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Tenho poucas razões para gostar de futebol e menos ainda para ser do Sporting: o verdadeiro amor a um clube, ao contrário do que nos querem impingir alguns betinhos pseudo-intelectuais, pouco deve à razão, tão pouco se fundamenta em atributos técnico-tácticos e menos ainda se inspira em preconceitos heráldicos ou cromáticos. A motivação dum adepto saudável é exclusivamente do foro emocional e prende-se mais a cegas paixões do que a nobres sentimentos: o que seria da competição e dos estádios de futebol sem uma distribuição mais ou menos equitativa pelos fãs de fortes doses de dor de cotovelo ou mais acima na cabeça? Uma tristeza.
Vem toda esta teoria ao caso por causa da ameaça que paira sobre os doridos cotovelos e cabeças de meio Portugal, a conquista do campeonato pelos lampiões que já não há quem os ature. O incauto leitor estará já provavelmente a julgar-me mal: até tenho uma boa capacidade de encaixe, quem vai à guerra dá e leva, e habituado estou eu a causas perdidas, tenho calos de lidar com doses razoáveis de frustração ou outros sentimentos mais rasteiros. O problema é que por baixo da casa onde eu moro está um bar de fervorosos lampiões que há meses vêm ameaçando as fundações do prédio com uma crescente e diabólica euforia e desumana gritaria. Com a ajuda do bom tempo começaram já a organizar grelhados na esplanada, tornando a atmosfera literalmente irrespirável: o palavrão ferve como num estádio e a berraria potenciada pela cerveja entra-nos casa adentro, ameaçando o ambiente de elevação que gostaríamos de manter numa saudável família de bem.
Podem imaginar os prezados leitores como foi a última experiencia do género: uma semana depois de levar com a maralha a festejar aos urros os golos do CSKA de Moscovo na final da taça Uefa, não consegui dormir com a farra que durou a noite inteira a festejar o título alcançado com Trapattoni. Perdi uma festa e ganhei uma ressaca.
Estamos hoje na iminência de mais um grave atentado ambiental. No Sábado passado, enquanto a maltosa exultava sordidamente no estádio da luz e pelas ruas de Lisboa e arredores, graças a um caridoso convite exilei-me em S. Carlos para enobrecer a minha alma perdida com Mozart e as Bodas de Figaro. Mas o caso pia mais neste fim-de-semana, principalmente no Porto onde o Benfica poderá sagrar-se campeão numa inédita e abominável humilhação aos Andrades. Para além dum blackout informativo fácil de empreender, eu ainda não arranjei um desterro condigno que me garanta sossego, não sei ainda como escapar… mas já não me faltam ganas para uma requintada vingança na próxima época.
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