de Primeiro Ministro, têm muitas culpas no " insustentável " em que isto se tornou.
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De Ana Gabriela a 26.06.2010 às 21:15

José


Estou de acordo com os dois comentadores que lamentam não ter candidato presidencial.
A abstenção é a alternativa que fica.
Ana
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De PMatos a 28.06.2010 às 00:39

Permita-me duas questões:

1) falou em "político sério"... referia-se a quem?!

2) "unanimidade dos economistas"... será que não quereria escrever "unanimidade dos economistas afectos à direita do espectro partidário português"?
É que unanimidade significa o que é "proveniente de todos" e não foi isso que se viu quando o Presidente da República concedeu uma audiência a ex-ministros das finanças de governos PSD, anunciantes da desgraça e ainda a zangados por lhes terem mexido nas pensões vitalícias que auferiam...

agradeço os esclarecimentos.

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